Falta de acordo político tira Luizomar da Olimpíada pelo Quênia
Luizomar de Moura não será o técnico da seleção feminina de vôlei do Quênia nas Olimpíadas. Treinador e gestor do time de Osasco, ele deixou o comando da equipe africana em abril, por falta de um acordo entre a Federação Internacional de Vôlei (FIVB), que o emprega, e a federação queniana.
O fato só gerou repercussão nesta segunda-feira (24), depois de o Quênia cair de novo no mesmo grupo do Brasil nas Olimpíadas. Mas, de acordo com o treinador, ele já sabia do rompimento desde quando a FIVB anunciou que os quenianos haviam posto fim à parceria, que havia rendido 600 mil francos suíços aos africanos e era o que fazia dele o técnico do Quênia.
"Muita gente me ligou hoje, puto com os quenianos, e eu mandando mensagem para ficarem tranquilo, mas não tem nada de ruim. Eles gostariam de seguir com o staff queniano e eu continuo contratado pela FIVB, não tenho muito o que falar. Lógico que fico chateado, quem não quer estar na Olimpíada? Mas é um sentimento de dever cumprido", disse ele ao Olhar Olímpico.
Luizomar se tornou treinador do Quênia quando aquela seleção já estava classificada aos Jogos de Tóquio. Na ocasião, a FIVB fechou uma parceria com a federação queniana, para o desenvolvimento do vôlei lá, o que passava pela contratação de um treinador estrangeiro — no caso, Luizomar.
Espécie de terceira via do vôlei brasileiro, nem próximo ao grupo de José Roberto Guimarães, nem ao de Bernardinho, não vislumbrava chances de ir pela primeira vez a uma Olimpíada pelo Brasil e realizou o sonho com o time africano.
Tanto que tem tatuado os anéis olímpicos no antebraço. "Qualquer oportunidade que você possa viver o vôlei internacional é de muita valia para nossa carreira. Olha o Marcos Kwiak indo para terceira Olimpíada [com a República Domincana]. Queria muito estar em Paris, mas quero olhar o copo mais cheio. Sou muito grato por tudo que vivi com o Quênia", afirma.
Sob o comando de Luizomar, o Quênia fez jogo equilibrado com Porto Rico por uma vaga nas oitavas de final do último Mundial, algo inédito para o país, e chegou ao 20º lugar do ranking mundial. No ano passado, ganhou o Africano perdendo só um set.
Mas houve troca de comando na federação queniana, após a morte do então presidente, e o novo líder da entidade optou por não renovar com a FIVB, para mandar o time à Olimpíada com um técnico local. "Eu tinha desenado o planejamento de treinamentos, fiz contato para amistosos, mas faz parte. O que fica é o sentimento de dever cumprido", diz Luizomar, que segue à frente do Osasco. Na semana passada, o time anunciou o retorno de Natália Zilio.
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