Skatista desde as fraldas, Giovanni Vianna vai à glória com ouro na SLS
Giovanni Vianna ainda usava fraldas quando começou a se tornar skatista. Foi o pai que deu ao garoto de 2 anos seu primeiro skate, e viu algo diferente ali. "Ele subiu no skate e a postura dele não era de uma criança que queria só um brinquedo. Já tinha uma postura em cima do skate", conta Valcir Vianna, abraçado ao mais importante troféu da coleção do filho, de campeão da SLS, a Street League Skateboarding.
O título veio ontem (3), no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, a 30 km do Jardim Guarará, bairro de Santo André onde Gio nasceu. Por isso, toda a galera dele estava presente para celebrar a conquista.
A taça, dourada, vai para a coleção que seu Valcir diz ser composta por mais de 500 troféus, e que começou há quase 18 anos. "Quando ele tinha 4 anos, a gente foi para o Paraná para ele participar de uma competição. Ele ficou em oitavo na categoria dele. No ano seguinte, em fevereiro, com 5 anos, já começou a ficar entre os três primeiros, e nunca mais parou".
Dores para crescer
Esse histórico de conquistas teve alguns hiatos. Aos 14, quando era um garoto de inconfundível cabeleira ruiva e já se destacava na cena amadora, Giovanni relatou dores noturnas e descobriu, em uma consulta médica, que aquilo eram os ossos dele crescendo. Este ano, aos 22, voltou a sofrer com o problema. "De janeiro para cá, ele cresceu 4 centímetros. Ele era 1 cm mais baixo que eu, e agora está 3 cm mais alto", explica o pai.
O brasileiro sentia essas dores quando foi 15º no Mundial de Sharjah (Emirados Árabes Unidos), em fevereiro, e sexto nos X-Games, em julho. Ele só deslanchou na temporada em setembro, quando foi bronze na etapa da Suíça do ranking olímpico e ganhou o STU de São Paulo.
Uma evolução que está relacionada ao crescimento, segundo o pai, e a uma maior confiança, segundo o filho. "Eu acabei ficando mais tranquilo esse ano, porque estava nesses três últimos anos de lesão. Acabei fazendo a cirurgia (de LCA do joelho) depois das Olimpíadas e esse ano todas as minhas inseguranças em cima do skate saíram e eu voltei a ser quem eu era antes", explica. A lesão ocorreu em 2020 e ele não estava na melhor forma durante os Jogos de Tóquio, no ano seguinte.
O que vem pela frente
Agora, vai voltar à capital japonesa para participar do Campeonato Mundial da World Skate, daqui a duas semanas. O torneio distribui um caminhão de pontos para o ranking olímpico, no qual Giovanni é o décimo colocado. Na corrida interna brasileira, Kelvin Hoefler é o quarto e, Felipe Gustavo, o 19º. Filipe Mota, em 34º lugar, corre por fora — são três vagas por país, no máximo.
Apesar da proximidade de datas com o Mundial, o Super Crown, que historicamente é tido como o evento mais importante do calendário do street, contou com a maior parte dos melhores do mundo. Para chegar à final, Giovanni precisou eliminar os norte-americanos Nyjah Huston e Chris Joslin (segundo e 11º do ranking mundial), no sábado. Na final, disputou ponto a ponto contra o português Gustavo Ribeiro (terceiro) e o parceiro e rival Vincent Milou, francês, 13º do mundo.
"Espero chegar o Natal logo, o Ano Novo, para dar uma descansada. Foi bem difícil. Estou muito feliz, mas ainda não caiu a ficha. Sinceramente, não estava programando ganhar este [campeonato]. Eu não sei o que a gente vai fazer. Eu sou bem tranquilo, e isso acabou deixando as coisas mais naturais. Vou vivendo um dia atrás do outro, e o que for para ser vai ser."
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