Vídeo vazado de salto de Rebeca gera tensão entre ginástica e o COB
A publicação de um vídeo de Rebeca Andrade realizando um novo salto, na segunda-feira (8) à noite, em um vídeo do Comitê Olímpico do Brasil (COB) gerou muita revolta dentro da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). Existia um planejamento para divulgar que Rebeca agora tem um salto de grau de dificuldade mais alto, que foi estragado pelo COB.
O vazamento aconteceu nas imagens que ilustravam um especial sobre Francisco Porath Neto, o Xico, treinador de Rebeca, e publicado no Youtube. Os fãs logo perceberam que Rebeca faz um Triplo Twist Yurshenko (TTY), salto nunca executado em uma competição internacional e que, por isso, não faz parte ainda do código de pontuação.
O TTY é um dos "segredos" de Rebeca, pelo que apurou o Olhar Olímpico, e a estratégia era divulgá-lo mais perto da Olimpíada. O objetivo é jogar a pressão para as adversárias — no caso, Simone Biles — e o plano é que ela só soubesse da novidade quando o tempo para a resposta fosse curto.
Além disso, como o TTY não está no código, também não existe ainda uma nota D (de partida) predefinida para ele. Ainda que essa seja uma discussão técnica, ela é muito influenciada pela política. O natural é que Brasil defenda que ele valha mais (6,0), e os EUA, no sentido contrário, que ele valha menos (5,8 no máximo). No último Mundial, quando venceu Biles, Rebeca teve um Cheng (5,6) e não precisou usar seu Amanar (5,4).
A divulgação do salto que deveria ser um segredo foi o estopim de um incômodo que já vinha de tempos na ginástica: de que o COB quer usar demais a imagem das ginastas. O CT da modalidade, do COB, é anexo ao Maria Lenk, e isso faz com que a equipe de comunicação do comitê tenha acesso mais facilitado às ginastas do que aos altetas de outras modalidades.
Foram diversas as idas da comunicação do COB ao CT nos últimos meses, incluindo uma visita do presidente Paulo Wanderley na véspera do embarque da delegação para a França. Em uma dessas idas aconteceu a gravação, que não mostra que Rebeca cai no fosso de espuma.
Agora, a CBG deve ampliar a blindagem das atletas na França. O objetivo é restringir não o acesso de jornalistas do mundo todo, mas também da comunicação do COB.
Procurado, o COB não respondeu diretamente ao questionamento se teve autorização para publicar imagens de um "segredo" de Rebeca. O comitê enviou a seguinte nota:
"O Comitê Olímpico do Brasil (COB) e a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) mantêm uma relação estreita, reforçada com a criação do Centro de Treinamento da Ginástica Artística (CTGA), em 2015. Localizado dentro do Centro de Treinamento do COB, o CTGA tem sido fundamental para o desenvolvimento e aprimoramento dos atletas brasileiros dentro de um ambiente de excelência e alta performance. O sucesso da modalidade é fruto desse trabalho em parceria. As duas entidades seguem alinhadas nesta reta final rumo aos Jogos Olímpicos Paris 2024."
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