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Esquiador é o maior 'reforço' da história olímpica do Brasil

Mudanças de nacionalidade esportiva fazem parte do esporte olímpico há muitas décadas, e são cada vezes mais comuns no mundo globalizado. Afetam positiva e negativamente todos os países. Mas nunca uma transferência do tipo teve potencial de causar tanto impacto no Brasil quanto a naturalização do esquiador Lucas Pinheiro Braathen.

Filho de uma brasileira e um norueguês que se conheceram quando sentaram lado a lado em um voo, Lucas nasceu em Oslo e sempre teve residência na Noruega. Mas tem passaporte brasileiro desde o nascimento, fala português, e desde sempre demonstrou interesse em defender as cores verde-amarela.

Isso foi revelado ainda em 2020, por ele, a este colunista, quando Lucas ainda era um garoto estreando em Copas do Mundo de Esqui Alpino. "Eu ia amar esquiar com o Brasil no coração. Eu tenho amor pelo Brasil", contou. Está tudo registrado aqui.

Essa vontade, somada a conflitos com a federação norueguesa de esqui, a mais rica e vitoriosa da modalidade, fizeram Lucas primeiro anunciar uma "aposentadoria" na véspera do início da atual temporada na neve. Antes de a temporada acabar, anteontem ele confirmou que defenderá o Brasil a partir do circuito de 2024/2025. Com a Noruega não vai colocar dificuldades, ele não precisará cumprir nenhum tipo de quarentena, exceto se for da vontade da Federação Internacional (FIS), o que não parece ser o caso.

Poderá brigar pelo título da próxima temporada da Copa do Mundo, disputar o Campeonato Mundial e, naturalmente, se classificar para disputar as Olimpíadas de Inverno de 2026, na Itália. Campeão da Copa em 2022/2023 na prova de slalom e quarto no slalom gigante, tem um potencial enorme para buscar coisas também enormes para o esporte brasileiro.

Em um passado recente, o Brasil também teve outras naturalizações relevantes. Felipe Perrone havia estado na seleção ideal de duas Olimpíadas pela Espanha antes de aceitar voltar a defender o Brasil no polo aquático — depois retornou à seleção espanhola e a levou ao título mundial como MVP do torneio.

Nathalie Moellhausen, neta de brasileiros, parecia já ter vivido o auge da carreira na esgrima e tinha as portas fechadas na seleção italiana quando passou a defender o Brasil, também no ciclo para a Rio-2016. Pelo Brasil, ganhou um inédito título mundial em 2019, mas passou em branco em duas Olimpíadas. Em Paris, terá a terceira e última chance.

Na França, o Brasil também deverá ter a volta de Luciana Diniz, 53, amazona que foi a Pequim-2008 pelo Brasil, disputou três Olimpíadas por Portugal, foi décima colocada em Tóquio-2020, e já vem fazendo diferença na equipe brasileira de saltos depois que mudou de novo sua nacionalidade esportiva.

Ainda assim, Lucas é um reforço de mais impacto no Time Brasil. Aos 23 anos, tem pelo menos mais três Olimpíadas pela frente. E, pelo que é padrão no esqui alpino, o auge da carreira de um atleta na modalidade acontece ao redor dos 30 anos.

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Mais do que o potencial de ganhar uma medalha olímpica inédita nos Jogos Olímpicos de Inverno, Lucas oferece ao Brasil a chance de ocupar espaço como protagonista no esporte de neve, justamente em um momento em que o país tem um medalhista da Olimpíada da Juventude (Zion Bethonico, no snowboard cross) e uma campeã mundial júnior que trocou os EUA pelo Brasil (Sabrina Cass, do moguls, filha de brasileira). Além disso, Nicole Silveira recentemente conquistou o 13º lugar no Mundial de Skeleton, melhor resultado da história do país em um Mundial no gelo.

É uma soma de fatores, muito potencializada pela chegada de Lucas, que vai reforçando o peso do Brasil nos esportes de inverno. Não que isso tenda a causar grande impacto na prática de esporte dentro do país (não temos neve, afinal), mas ajuda a amadurecer o status do Brasil como um candidato a potência olímpica, e traz um repertório novo ao COB.

Lucas já tem toda a estrutura para disputar Copas do Mundo de Esqui, evento importantíssimo do esporte mundial que o Brasil nunca passou perto. É uma chance que o COB e a CBDN têm que agarrar com a maior força possível.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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