Governo lança programa para formar atletas, mas depende de emendas
O Ministério do Esporte lançou na semana passada o primeiro grande programa da pasta no governo Lula 3 (PT), o Revelar Talentos, voltado à formação de atletas de alto rendimento. A perenidade dos núcleos, porém, hoje depende dos interesses de deputados e senadores.
Responsável pelo programa, a Secretaria de Esporte de Alto Desempenho (SNEAR) tem só R$ 4,4 milhões de orçamento discricionário para 2024, além de mais de R$ 1 milhão contingenciado. Com essa verba, serão abertos entre oito e 10 núcleos ainda este ano. Os demais virão de emendas parlamentares.
"Já temos sete núcleos decididos discricionariamente por causa das regiões do país. A gente tentou distribuir priorizando principalmente a região Norte, que não tinha nenhum núcleo de base de alto rendimento, nem pelo ministério nem por outras vias. O restante dos recursos veio através da nossa ação orçamentária, com as emendas impositivas de senadores e deputados federais", diz a secretária Iziane Marques, ex-seleção de basquete.
O programa nasce refém do Legislativo. Um núcleo aberto este ano com recursos de uma emenda pode fechar no ano que vem, se o deputado ou senador que destinou a verba tiver outra prioridade em seu mandato. Ainda assim o Revelar Talentos visa "identificar jovens atletas promissores e os apoiar no desenvolvimento, desde seu início até o ápice".
"Um dos meus trabalhos aqui é justamente convencer os parlamentares também a destinarem recursos para essa dotação orçamentária, para que a gente possa, a partir daí, de repente até criar um edital ou distribuir de uma forma melhor esse recurso para todas as regiões do país, Mas a gente fica suscetível à política e a como ela funciona", reconhece Iziane.
O plano inicial era abrir um edital, mas com pouco recurso disponível, o processo de seleção demandaria uma força de trabalho que a SNEAR não tem. O núcleos então serão definidos pela própria secretaria, a partir de parcerias com estados, municípios e universidades, além de gestores do legado olímpico.
Modernização
O projeto é uma modernização do "Núcleos de Base", lançado durante o governo Jair Bolsonaro (PL), que também visava à criação de núcleos espalhados pelo país, voltados à base, com recursos originários tanto do orçamento da SNEAR quanto de emendas parlamentares.
Na época, foram anunciados 17 núcleos em Teresina (badminton), Salvador (basquete 3x3), Brasília (saltos ornamentais), Niterói (surfe), Lauro de Freitas (judô), Ibiúna (beisebol), Indaial (handebol), São Paulo (curling), Rio de Janeiro (remo, polo aquático e vela), Aracaju (ginástica rítmica), Limeira (3x3), São Gonçalo (handebol), Uberlândia (vôlei de praia), São José dos Campos (rúgbi) e Curitiba (escalada). Os anúncios foram em três etapas, somando R$ 13 milhões.
Agora a promessa é de um investimento de pelo menos R$ 9,1 milhões em 2024, com a abertura de 25 núcleos por região do país até 2027, sendo 15 deles este ano. O Núcleos de Base serviu de base, mas foi modernizado com a definição de eixos mais amplos e definidos, e uma alteração no público-alvo, de jovens entre 12 e 18 anos para atletas até 21, equipe técnica, gestores, profissionais e pesquisadores.
"O esporte ainda não alcançou o patamar que deveria no nosso Brasil. Ele está vindo de uma reformulação, de uma secretaria especial de volta para o ministério, então a gente entende que tudo isso é uma construção, mas é um trabalho também, para que a gente possa ser prioridade, para que o esporte realmente tenha o valor necessário dentro da nossa sociedade", completa Iziane.
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