Olhar Olímpico

Olhar Olímpico

Siga nas redes
ReportagemEsporte

PanAm contradiz COB, e Brasil deve perder ouro do Pan por doping

O Brasil deverá perder a medalha de ouro conquistada na prova masculina por equipes de taekwondo nos Jogos Pan-Americanos de Santiago. Membro daquele time, Edival Pontes, o Netinho, foi suspenso por doping e teve anulados os resultados obtidos desde setembro, o que incluiu o Pan.

Ontem (27), ao confirmar o caso em mensagem ao Olhar Olímpico, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) disse que, apesar da suspensão, que faria Netinho devolver a medalha, o resultado por equipes não seria retirado do Brasil. Isso significa que o país seguiria como campeão daquela prova, com 66 medalhas de ouro no quadro, e com os outros integrantes do time (Paulo Melo e Maicon Siqueira) premiados.

Mas a PanAm Sports, organizadora do Pan, que não havia sido informada da suspensão até a publicação da reportagem por esta coluna, contradisse o COB, afirmando que a medalha do Brasil será, sim, cassada.

"A Panam Sports ainda não foi notificada desse doping positivo. Uma vez feito oficialmente, é fato que [o Brasil] perderia a medalha. Pelas regras do Mundial de Taekwondo, uma vez notificada a Panam Sports, o Brasil perderia a medalha por equipe", afirmou a assessoria de imprensa da PanAm Sports.

A discussão mora no conceito de prova coletiva. No Pan de 2019, por exemplo, o jogador de vôlei brasileiro Rodriguinho caiu no doping, mas a medalha de bronze do Brasil não foi cassada. Isso porque não há anulação do resultado em caso de doping individual de um atleta em uma competição coletiva.

Por outro lado, há diversos casos de medalhas cassadas em revezamentos, no atletismo e na natação, quando um atleta é pego no doping. O Brasil mesmo ganhou duas medalhas olímpicas de bronze em Pequim-2008 nos 4x100m masculino e feminino do atletismo, por casos de doping nos times de Jamaica e Rússia, respectivamente.

Como é no taekwondo?

A prova por equipes de taekwondo, que o Brasil nunca havia disputado em qualquer nível até o Pan, é uma espécie de revezamento. Cada equipe tem três lutadores, e eles se revezam enfrentando os três componentes do outro time em uma luta única. Nisso, se assemelha às provas de revezamento.

Mas o conceito de "esporte coletivo" no código antidoping cita "a possibilidade de substituição durante a prova". É algo que não é possível em outras competições por equipes, incluindo os revezamentos, mas sim em basquete, vôlei, futebol, etc. No taekwondo, os atletas entram e saem da área de luta, sendo "substituídos" o tempo todo. Obrigatoriamente, porém, todos os três precisam lutar. Não há, assim, "reservas", somente titulares.

Continua após a publicidade

À coluna, hoje (28), informado do posicionamento da PanAm, o COB disse que "a PanAm Sports tem a prerrogativa acerca da decisão a respeito da distribuição de medalhas dos Jogos Pan-Americanos" e que "aguarda posicionamento da entidade para avaliar como irá proceder."

O ouro com a equipe masculina foi a única medalha dourada conquistada pelo Brasil no taekwondo do Pan, com uma vitória avassaladora sobre o Chile na final, por 48 a 16. Se ela for cassada, o Brasil cairá de 66 para 65 de ouro no quadro, ainda bem à frente do México, que ganhou 52. No total, seguiria acima de 200, com 204.

Mas, para o Chile, o ouro herdado faria toda a diferença. Os chilenos ganharam 12 de ouro em casa, um desempenho frustrante para quem organizou o torneio, pior do que na edição anterior, em Lima-2019. Com o 13º ouro, o que iria para os livros de história seria a versão de que o Chile, em casa, foi melhor do que quatro anos antes. Em Lima, foram 13 de ouro e 19 de prata. Em Santiago, seriam 13 de ouro e 30 de prata. A PanAm é presidida pelo chileno Neven Ilic.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes