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A estratégia por trás de uma Copa do Mundo na Ponte JK, em Brasília

Em inglês, é "high diving". Em português, "saltos de grandes alturas". Em uma língua ou na outra, a modalidade em que atletas se jogam na água de uma altura de pelo menos 20 metros virou a nova queridinha dos esportes aquáticos. Em outubro, pela primeira vez uma etapa de Copa do Mundo vai acontecer no Brasil.

O local escolhido é a ponte Juscelino Kubitschek, conhecida em Brasília como ponte JK. Ela cruza o lago Paranoá saindo dos fundos da Praça dos Três Poderes e é tida como um dos principais pontos turísticos da capital brasileira.

"O high diving tem um apelo esportivo muito alto, mas turístico também. Muitos eventos de high diving acontecem em pontos turísticos para vender a cidade, os locais. É um dos motivos para a gente estar fazendo na ponte JK. A gente vai usar a competição, mas pensando não só na parte esportiva, mas também para vender Brasília para o mundo inteiro", explica Ricardo Moreira, presidente da Saltos Brasil.

Saltar de grandes alturas é uma prática esportiva antiga, mas estreou como modalidade no Mundial de Esportes Aquáticos de 2013. Desde então, é uma grande atração destes eventos. Ainda que o high diving não seja um esporte olímpico, como todos os outros cinco (maratonas aquáticas, natação, saltos ornamentais, polo aquático e nado artístico), é sucesso de público garantido em Budapeste, Doha ou Fukuoka.

"No Mundial deste ano, em Doha, a arquibancada estava lotada no high diving. Nos saltos, estava sempre vazia", conta Moreira, que dirige uma entidade que cuida, dentro do Brasil, dessas duas modalidades, ainda que debaixo do guarda-chuva da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), única filiada pelo Brasil à World Aquatics.

A Saltos Brasil surgiu para olhar mais atentamente aos saltos ornamentais, e o high diving veio no pacote. Mas a nova modalidade tem se mostrado uma fonte de recursos para ajudar a confederação e, por tabela, os saltos. "A gente vê um potencial nessa modalidade, principalmente de atrair recurso para nossa confederação. O pessoal da World Aquatics diz que é a modalidade mais fácil de vender, e a mais cara para a televisão. A gente quer usar isso para ajudar a modalidade, nossa confederação e os saltos ornamentais", reconhece Moreira.

A Copa do Mundo será realizada em dobradinha com o Mundial Júnior de Saltos Ornamentais, também em Brasília. Juntos, serão o primeiro evento da World Aquatics no Brasil desde a Rio-2016. Com a queda no investimento público no esporte, o país perdeu muito espaço no calendário internacional de praticamente todas as modalidades olímpicas, em um processo que está sendo parcialmente revertido agora.

Por enquanto os torneios ainda não têm patrocínio, mas a Saltos Brasil confia no potencial do high diving e negocia com as secretarias de Turismo e Esporte do Distrito Federal e com empresas privadas. Também vê potencial para encaixar o torneio no Esporte Espetacular, da Globo.

Onde os atletas treinam?

Moreira faz uma analogia para responder à pergunta: "É igual na maratona. Um maratonista não treina 42km para correr uma maratona. Ele corre 10km, 15km, e no dia da prova faz a distância completa. No máximo faz um ou outro treino mais longo. No high diving, 90% dos treinos são na plataforma de 10m dos saltos ornamentais."

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Daí a explicação para a ponte JK ser palco de uma futura Copa do Mundo, mas não ser local de treino de nenhum atleta. Representantes do Brasil em Doha, Patty Valente (que é irmã da pioneira Jaki Valente) treina no Rio e representa o Fluminense, e Juscelino Filho é do Pará. Eles têm 36 e 40 anos, respectivamente, e são originários dos saltos.

No high diving, os saltos das mulheres acontecem a uma altura de 20m da água, enquanto que entre os homens são 27m. Na ponte JK, o ponto mais alto está distante cerca de 21m do espelho d'água do lago. Assim, os atletas vão saltar de estruturas montadas sobre a ponte.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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