Topo

Paulo Anshowinhas

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

X-Games: skatistas encaram pista em construção e testes de covid no Japão

O skatista prodígio Gui Khury é uma das revelações do skate brasileiro - Julio Detefon/ CBSK
O skatista prodígio Gui Khury é uma das revelações do skate brasileiro Imagem: Julio Detefon/ CBSK

Colunista do UOL

21/04/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A partir desta sexta-feira no Japão, alguns dos melhores skatistas do Brasil enfrentam os melhores do mundo no mais tradicional festival de esportes radicais do planeta: os X-Games.

Desta vez com desafios inesperados: auto testes de covid diários para os estrangeiros, frio, chuva e nada de treinamento antecipado no local, uma vez que a arena do evento está em plena construção.

O campo de beisebol do Estádio Zozo Marine, em Chiba, sede dos jogos deste ano, vai acomodar cerca de 39 mil pessoas para assistir às provas de skate, BMX, moto-x e exibição de batalhas de breaking, nova modalidade olímpica.

No skate, são 50 skatistas de 9 países, sendo o Brasil a terceira maior delegação com 8 membros. O Japão, país-sede, terá 16 pessoas e os Estados Unidos lideram a contagem de participantes com 19 skatistas. Completam a tabela Austrália, Áustria, Bélgica, França, Holanda e Polônia.

O Brasil será representado por sua elite das rodinhas em park, street e vert. Estão lá a vice-campeã olímpica Rayssa Leal, a bicampeã mundial Pâmela Rosa, o vice-campeão olímpico Kelvin Hoefler, além de Gabi Mazetto, Lucas Rabelo, Luiz Francisco, Yndiara Asp e o curitibano Gui Khuri, que entra na disputa como uma das principais estrelas.

Com 13 anos de idade, Gui é 'caçulinha" da equipe no X-Games. Ele vai correr as provas de park, vertical e best trick, depois de quebrar três recordes na competição que o colocou no Guiness Book.

Em 2019, Gui foi o atleta mais jovem dos X-Games de todos os tempos (tinha 10 anos e 225 dias), foi também o primeiro skatista da história a realizar a manobra 1080 graus (três giros completos no ar no vertical) em 2020, e ainda o mais jovem medalhista de ouro do evento, aos 12 anos de idade, em julho do ano passado.

Mas os brasileiros terão de passar por "gigantes" se quiserem estar no pódio. Entre os adversários, estão confirmados os japoneses Yuto Horigome, Moto Shibata, Aori Nishimura, Funa Nakayama, Sakura Yosozumi, e americanos do nível de Nyjah Huston, Jagger Eaton, Chris Joslin, Jimmy Wilkins, Gavin Bottger, Cley Kreiner, Zion Wright entre outros.

Hotel com dinossauros e café da manhã com fritas

Nas redes sociais, a equipe brasileira mostrou sua rotina pré-competição. A programação inclui testes diários de covid, café com fritas, abraços em dinossauros, carteado na Arena e treinamento em uma pista de street externa.

Hospedadas em um luxuoso hotel em Chiba, com vista para o mar e para o estádio onde será realizado o evento, Rayssa Leal postou um vídeo da sua refeição matinal ao lado de Gabi Mazetto.

Um prato recheado de batatas fritas, uma folha de alface (para parecer fitness, segundo ela), um copo de Coca-Cola, uma bisnaguinha, dois ovos e comentou: "Eu não gosto de ovo mole, mas eu vou ter de comer isso", brincou.

Gui Khuri, por sua vez, jogou em um simulador de automobilismo, se divertiu com um Tiranossauro Rex em tamanho real no lobby do hotel e ensinou como fazer arroz: "você aperta aqui e pronto", brincou, demonstrando o uso de uma máquina automática que serve porções de arroz.

De dentro do estádio, Yndiara Asp comentou que, no final de semana, rolou um campeonato de beisebol no local e, por isso, a construção da pista começou apenas na última segunda-feira.

"Parece que vai ficar muito irada, mas nem está perto de estar pronta", prosseguiu.

"Uma doidera, estão construindo a pista agora, vai ficar pronta só na sexta, a gente corre no mesmo dia, com as finais domingo, e destroem a pista a noite", espantou-se.

Olimpíadas reforçaram a importância do X-Games

Desde 2008 na ESPN, o comentarista dos X-Games no Brasil, o professor Flávio Ascânio considera que "os Jogos Olímpicos de Tóquio, reforçaram a importância do X-Games".

Criado em 1995, em Rhode island, Costa Leste americana como Extreme Games, o festival —que ficou inicialmente conhecido como "Olimpíadas dos Esportes Radicais", com 10 modalidades— completa este ano 64 edições, sendo 34 de verão em 27 anos de história, e apenas três esportes.

"É muito tempo. A maioria dos competidores que vão participar nem eram nascidos quando o evento começou", brinca Ascânio, que como professor de educação física foi pioneiro ao introduzir o skate em escolas desde 1991 e, depois, em 2002, em cursos de pós-graduação.

Atualmente, administra uma plataforma de cursos chamada FA Board School e crê que "os X-Games ditam o ritmo dos novos esportes no mundo". Ascânio diz que a prova de street feminino deve ser imprevisível.

Flávio Ascânio - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
O comentarista e poliesportista radical da ESPN Brasil, Flávio Ascânio
Imagem: Arquivo Pessoal

"As meninas estão evoluindo muito rápido, e tem o retorno da Aori Nishimura, que estava lesionada, mas tem três medalhas de ouro nos X-Games", alerta.

"No masculino, a competição será ainda mais disputada porque teremos os três medalhistas olímpicos, Yuto Horigome (campeão olímpico e o grande favorito), Kelvin Hoefler (prata em Tóquio 2021) e Jagger Eaton (bronze no Japão), além do monstro do street Nyjah Huston", completa.