Zanetti troca collant por paletó e vira árbitro no Brasileiro de Ginástica
Arthur Zanetti foi a principal novidade das provas de argolas do Troféu Brasil de Ginástica Artística, nesta sexta (21), no Rio. É que pela primeira vez em uma competição adulta ele não estava de collant, se segurando magicamente no ar, mas de paletó e gravata.
O torneio marca a estreia de Zanetti como árbitro de ginástica artística. E quis o destino — que agiu por intermédio de um sorteio, com papeizinhos —, que a estreia do campeão olímpico das argolas fosse exatamente nas argolas.
"É uma experiência nova. Gostei muito de arbitrar, é a primeira vez em numa competição nacional, ainda mais adulto. Já arbitrei estadual, juvenil, mas é diferente. Admito que estava um pouco nervoso no início, mas depois que começou a competição foi se desenvolvendo, foi tranquilo", disse Zanetti, na zona mista.
Quis o destino também que Zanetti estreasse logo avaliando os colegas de clube da Agith São Caetano. Marcos Goto, seu técnico, não gostou da nota de Tomás Florencio e pediu revisão, mas o bicampeão mundial não teve culpa: "Eu estava em E (execução), não em D (nota de partida)", explicou. A revisão é somente para E.
Ao chegar ao local destinado a atletas (e agora árbitros) concederem entrevistas, Zanetti deu um empurrão no amigo Arthur Nory, que gravava um vídeo para redes sociais. Ao vê-lo, o ginasta do Pinheiros reclamou: "Pô, você deu uma canetada na minha nota, hein?". Zanetti riu, até que alguém comentasse: "Você cai e a culpa é dele?". "Pois é..."
É que, depois das argolas, Zanetti também foi um dos árbitros da banca da barra fixa, único aparelho onde Nory se apresentou. "Tem de pensar só que ele é o Arthur Nory, que está fazendo a prova dele e esquecer o resto, que é amigo de seleção, amigo de muito tempo. Simplesmente olhar o atleta e julgar pelo que ele está fazendo. É difícil, mas eu consegui separar bem, mantive o mesmo critério para todos os atletas."
Os dois deveriam estar competindo entre eles em uma última avaliação antes da convocação para os Jogos Olímpicos de Paris, no domingo. Mas Zanetti teve uma lesão no bíceps, passou por cirurgia, e vai levar mais quatro meses para voltar aos treinos nas argolas.
Em 2024 ele não compete mais. A dúvida é se competirá no ano que vem, ou se a história dele como atleta acabou. Zanetti quer disputar ao menos mais um torneio. "Eu não gostaria de me aposentar lesionado, quero ao menos me aposentar competindo. Então pode ser que eu fique até metade mais ou menos do ano que vem, ou complete o ano. Vai ter que ver muito também da minha recuperação, como vai ser. É meu corpo que vai decidir."
Reportagem
Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Deixe seu comentário