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Paulo Anshowinhas

REPORTAGEM

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Empresário investe R$ 100 mi e constrói a pista indoor mais cara do mundo

Pista de skate F51, de Folkestone, na Inglaterra, que será inaugurada oficialmente em Abril - Divulgação
Pista de skate F51, de Folkestone, na Inglaterra, que será inaugurada oficialmente em Abril Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

29/03/2022 04h00

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No próximo dia 4 de abril, a Inglaterra vai ganhar uma das mais formidáveis pistas de skate indoor do mundo e a mais cara de todas. A Folkestone 51, ou simplesmente F51, foi construída com um investimento aproximado de 17 milhões de libras (cerca de R$ 108 milhões).

Para se ter uma ideia de números e grandiosidade, a pista da capital da Noruega, a Oslo Skatehall, feita pelo escritório de arquitetos skatistas Rune Glifberd & Lykke custou a bagatela de 55 milhões de coroas dinamarquesas (cerca de R$ 39 milhões), e já era considerada uma das mais caras do mundo. No Brasil, um dos maiores skateparks do país e da América Latina, na Orla do Guaíba, em Porto Alegre (RS), custou R$ 2,4 milhões.

Aliás, chamar a F51 apenas de pista de skate chega a ser muito pouco para esse imenso complexo esportivo futurista em formato de arca prateada de alumínio, encravado na pacata costa leste inglesa, na cidade portuária de Folkestone, em Kent —que conecta a Inglaterra com a cidade de Calais, na França, pelo Canal da Mancha.

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Pista de skate F51, de Folkestone, na Inglaterra, uma das mais modernas da Europa
Imagem: Divulgação F51

Apelidado de "edifício adrenalina", o espaço oferece três andares de pistas para skate e BMX —para todos os níveis de habilidade com pisos chamados de flow, street e bowl—, além de paredes de escalada esportiva e ringue de boxe.

No topo do prédio no terceiro andar está o que chamam de "flow park", uma suntuosa construção totalmente de madeira, com transições baixas, ondulações, caixotes, calombos, rampas quarter-pipes (um quarto de tubo) verticais e "vulcões" que se conectam aos pilares circulares totalmente "skatáveis".

No andar do meio está o "street floor" (piso da rua) que também é macio e totalmente de madeira, com ar condicionado, som ambiente e é equipado com equipamentos próprios do cenário urbano, como degraus, corrimãos e saliências desenhadas para skate e BMX.

O street floor foi desenhado para ser utilizada tanto para iniciantes como profissionais, em 700 metros quadrados de área, com acabamento requintado.

No primeiro andar fica o piso do bowl, uma impressionante e escultural pista totalmente de concreto polido, para adquirir maior velocidade em paredes verticais, e diferentes tipos de bowl (pistas em formato de tigelas), com diferentes níveis de transições, e coping (bordas) em pedra.

Foi desenvolvido baseado em pistas como Burnside, no Oregon, como os pools (piscinas) da Califórnia, como o célebre Dogbowl, visto em filmes como "Dogtown and Z-Boys", e incorporado com o que existe de mais moderno e recente em pistas de concreto. Segundo seus arquitetos, o objetivo era emular as origens do skate mundial dos anos 70.

Além do skate e BMX, a F51 também oferece uma escandalosa parede de escalada de 15 metros de altura, em 580 metros quadrados de área escalável. A instalação tem 15 vias diferentes e espaço para competições de velocidade e bouldering e um ringue de boxe.

Iniciada em 2005, a F51 levou 16 anos para ficar pronta, e vai se somar às mais de 1.650 pistas outdoor e 65 outdoor da Inglaterra. O país tem na jovem medalhista olímpica de bronze Sky Brown uma de suas principais estrelas e grande incentivadora de novas gerações.

O preço para andar por duas horas na pista varia entre 7 a 9 libras (cerca de R$ 44 a R$ 58), sendo que moradores da região podem pagar apenas 1 libra (cerca de R$ 6,3).

O valor alto de investimento (cerca de R$ 100 milhões) não assustou o dono do empreendimento, o magnata do segmento do turismo, empresário e filantropo Sir Roger de Haan, dono de um império e fortuna de 1,3 bilhão de libras (cerca de R$ 8,2 bilhões).

Era para ser construído um estacionamento no local, mas Sir Haan, juntamente com seus arquitetos, se sensibilizou com os skatistas locais, que tinham perdido sua principal pista da cidade e foram desalojados, e optou por criar esse "castelo de esportes radicais".