Joanna lidera nova rede global de apoio a atletas vítimas de abuso
Duas brasileiras, uma delas a ex-nadadora olímpica Joanna Maranhão, estão à frente da Athletes Network for Safer Sports (Rede), uma rede global que conecta indivíduos e organizações impactadas por experiências de abuso no esporte.
Joanna é uma das seis atletas e ex-atletas que fazem parte do conselho consultivo, além de trabalhar como coordenadora da Rede. A executiva da nova entidade é Andrea Florence, uma advogada brasileira especialista em direitos humanos.
"A rede é resultado de uma consultoria que a gente fez em 2022. Fui contratada pela Sport & Rights Alliance para conversar com as pessoas que foram vítimas de abusos para saber as necessidades que elas apresentavam, esse relatório saiu em março do ano passado. O esqueleto da Rede é a gente ser fiel ao que a gente escutou dessas pessoas", conta a ex-nadadora.
Uma das demandas apresentadas foi a necessidade de um fundo de emergência, novidade apresentada pela Rede. Já estão garantidas 16 aplicações (pagamentos de fundos) este ano, 18 em 2025 e 20 em 2026, sempre no valor de 2 mil francos suíços (R$ 11,5 mil).
"Eu fiz uma pesquisa de fundos de direitos humanos: quanto dão, quanto tempo dura, quem prioriza. Eu conversei com esses fundos até a gente criar essa estrutura do nosso. Nosso critério não é por tipo de violência. Nosso primeiro critério é geográfico: a gente prioriza o sul global", explica Joanna.
A Rede sabe que existem muito mais de 16, ou 20, pessoas vítimas de abuso no esporte no mundo em um ano, mas quer mostrar para entidades maiores e mais ricas que é possível fazer. "Se uma organização de atletas impactados consegue fazer, as instituições também conseguem. A gente tem um sistema de monitoramento para mostrar quanto é necessário. A prevenção tem uma limitação, a investigação também, e a assistência também. A gente quer que as instituições tenham consciência das suas limitações, não achem que dar uma palestra é suficiente."
A entidade foi lançada oficialmente só na semana retrasada, mas o trabalho já vem de meses. Com a Unesco, a Rede tem discutido a ideia de criar uma convenção de esporte seguro, da mesma forma que existe com o antidoping, que tem uma convenção da Unesco dizendo como os países devem agir no combate ao doping.
Além disso, a Rede já vem trabalhando com projetos com a Fifa, a Uefa e o Comitê Olímpico Internacional (COI), a quem a entidade auxilia em um trabalho sobre como lidar com atletas menores de idade.
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