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Brasil tem três das melhores goleiras do mundo e vai cortar uma dos Jogos

Cristiano Rocha conta que foi tema da conversa entre técnicos do mundo todo em área reservada a eles na final da Champions League de Handebol. Técnico da seleção feminina, ele vai ter que tomar, esta semana, uma das deciões mais difícies da modalidade: deixar uma das melhores goleiras do mundo de fora das Olimpíadas.

Na competição mais importante e difícil do mundo, o campeonato europeu interclubes, ninguém pegou mais bolas do que Gabriela Moreschi. Aos 29 anos, ela joga pelo BBM Bietigheim, da Alemanha, e foi vice-campeã da Champions League com 216 defesas ao longo da temporada, uma ótima eficiência de 31%.

Renata Arruda, 25, teve números ainda mais impressionantes na Liga Europa. No segundo maior torneio do continente onde o handebol acontece, ela defendeu absurdos 40% dos arremesso que vieram contra o gol dela. Mais do que isso: o Gloria Bistrita, da Romênia, foi vice, mas a brasileira foi eleita a MVP do Final Four. Foram 24 defesas só entre semifinal e final, números impressionantes.

Com duas goleiras assim, não há espaço para outras? Não é bem assim.

É que a terceira concorrente é nada mais nada menos que Babi Arenhart, 37, mais experiente da seleção brasileira, titular do título mundial, ex-capitã e ainda jogando em altíssimo nível. Pelo Kim Mercator, da Eslovênia, ela foi a 12ª goleira com mais defesas na temporada da Champions. Chegou a estar entre as primeiras, mas caiu no ranking quando o time desandou na temporada, perdendo sete dos últimos 10 jogos.

Em um elenco de 14 jogadoras e com o handebol cada vez mais físico, não há como abrir mão de uma reserva de linha para ter três goleiras em Paris. Uma delas vai ter que ficar fora da lista, mas vai a Paris para o caso de lesão das escolhidas.

A briga até poderia ser mais ampla, porque Mayssa Pessoa voltou a jogar em alto nível, aos 39 anos. Quatro vezes medalhista de Champions e campeã mundial com o Brasil em 2013, ela fechou no meio da temporada com o HH Elite, da Dinamarca. Mas Mayssa nem chegou a ser testada durante o ciclo.

Também não teve chance outra jogadora histórica do país, a ponta direita Alexandra Nascimento, 42, que já foi a melhor do mundo, se afastou do esporte para ter filho, e voltou jogando bem no Elche, da Espanha. Já Ana Paula Rodrigues, 36, rompeu o LCA do joelho no Mundial, em dezembro, e não estaria 100% fisicamente a tempo para as Olimpíadas. Por isso, nem foi convocada para a última fase de treinamentos antes dos Jogos.

Ana Paula havia assumido o posto de capitã no Pan, quando Babi não foi liberada para defender a seleção, e seguiu capitã no Mundial. Agora, a capitã é a jovem craque Bruna de Paula, mas Babi segue tendo grande influência sobre as demais. Se for ela a escolhida para ser cortada, o grupo perderá sua líder.

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A pré-convocação tem 21 atletas, das quais só 14 serão inscritas — outras três ficam como "alternates". Também há briga acirrada na ponta direita (mesma posição de Alexandra), entre Adriana Doce, Jéssica Quintino e Mariana Costa.

Mas o maior impacto é mesmo no gol. A goleira tem participação decisiva em praticamente todos os lances, o que faz dessa posição a mais importante do handebol, a que mais pode fazer diferença no resultado. O Brasil estará bem servido com qualquer uma das três, mas quanto melhor for a escolha, maior a chance de vencer ao menos dois jogos na fase de classificação e avançar às quartas de final.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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