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ReportagemEsporte

Sem equipe na ginástica, Diogo e Nory somam forças na Olimpíada

Arthur Nory e Diogo Soares viverão uma experiência incomum nos Jogos Olímpicos de Paris. Pela primeira vez na carreira adulta, vão disputar uma competição internacional por equipes sem outros companheiros. Na França, só os dois serão Brasil.

Em 2016 e 2020, além de todos os últimos Mundiais, o país sempre levou uma equipe completa para competir, formada por cinco ou seis atletas. Mas, para Paris-2024, não conseguiu a classificação. Desfalcado de Arthur Zanetti e Caio Souza, terminou uma a posição abaixo do necessário no Mundial do ano passado, e só terá direito a levar dois ginastas aos Jogos.

Diogo, pelo resultado no individual geral, e Nory, escolhido pela comissão técnica, ocuparão essas duas vagas. Muda não só o foco na competição, já que eles não competem por equipes, mas também a dinâmica.

Se usualmente todos os brasileiros fazem juntos a "rotação" (passagem pelos aparelhos, em uma ordem predefinida), em Paris a dupla vai estar acompanhada de dois croatas, um israelense e um iraniano. Nory e Diogo só terão um ao outro para coisas básicas como molhar a barra fixa, ajustar os aparelhos e passar pó de magnésio.

Essa dobradinha já estreou no Troféu Brasil. Mesmo fazendo a rotação com o Pinheiros, Nory contou com a ajuda de Diogo, não de seus colegas de clube, para preparar a barra para ele nas eliminatórias.

"A gente já tem toda uma proximidade desde Tóquio, quando ele veio pra categoria adulta. A gente sempre divide quarto, sempre está junto, então acho que a gente está se aproximando mais, porque a gente agora é uma equipe", explicou Nory.

Ele e Diogo se aproximaram ainda mais nas últimas semanas. Os dois estão acostumados a treinar com equipamentos de uma marca em seus clubes, utilizada nos eventos da Federação Internacional de Ginática (FIG) mas a Olimpíada é disputada em aparelhos da marca Gymnova. A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) adquiriu esses modelos, os instalou no CT do Parque Olímpico, e convidou os dois para treinarem juntos lá.

"A gente já tá muito emtrosado, ele sabe o que gritar. Eu também estou junto dele em todos os aparelhos, sabendo que ele precisa de ajuda ou não. E isso vai fortalecendo a nossa equipe de dois", avalia Nory.

Sem a preocupação de competir por equipes, o ginasta de 30 anos vai se apresentar só na barra fixa em Paris. Ele ficou anos sem fazer o "individual geral" (os seis aparelhos), voltando nos Jogos Pan-Americanos, para tentar a vaga olímpica. Chegou a ser primeiro colocado, com folga, nas eliminatórias em Santiago, mas cometeu erros e não conseguiu repetir o resultado na final.

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Prata no solo e no salto naquela competição, Nory até poderia fazer esses aparelhos em Paris, mas sabe que suas séries não têm dificuldade suficiente para brigar por medalhas. Além disso, tem sentido dores quando treina nesses aparelhos, que são de maior impacto. Assim, tem dedicado seus treinos só à barra fixa.

Diogo Soares, oito anos mais novo, é o contrário. Ele é um generalista, e sua principal prova é a que soma as notas de todos os seis aparelhos. Aos 22 anos, ele não tem chances tangíveis de chegar à final em nenhum desses aparelhos, individualmente. No Troféu Brasil, competiu só no cavalo com alças por conta de um desconforto nas costas, sofrido na semana anterior, e ganhou a medalha de ouro.

Reportagem

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