Tandara joga 'Brasileiro Master' e pode ter pena por doping dobrada
A oposta Tandara jogou e foi campeã do "Brasileiro Master", disputado em Santos (SP) e encerrado na última terça-feira (30). O caso é investigado pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) como uma possível infração à suspensão aplicada em maio de 2022.
Caso haja o entendimento de que Tandara não poderia disputar esta competição, já que está suspensa até 2025, a punição dela poderia ser dobrada, de quatro para oito anos, terminando em 2029. Procurada pela coluna, Tandara disse que levaria o caso ao seu advogado, mas não retornou depois o contato, feito na quinta-feira (2) no começo da tarde.
O torneio, um dos mais tradicionais do país na "várzea" do vôlei, é organizado pela Associação Nacional de Esportes e não tem relação com a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Mas Tandara pode ser implicada por jogar ao lado de profissionais, dentro de clubes, em um torneio bancado por recursos públicos.
Ela jogou o Brasileiro Master na categoria principal, 30+, defendendo o RS Voleibol, ligado ao pastor Waldomiro Santiago. A filha dele, Raquel Santiago, também pastora evangélica, é a capitã e 'dona' da equipe que treina no Ginásio José Liberatti, onde o Osasco manda suas partidas na Superliga, e conseguiu atrair nomes de peso para a equipe.
O time de Tandara tinha a levantadora Fabíola, que anteontem foi anunciada como reforço do Mackenzie para a Superliga, a central Nati Martins, que foi companheira dela no Recife Vôlei na Superliga B, e a ponteira Mari Blum, que disputou a Superliga A por São Caetano.
O curioso é que tanto Fabíola quanto Mari Blum estão processando o "Instituto Tandara Caixeta" depois de jogarem o Paulista pelo time da ONG e não receberem os vencimentos combinados. Tandara vem alegando que não tem relação com o instituto que leva seu nome e é presidido pelo marido dela.
De acordo com a ABCD, "o atleta em cumprimento de suspensão não poderá treinar com outros atletas ou usar instalações de clubes e outros filiados de signatários do Código Mundial Antidopagem".
Caso nas mãos da ABCD
Há farta documentação de imagem, nas redes sociais, de Tandara treinando no Liberatti e jogando com pelo menos três atletas profissionais em seu time. O RS, o torneio e a própria Tandara produziram essas provas que agora podem ser usadas contra ela.
O código antidoping também veda a participação de atletas suspensos em "qualquer evento nacional financiado por órgãos públicos". O site do torneio diz que o Master foi patrocinado "por meio do Programa Municipal de Incentivo Fiscal e Apoio ao Esporte (Promifae)" e "contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Santos, através da Secretaria de Esportes."
Além disso, a final ocorreu no Clube de Regatas Internacional, que é filiado a diversas federações estaduais — o Finkel de Natação de 2022, por exemplo, foi lá. Uma atleta suspensa por doping não pode participar de atividades esportivas que tenham qualquer relação com clubes filiados a entidades signatárias.
Essas regras são bem conhecidas no meio esportivo, especialmente entre quem cumpre suspensão por doping. Rafaela Silva, por exemplo, não pôde nem treinar jiu-jitsu durante sua punição e, proibida de frequentar clubes, mantinha a forma frequentando academias comerciais.
A ABCD já abriu uma investigação para averiguar se a participação de Tandara se enquadra em alguma das vedações do artigo 165 do Código Brasileiro Antidoping, que cita essas proibições de relação com clubes, atletas e entidades sujeitas ao código. Comprovada a violação, o processo será encaminhado para o TJD-AD, para processamento e julgamento.
Se condenada, Tandara pode receber nova suspensão pela mesma duração do período original, a ser cumprida após o término do cumprimento do período original. Ou seja: ela poderia precisar cumprir mais quatro anos de gancho, entre 2025 e 2029.
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