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Influenciador é condenado e paga R$ 45 mil por crítica à São Silvestre

A Fundação Cásper Líbero conseguiu na Justiça o bloqueio de mais de R$ 45 mil das contas de um influenciador que, em 2010 e 2011, promoveu protestos criticando a organização da Corrida Internacional de São Silvestre pela distribuição antecipada de medalhas e pela mudança de local da chegada, da avenida Paulista para o obelisco do Ibirapuera.

Antônio Colucci, do blog "Sempre Correndo", faz uma vaquinha virtual para arrecadar o valor, enquanto denuncia o que considera uma perseguição. Procurada, a Cásper não quis comentar.

"Esse processo é algo totalmente pessoal. O organizador da maior corrida do país quis mostrar sua força e calar os críticos, ameaçou os manifestantes, ameaçou corridas do interior que homenageavam o santo e culminou com esse processo acusando nosso treino/manifestação de ser uma corrida oficial com o nome do santo padroeiro dos corredores. O senhor Cásper Libero e o santo Silvestre devem ter muita vergonha dessa atitude que tiveram usando os nomes deles", diz o influenciador, usando do mesmo sarcasmo que iniciou a confusão.

Colucci foi condenado sem nunca ter dado um depoimento à Justiça. O crime dele foi ter realizado dois treinos prévios à São Silvestre, desses que ocorrem às dezenas todos os anos no trajeto da corrida, com o nome de "São Silvestre Cover".

Na primeira edição, em 2010, cerca de 200 pesoas, que se organizaram pelo Orkut, percorreram o trajeto da prova no domingo anterior à São Silvestre utilizando narizes de palhaço. Eles protestavam contra o fato de a Fundação Cásper Líbero, organizadora da corrida, ter decidido entregar as medalhas antes da prova, e não mais após ela. Assim, bastava se inscrever para ser premiado por tê-la concluído.

"Pegar a medalha depois da prova tem todo um simbolismo. Só precisa ter organização para que esta operação seja feita com eficiência. Agora, a medalha não tem mais valor. Nunca vi isso antes", disse Colucci, ao Globo, na época, em uma das muitas matérias que repercutiram o protesto.

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Imagem: Tião Moreira

No ano seguinte, o grupo voltou a protestar, desta vez pelo fato de o trajeto da corrida ter sido alterado, com a chegada saindo da Paulista, para não atrapalhar as preparações para o Show da Virada, e indo para o Obelisco. O protesto foi um treino aberto, no trajeto tradicional, na calçada, em uma quarta-feira de manhã, com parte do grupo tendo se cotizado para produzir uma camiseta, que incluía o nome "São Silvestre Cover".

Foi a deixa para a Fundação Cásper Líbero ir à Justiça, cobrando R$ 200 mil de Colucci, apontado como organizador, pelo uso da marca "São Silvestre". A Justiça não só o condenou em primeira instância como exigiu que ele não voltasse a realizar a São Silvestre Cover em 2012. A decisão acabou com a possibilidade de novos protestos.

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"Todos os anos todo mundo faz simulado de São Silvestre. Se você for na Paulista no próximo domigno, vai ter vários. É treino entre amigos, para conhecer o percurso. Eu organizei um monte desses, para recolher comida, roupa, doação. Cada um faz o percurso que quiser, e todo mundo se encontra na Paalista no fim. Quando fiz o protesto, era um treino desse. Os caras cataram isso que a gente chamava de São Silvestre Cover e usaram isso pra querer me ferrar, porque a gente só estava discutindo chegada na Paulista", alega Colucci.

Ele afirma que a São Silvestre Cover era um protesto, não uma corrida, como reclama a Cásper Líbero. "Eu nunca organizei uma corrida. Corrida tem que ter número de peito, largada, chegada, cronômetro, segurança, polícia, CET, fechar a cidade. É impossível fazer uma corrida. A gente só fez um treino na rua, qualquer um pode treinar na rua."

Os protestos fizeram efeito. A São Silvestre logo descartou a iniciativa de entregar medalhas antes da prova e retomou o trajeto com largada e chegada na Paulista. Mas a condenação contra Colucci permitiu à Fundação acionar outras corridas que usavam o nome de São Silvestre — santo do dia 31 de dezembro — para que deixassem de usá-lo. A São Silvestre Joseense virou "Corrida da Virada Joseense". A de Avaré virou "Corrida Elias Award". A de Brotas, "Corrida da Virada".

Em segunda instância, Colucci, um contabilista que era defendido pelo próprio pai, conseguiu somente a redução da multa: de R$ 200 mil para R$ 10 mil. Ele ainda recorreu ao STJ, em Brasília, que não aceitou o caso. Quando o pai e advogado, João Colucci, morreu, em 2019, o entendimento era de que a Fundação Cásper Líbero havia desistido da execução. Em 2021, porém, o processo foi retomado, e o influenciador não se defendeu. "Eu não tenho dinheiro para pagar advogado. Já não tenho dinheiro para pagar o processo. Se pagasse advogado, ainda ia pagar duas vezes."

No mês passado, após Colucci conseguir vender um terreno que o pai deixara de herança, veio a execução. "As pessoas falavam para eu botar o dinheiro em outro lugar, tirar da minha conta, mas eu não sou bandido para precisar esconder o que é meu", alega ele, que segue atuante como influenciador de corrida e apresenta o programa Resgate da História do Atletismo Brasileiro.

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