Newsletter: A péssima seletiva olímpica da natação brasileira
Esta é parte da versão online da newsletter Olhar Olímpico enviada hoje (14). A newsletter completa fala também de atletismo, ginástica rítmica e outros ótimos resultados do Brasil. Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu e-mail, na semana que vem? Clique aqui e se inscreva na newsletter. Para conhecer outros boletins exclusivos, assine o UOL.
****
Por qualquer ótica que se observe, a seletiva olímpica de natação do Brasil foi péssima. Apenas três atletas nadaram abaixo do índice e, se não fosse a tal salvaguarda, exceção que virou regra, a equipe seria minúscula.
No fim, terá oito atletas nadando provas individuais e dez exclusivos de revezamentos.
Guilherme Costa e Maria Fernanda Costa têm o mesmo sobrenome e o mesmo programa individual: 200m livre, 400m livre e 800m livre, ainda que Cachorrão não pretenda nadar a mais longa. Outro Guilherme, o Caribé, estará nos 50m e 100m livre. Os três têm boas chances de finais e sonham com medalhas.
Marcelo Chierighini (100m livre), Nick Albiero (200m borboleta), Gabi Roncatto (400m livre) e Beatriz Dizotti (1.500m livre) nadarão uma prova individual, cada.
É muito pouco, e é também o reflexo de um momento muito ruim da natação brasileira, especialmente a masculina. De uma só vez, a "geração Pequim" (dos que completaram 20 anos no ciclo para os Jogos de Pequim) chegou ao fim, a "geração Londres" (Fratus, Chierighini e Leo de Deus) deixou de ser bola de segurança, e a do Rio (Gabriel Santos, Luiz Altamir) esgotou.
Mas o grande problema é que a boa "geração Tóquio" (Pedro Spajari, Fernando Scheffer, Vinicius Lanza, Caio Pumputis, Breno Correia) já vem em uma descendente acentuada de resultados, com exceção óbvia de Guilherme Costa. Dos outros oito nadadores nascidos entre 1997 e 1999 que conseguiram vaga na Olimpíada de Tóquio, só dois, pelo revezamento, vão voltar. E com tempos sensivelmente piores do que tinham.
Não é que eles perderam para os mais novos, um ciclo natural. Perderam para eles mesmos, para o relógio. A seletiva foi onde os treinadores quiseram, em uma estrutura horrível para a televisão, longe do público, para ter altitude zero, nenhuma influência do vento, temperatura sob controle... e os tempos passaram longe do que já foram.
Muito é culpa dos clubes. Basta ver que quase toda a seleção treina longe deles. Metade do time, no Maria Lenk: Mafê, Roncatto, Dizotti e Scheffer, com Fernando Possenti, Giovana Reis, Cachorrão e Maria Paula Heitmann, com Kafu. Ana Vieira e Guilherme Basseto, com Felipe Domingues, em São Paulo.
Quatro estão nos EUA (Stephanie, Caribé, Murilo Sartori e Kayky Mota) e, dos que fizeram índice individual, só Nick Albiero treina dentro de um clube, o Minas — depois de uma vida toda nos EUA, literalmente. Contando com ele, são só cinco atletas do sistema clubístico na Olimpíada, um fracasso retumbante.
****
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.