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Skate invade escolas paulistanas: dos CEUs às instituições de alto padrão
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Antes mesmo do sucesso dos brasileiros Rayssa Leal (prata), Kelvin Hoefler (prata), Pedro Barros (prata) na estreia do skate no programa olímpico nos Jogos de Tóquio 2020, a modalidade já estava conquistando espaço nas escolas paulistanas. Nos CEUs (Centros Educacionais Unificados) e nos principais colégios de alto padrão de São Paulo o fenômeno está em plena ascensão.
Na rede pública, já são sete centros com aulas abertas e perspectiva de ampliação na oferta. Nas escolas de elite, a expansão também é a tendência.
Uma das pioneiras nessa experiência esportiva educacional é o tradicional Colégio São Luiz, que conta com cerca de 2 mil alunos no período integral e mais 300 no período noturno, e que iniciou as atividades com o "carrinho" em 2018.
"Hoje atendemos cerca de 30 crianças em duas turmas, sendo a primeira totalmente lotada e com fila de espera. Se tivermos aulas de skate todos os dias, teremos filas para atender os alunos do segundo ano do ensino fundamental ao ensino médio", diz ao UOL, o professor Eduardo Ribeiro, coordenador de esportes e cursos extras do colégio, que atualmente está situado na Vila Mariana.
Eduardo tentou andar de skate na infância, mas pela sua altura preferiu jogar basquete. Segundo ele, o skate na escola não tem caráter de formação, mas um complemento para os alunos que buscam uma experiência com um esporte radical. "É possível que possamos inserir o skate no planejamento curricular da escola, mas isso irá demandar profissionais de educação física para instrução especializada e o planejamento vai precisar estar ligado a nossa matriz curricular".
"Um dos objetivos do after school é a praticidade e a segurança, para que o pai deixe o filho na escola das 7h as 18h, e a criança possa escolher praticar natação, futsal, basquete, teatro ou skate", diz a animada pedagoga Sandra Regina Capozzi, gerente de After School das Escolas Premium SEB, que coordena as atividades da rede de escolas bilíngues Pueri Domus.
Com 3 mil alunos, a escola tem 107 crianças matriculadas em aulas de skate há um mês, com idades entre 8 a 17 anos, e, segundo a gestora, muitos pais "estão doidos para fazer aulas também", diz a gestora.
"Já estamos pensando em um horário para os pais. Inclusive muitos deles comentam que levam os filhos para andar de skate no final de semana, coisa que consideramos importante para a integração e sociabilização com a família.
"Temos até um pai, que mora perto da escola, que vem de casa com o filho andando de skate, e que leva os skates de volta, já que não podem entrar com esses equipamentos", ressalta Sandra.
A Beacon School, da Vila Leopoldina, escola bilíngue com cerca de 1.200 alunos, tem 15 deles, entre 9 a 15 anos de idade, matriculados nessas atividades extracurriculares.
Para Tina Fumis, coordenadora de Atividades Optativas da instituição, "o skate traz vários aprendizados não apenas no desenvolvimento físico, mas de uma forma mais integrada pois o praticante esta superando desafios, pensa em estratégias na hora de como passar um obstáculo, aprende a própria mecânica do esporte, o equilíbrio. Como associamos isso à formação e desenvolvimento emocional do nosso aluno, se cria confiança no aprendizado de superação e trabalho de concentração".
"Embora seja uma pratica individualizada, no coletivo, eles interagem torcendo um pelo outro, vibrando quando um colega consegue realizar uma manobra e mostrando um senso coletivo muito bacana", analisa Tina.
"Eu só tive retorno positivo tanto por parte dos pais, quanto dos alunos e estamos felizes com essa aceitação, e vamos dar prosseguimento pois não vemos o skate apenas como uma moda, ou simplesmente um reflexo das Olimpíadas."
