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Medalhas em Copas mostram Brasil com amplo leque por recorde em Paris

O Brasil nunca ganhou medalhas olímpicas na ginástica rítmica ou no tiro com arco. Mas, só neste fim de semana, ganhou três medalhas em etapas de Copa do Mundo. E ainda chegou perto de mais um pódio. Também ficou a 0,15 de uma medalha inédita no alto nível do BMX Freestyle, modalidade quase desconhecida por aqui.

Bater o recorde de sete medalhas de ouro de Tòquio segue difícil, mas cada vez mais o Brasil mostra que é possível chegar ao recorde total, de 21 medalhas, também no Japão. O primeiro passo para isso é ir à Olimpíada com o maior número possível de chances reais, e isso o Time Brasil está conseguindo.

No caso de Marcus Vinicius D'Almeida, do tiro com arco, a briga pelo pódio olímpico não é novidade. Ele já era cotado em Tóquio e cresceu bastante neste ciclo. Lidera o ranking mundial e foi a mais uma final de Copa do Mundo neste fim de semana, perdendo a final só na flecha de desempate.

Na ginástica rítmica, brigar por medalhas em Copas do Mundo é uma novidade deste ciclo olímpico. Em 2022 e 2023, o conjunto do Brasil deu um passo importante ao chegar ao pódio em algumas ocasiões, ainda que seguisse um passo atrás das potências. A um mês da Olimpíada, a coisa mudou.

Em Milão, o Brasil chegou à casa de 38 pontos na prova de cinco arcos pela primeira (e também pela segunda) vez. Tirou 38,250 durante a prova de individual geral e 38,200 na final do aparelho. Na prova mista, fez 33,250 no primeiro dia, e, errando, 31,250 no segundo..

Na Olimpíada, o que vale é a soma das duas notas, e com 71,500 o Brasil passa a brigar não só por medalha, mas por ouro em Paris. Pode voltar da França sem nada, porque a briga tem outras quatro potências (Israel, Itália, Bulgária e China), mas o conjunto brasileiro está na briga.

Esses só são dois exemplos, de um final de semana que deu outros. Gustavo Bala Loka foi quarto no último Pré-Olímpico do BMX Freestyle, a 0,15 do pódio, em competição que contava com todos os melhores do mundo. Que ninguém se surpreenda se ele medalhar em Paris. Mesma coisa com a dupla mista do tiro com arco, formada por Marcus e Ana Luiza Caetano, que caiu nas quartas de final da Copa.

No hipismo saltos, na sexta, o Brasil foi quinto na Copa das Nações de Roterdã (Holanda), com seu time titular. Uma falta a menos, e seria bronze. Luciana Diniz, finalista olímpica individual, de novo zerou percurso, e só perdeu no desempate.

A graça do esporte é que resultados não são previsíveis. Vide o vôlei feminino que tem, sem exagero, nove seleções cotadas ao pódio. O Brasil era favorito até, literalmente, ontem. Havia vencido todos os 12 jogos da fase de classificação da VNL. Na fase decisiva, perdeu de Japão e Polônia, seus rivais na fase de grupos da Olimpíada, e terminou sem medalhas. O masculino, atual vice-campeão mundial, quase ficou fora da fase final.

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No skate, o Brasil vai a Paris com equipe fortíssima, que tem sete atletas candidatos ao pódio, e mais dois que correm por fora, de uma seleção de nove. Mas nenhum deles foi ao pódio no Pré-Olímpico. Tudo bem que Rayssa Leal não competiu em Budapeste, mas o nível no street feminino está tão alto que Momiji Nishiya, atual campeã olímpica, não se classificou a Paris — outras três japonesas foram melhores que ela.

Em um passado não tão distante, se os "carros-chefes" do esporte olímpico brasileiro não entregavam as medalhas esperadas, o Brasil ficava não tinha para onde correr. Agora, há compensação. Resultados piores do que o esperado aqui, melhores acolá.

Tudo isso só torna a Olimpíada de Paris potencialmente mais divertida para o torcedor. Vai ter brasileiro brigando por medalha todo dia, quase o tempo todo.Se os pódios vão vir, não sei. Mas vai ser emocionante.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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