Gustavinho se nega a demitir assistente e deixa a seleção de basquete
A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) causou surpresa ao anunciar nesta quarta-feira (17) a demissão do técnico Gustavo de Conti, a 70 dias do Pré-Olímpico. Oficialmente, a entidade disse que a decisão foi tomada "em comum acordo".
Aleksandar Petrovic, que treinava a equipe até 2021, é o favorito a voltar. Sob o comando dele, o filho do principal dirigente da CBB, Marcelo Pará, recebeu uma chance na seleção enquanto jogava a terceira divisão da Itália. O croata deixou o cargo depois exatamente de falhar em um Pré-Olímpico.
Gustavinho vinha sendo frito desde o Mundial do ano passado, quando ficou perto da vaga olímpica. Terminou em último do grupo na segunda fase, mas teria avançado se o Canadá não tivesse virado sobre a Espanha no finalzinho da partida entre eles.
O estopim para a saída dele, porém, foi uma ordem para dispensar um dos seus assistentes técnicos, Vitor Galvani (conheça), por um trabalho ruim (na entender da CBB) no Mundial Júnior, quando a seleção foi 11ª colocada.
Galvani era o único dos assistentes escolhidos pelo próprio Gustavinho, que se recusou a cumprir a ordem de Marcelo Pará, espécie de CEO da confederação — ele é melhor amigo de Guy Peixoto, que comanda a entidade à distância. Pará então pediu que o diretor técnico Diego Jeleilate informasse Galvani de sua demissão, o que também foi recusado.
A briga foi o estopim para o fim do trabalho em "comum acordo", como informou a confederação. Cada um dos lados, porém, tem versão diferente sobre como se deu esse fim da relação, e de quem veio a opção.
Mas a relação já não era boa desde o Mundial. Naquela competição se acentuaram os problemas de relacionamento entre o treinador e alguns jogadores do elenco, e a não conquista da vaga frustrou tanto Gustavinho quando a diretoria da confederação.
No compromisso seguinte do Brasil, dois jogos contra o Paraguai pelas Eliminatórias da Copa América, Gustavinho não treinou a equipe, mas sim seu auxiliar, Helinho. Na época, a explicação dada para a ausência do treinador "titular" era que Gustavo estava concentrado na preparação para o Pré-Olímpico.
Ali, já existia um desconforto entre a diretoria da CBB, mas a confederação não tinha opções para colocar no lugar de Gustavo. Os principais técnicos do país são próximos a ele e já faziam parte da comissão técnica, como Helinho e Demétrius.
Além disso, há uma questão financeira. Gustavo, assim como o técnico da feminina, José Neto, não era contratado pela confederação, não recebia salário. Aceitava a situação por ser brasileiro, pelo sentimento de missão, algo que em tese não haveria com um treinador estrangeiro.
Agora o Brasil está sem treinador. E tem pela frente um Pré-Olímpico, a partir de 2 de julho. Com os primeiros jogadores de ponta saindo do NBB, que chegou ao mata-mata, os treinamentos poderiam inclusive já começar. Para o lugar de Diego Jeleilate já foi anunciado Victor Mansure.
Deixe seu comentário