Iniciativa partiu de um técnico olímpico e um videomaker de skate
Por trás dessa invasão do skate em escolas particulares de alto nível em São Paulo, existe um nome em comum: a Escola Brasileira de Skate (EBS).
Fundada por Roberto Teixeira "TX" Oliveira, videomaker de filmes e series de skate para TV, e do campeão brasileiro de skate e técnico olímpico da seleção chilena Cristiano Mateus, a EBS faz um trabalho pioneiro nesse nicho de mercado que está em franca ascensão, conquistando a confiança das escolas.
Responsável pelas aulas, a EBS, atualmente, está em 20 escolas de luxo, entre elas Avenues, Renovação, Red, Camino School, St. Paul's, Beacon School, Santo Américo, Salesiano, Pueri Domus, Johan Gauss, Emilie Villeneuve e São Luiz e se prepara para duplicar essa quantidade no segundo semestre.
Com cerca de 700 alunos atendidos mensalmente, a EBS tem focado no conceito de diversão com segurança e exige que os praticantes utilizem todos os equipamentos de segurança (capacetes, joelheiras, cotoveleiras e protetores de pulso).
Para Roberto TX, um dos sócios, o mínimo risco é outro diferencial. "Os pais e professores descobriram que seguindo os protocolos, o skate para iniciantes é um esporte seguro, até menos arriscado do que o futebol", comenta. "O equipamento é chato, incomoda, mas eu fico aflito que tem gente dando aula em outras escolas sem nenhum equipamento, por sua própria conta e risco", alerta.
De acordo com Roberto, o skatista Cristiano Mateus, seu sócio, criou uma metodologia que utiliza materiais de fisioterapia, como bolhas de treinamento funcional e shapes sem rodinhas até as crianças adquirirem confiança e habilidades com rodas soltas, além de um método de capacitação de professores.
Para o dirigente, que também patrocina novas revelações como a skatista Raícca Ventura e o jovem Dan Sabino, o próximo passo é levar o skate para o maior número de crianças que não tenham condições de pagar por este acesso com a mesma qualidade oferecida para as escolas de público A/B que eles atendem.
"Um passo de cada vez", finaliza.
Prefeitura tem aulas abertas em 7 CEUS
Aulas de skate não são privilégio de escolas particulares, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação, ampliou o ensino de skate nas escolas em parceria firmada com a ONG Skate Solidário.
Mais de 300 crianças e adolescentes, entre 6 e 16 anos, terão acesso a aulas de skate em Centros Educacionais Unificados (CEUs), informou o órgão em nota divulgada na última quinta-feira.
A rede municipal possui mais de 15 CEUs com pistas de skate, sete deles terão aulas abertas para a comunidade. Outras 11 pistas serão construídas em parceria com a Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras - SIURB.
Os interessados devem entrar em contato com uma das unidades dos CEUS abaixo e verificar a disponibilidade de vagas:
Aricanduva - Av. Olga Fadel Abarca - Jardim Santa Teresinha,
Meninos - R. Barbinos, 111 - São João Clímaco,
São Matheus - R. Curumatim, 201 - Parque Boa Esperança,
Paraisópolis - R. Dr. José Augusto de Souza e Silva - Jardim Parque Morumbi,
Campo Limpo - Av. Carlos Lacerda, 678 - Campo Limpo,
Casa Blanca - Rua João Damasceno, 85 - Jardim São Luís,
Butantã - Rua Eng. Heitor Antônio Eiras Garcia, 1.700/1.870, Jardim Esmeralda,
A prática do skate também é divulgada nas escolas e está incluída no Currículo da Cidade para o Ensino Fundamental, que prevê a vivência de diferentes práticas corporais de aventuras urbanas e de natureza.
Na EMEF Profa. Helina Coutinho Lourenço Alves, localizada em Cidade Tiradentes, o skate faz parte das aulas de educação física desde 2013 sob supervisão do professor Marcos Alexandre Foglietto.
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