Confederação de hipismo acusa campeão do Pan de maus-tratos; cavaleiro nega
A Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) e outras três entidades informaram na quinta (25) que solicitaram à polícia civil de São Paulo que investigue por maus-tratos a animais o cavaleiro Marcello Artiaga, que foi campeão pan-americano em 1991 com a seleção de saltos.
Marcello foi filmado, antes de um GP cinco estrelas no dia 14 de maio, "escovando a coroa do casco" do cavalo Imperador Método, que pertence a ele e viria a ser montado naquele dia pelo sargento do Exército Paulo Brasileiro Miranda.
De acordo com a CBH, a federação paulista, a associação de criadores e a Sociedade Hípica Paulista (SHP), onde aconteceu a competição, Marcello usava um produto "supostamente não permitido". A hipótese é de que seria uma substância para causar hipersensibilidade na pata, o que estimularia o animal a saltar mais.
Procurado pelo Olhar Olímpico, ele negou. "É um produto de uso humano que não contém nenhum principio ativo de substância controlada ou banida pelo regulamento da FEI ou da CBH. Portanto, é permitido. Agora eu não posso fazer massagem com produto que não tem substância proibida? É um produto que ativa circulação e provoca sensação de alívio de dor, é o contrário de maus-tratos", disse Artiaga. Segundo ele, o cavalo tem um problema ósseo no casco, comprovado por diversas radiografias.
O vídeo que vem causando polêmica foi gravado fora da área de isolamento da competição, uma das mais importantes do país, com premiação de R$ 60 mil, e apresentado ao júri da prova, que solicitou exames adicionais após a apresentação.
A nota conjunta das entidades diz que esses exames, de termografia e apalpação, constataram sensibilidade na pata anterior direita. Artiaga contesta esta informação. Diz que a apalpação deu resultado anormal no primeiro teste, mas que a contraprova solicitada por ele e prevista no Regulamento Veterinário da CBH deu negativo.
"Se um jogador de futebol testa positivo num exame antidoping, abre a contraprova e dá negativo, a CBF vai denunciá-lo? Claro que não", reclama Artiaga, que filmou pessoalmente este segundo exame.
Também foi realizado um exame antidoping, cujo resultado ainda não foi divulgado. O medalhista do Pan tem certeza que o resultado será negativo e critica a CBH por denunciá-lo antes mesmo da divulgação desse resultado.
Na nota divulgada ontem, a confederação disse que o cavaleiro (sem citar o sargento) foi desclassificado do torneio com todos os cavalos que participou e que a Federação Equestre Internacional (FEI) foi comunicada do caso. Além disso, foi requerida a instauração de um inquérito policial na Divisão de Investigação de Maus-Tratos a Animais.
Reportagem
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