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ReportagemEsporte

Prata olímpico, Marcelinho vai de trainee a gestor por trás da Superliga

Depois de mais de um quarto de século como jogador de vôlei nos principais clubes do Brasil e do mundo, Marcelinho agora vive a experiência no lado de lá do balcão. À beira de completar 50 anos, ele é o atual gerente de competições de quadra de Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), responsável por um pacote de eventos que inclui três divisões da Superliga, Copa do Brasil e Supercopa.

"O vôlei é a minha paixão. Eu entendo que tenho conhecimento e tenho facilidade nos relacionamentos, conheço todo mundo. Tem diretor de clube que foi meu treinador, tem supervisor que foi meu supervisor quando eu era atleta. Então eu tenho uma relação muito boa com os clubes e com as pessoas. Minha visão obviamente é melhorar, aprender cada vez mais e estudar no voleibol", disse ele à coluna.

Medalhista olímpico em 2004, Marcelinho jogou vôlei profissionalmente até 2019. Só parou aos 44 anos, já pensando no que faria dali em diante. Graduou-se em marketing, fez pós em marketing esportivo na PUC do Rio, e preparou o terreno para se tornar gestor. Entendia que seu lugar, fora da quadra, não seria à beira dela.

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Imagem: Divulgação

"Por ter sido levantador, gosto de liderar, gosto de comandar. Eu me tornei um atleta que jogou uma final olímpica, que é o máximo que um atleta olímpico pode alcançar, mas comecei na escolinha com 13 anos. Então para eu me começar em outra carreira, eu também teria que me preparar e começar de baixo."

Marcelinho entrou na CBV em 2021, como treinee, primeiro escolhido para o programa criado naquele ano. Passou por diversas áreas dentro da confederação e se adaptou melhor à diretoria de esporte. No ano passado, foi nomeado gerente de competições de quadra quando Radamés Lattari chegou à presidência e Jorge Bichara à diretoria.

"Trabalhar com o Bichara para mim é como ter uma aula diária na CBV. Ele me ensina muita coisa. Eu eu sou muito observador, então eu observo o modo como ele age com os atletas, com os treinadores, supervisores. Eu digo que estou fazendo um doutorado com Bichara, porque ele para mim realmente é uma inspiração", derrete-se Marcelinho, que afirma querer ser "o Bichara do futuro".

Tutor e pupilo têm perfis diferentes. Bichara é quietão, enquanto o ex-levantador, também ex-participante da Dança dos Famosos, é bem mais extrovertido. Marcelinho vive o vôlei de alto rendimento há mais de 30 anos, enquanto o diretor é originário do atletismo, passou pelo COB, e só agora está trabalhando diretamente com o vôlei.

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Por toda essa vivência, é muito mais fácil para Marcelinho estar em contato com os clubes da Superliga e discutir com eles suas necessidades. A função não é fácil. Ainda que o torneio seja um sucesso de público, principalmente na TV, ainda pairam muitas críticas sobre infraestrutura (ginásios ultrapassados), VAR (não funciona em todos os jogos) e premiação (inexistente).

Ele assegura que os casos de clubes que atrasavam salários e conseguiam se inscrever para a temporada seguinte, ferindo o fair play financeiro, ficaram no passado. "Tivemos recentemente um exemplo da Funvic que não participou por falta de pagamento. Hoje em dia a gente tem bons clubes, boas gestões, isso não acontece", afirma.

A confederação tem apostado no crescimento da Superliga B, ampliando assim o número de clubes profissionais no país, e o mercado de trabalho de forma geral. Na próxima temporada, a Superliga C será na primeira quinzena de outubro, e a segunda divisão de novembro a março.

"A nossa ideia num futuro próximo é ela [a Superliga B] correr paralelo com a Superliga A. Obvicamente a gente tem que dar condições para os clubes. A gente sabe da dificuldade de ter um fôlego de 10 meses. Por enquanto são cinco meses no máximo entre C e B, mas queremos chegar cada vez mais perto da A."

Marcelinho cita como exemplo de sucesso o Joinville, que passou pela C, pela B, e chegou à semifinal da A na temporada passada. "Eu idealizo o esporte olímpico em cidades um pouco menores, em que a comunidade se envolva no projeto. Temos exemplos do passado e atuais de que isso dá certo. As capitais têm poder aquisitivo maior, mas acho que o envolvimento da comunidade, prefeitura, empresas locais, dá muito certo."

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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