Filme de skatista que largou Olimpíadas para se afirmar trans é envolvente

Controverso, polêmico e revelador. O documentário Stay On Board - The Leo Baker Story, lançado recentemente no Netflix no Brasil com o nome de "A Vida no Skate com Leo Baker", apresenta a trajetória de Leo Baker, nome que o skatista, antes Lacey Baker, decidiu adotar após se afirmar trans. O veterano de 30 anos possui sete medalhas no X-Games, campeão da Super Coroa da Street League em 2016 e 2017 e abandonou as Olimpíadas de Tóquio para a transição de gênero.

Com 27 anos, Leo Baker é sócio da Glue Skateboards, uma empresa de skate queer, e assumiu sua transmasculinidade durante os preparativos para as Olimpíadas de Tóquio, em 2020.

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Enquanto membro da Seleção Feminina Americana Olímpica de skate, Leo mandou um e-mail para a Federação Americana de Skate se desligando dos Jogos Olímpicos, meses antes da competição, o que para muitos foi uma atitude impensável.

"Quando eu era mais novo sabia que eu era um menino, mas me perdi nesse éter do capitalismo", diz Léo, em trecho do documentário de 72 minutos dirigido por Giovanni Reda e Nicola Marsh.

"O skate me ajudou a superar tudo o que passei na vida", é a frase que Leo inicia o filme, que demonstra as dificuldades em se manter uma "vida dupla", que mesmo se assumindo trans abertamente para os amigos, tentava separar esta questão do seu lado profissional.

Mas foi necessária uma escolha.

De acordo com sua namorada Mellissa Bueno Woerner, "seria impossível se assumir por causa da carreira, e teria de escolher entre ser quem ele era e a carreira que trabalhou tanto para ter", disse.

"É um processo que estou vivendo, me descobrindo, é estranho as pessoas falarem comigo no feminino", lamenta Leo, durante umas das passagens.

"Não tem como planejar nada na vida, porque ninguém sabe o que vai acontecer", afirmou Leo, antes de partir para uma cirurgia de mastectomia (retirada cirúrgica das mamas no ano passado).

O documentário tem depoimentos de grandes estrelas do skate como Tony Hawk (Leo faz parte do jogo Tony Hawk Pro Skater) e de Leticia Bufoni, que disse que "no início, como ela (Letícia) não falava inglês, ambas conversavam apenas com socos, e assim se tornaram amigos".

O filme tem feito sucesso por onde é exibido, como no Outfest Los Angeles LGBTQIA+ Film Festival, onde ganhou o prêmio da audiência, e críticas positivas de jornais americanos como o The New York Times e Los Angeles Times, além de 100% de recomendação no Tomatometer do site americano Rotten Tomatoes, principal portal de consolidação de críticas sobre filmes, séries e programas de TV.