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Paulo Anshowinhas

REPORTAGEM

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Sem mundial, presidente da CBSK diz que segue negociando com World Skate

O presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSK), Eduardo Musa - Julio Detefon/ CBSK - Divulgação
O presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSK), Eduardo Musa Imagem: Julio Detefon/ CBSK - Divulgação

Colunista do UOL

21/09/2022 04h00

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Em entrevista exclusiva para o colunista Paulo Anshowinhas do UOL Esporte, o presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSK), Eduardo Bravo, o Duda Musa, comentou sobre os últimos acontecimentos em relação a não homologação e validação dos eventos de skate do Rio de Janeiro, em outubro próximo, pela World Skate, que não servirão mais como seletivas olímpicas.

Sempre sorridente, Duda falou sobre o Centro Brasileiro de Treinamento de Skate Olímpico, a relação com a entidade de patins, a questão do paraskate, Olimpíadas, necessidade do skate ter seu próprio protagonismo e afirmou que a competição da STU no Rio de Janeiro, no próximo mês, deve ser a maior de todos os tempos.

UOL Esporte - Acabou o "namoro" com a World Skate?

Duda Musa - Na verdade, tem uma relação institucional que sempre foi boa, sempre classifiquei como muito boa, mas temos uma visão conceitual diferente, e eles estão escolhendo um caminho que a gente não concorda, isso não quer dizer que a relação acabou, a gente discorda, e ficou claro isso na questão do Mundial. A gente tem um único interesse: o skate. A World Skate tem 11 modalidades, e com todo respeito a absoluto todas elas, nosso único interesse é o skate, o resto é um problema deles que a gente não tem nada a ver com isso. Não acabou o namoro, temos discordâncias.

UOL Esporte - Pode haver uma cisão na World Skate, com uma entidade só para skate e outra para patins?

Duda Musa - A gente não trabalha e não fala em cisão, o que a gente fala abertamente, luta e se posiciona é que o skate tenha voz. Em 2016 e 2017, foi feita essa fusão entre a FIRS (Federação Internacional de Esportes com Rodinhas) e a ISF (Federação Internacional de Skate), e nem eu nem a CBSK participaram dessas discussões que resultaram no atual modelo da World Skate. A discussão neste momento não passa por isso, a discussão passa pelo skate ter voz ativa dentro da World Skate, e quer o desenvolvimento um calendário do skate mundial.

UOL Esporte - O Mundial da Argentina recentemente anunciado não terá nem street nem park este ano, como está a previsão para os próximos anos?

Duda Musa - Cobramos a World Skate, como uma entidade filiada, a nossa briga não é contra alguém, mas a favor do skate. E as federações exclusivas de skate estão se unindo, e unidas discutidas a questão do skate. A gente espera um calendário para 2023, e que a gente já estava esperando desde as Olimpíadas que 2022 fosse um calendário mais robusto, a modalidade foi destaque nas Olimpíadas. Eu falo não só com o coração, mas com a razão de que foi o esporte com a maior audiência nas redes sociais do Comitê Olímpico Internacional (COI), isso é fato, não cabe aqui interpretação, a gente esperava, sim, um calendário mais robusto para 2022, vamos aguardar para 2023.

UOL Esporte - Quando veio a tona a informação de que a World Skate simplesmente não inscreveu a modalidade paraskate nos próximos Jogos Olímpicos, e qual foi a primeira reação da CBS? Existe alguma forma de reverter esse quadro ou é algo definitivo?

Duda Musa - Legalmente falando, as informações que eu colhi no Comitê Paralímpico Internacional (CPI), é que o skate está fora. Ponto. E é uma posição irreversível. Existem tentativas de se reverter isso politicamente pela importância do paraskate e da visibilidade do skate em Tóquio - que teve a maior audiência nas redes sociais, e que pudesse estar em Paris, mas não. A gente cobrou uma explicação formal da World Skate, porque o Brasil talvez seja o mercado mais desenvolvido no paraskate no mundo, e a gente precisava dar uma satisfação para nossos paraskatistas. Mas a World Skate não se manifestou, nem mesmo quando o STU divulgou uma carta publicamente falando disso.

UOL Esporte - O que se altera na realização do STU Open agora em outubro no Rio, apesar de não valer mais para a corrida olímpica?

Duda Musa - Eu acho que apenas esse fato, porque vai ser disparado o maior evento de skate mundial dos últimos anos, e eu falo isso de quem está acompanhando pessoalmente tudo de perto. Se juntarmos todos os eventos do ciclo passado para Tóquio aos que já aconteceram até hoje, de estrutura não vi nada parecido, talvez o Dew Tour, mas o Dew Tour não tinha o público que esperamos no Rio de Janeiro, e a única ausência serão os pontos para a corrida olímpico, já que até o prêmio aumentou (cerca de R$ 2,5 milhão), e terá estrutura que vai ser sensacional, um evento inesquecível.

UOL Esporte - Das federações internacionais participantes no STU Open, quantas confirmaram presença no evento?

Duda Musa - Temos confirmados 18 países já representados, mas esperamos algo maior, alguns terão dificuldade de financiamento, já que não vale pontos para a corrida olímpica, alguns governos não financiam este tipo de competição. Mas já temos nomes expressivos e importantes já confirmados, como Keegan Palmer (medalhista de ouro nas Olimpíadas de Tóquio), Sky Brown (bronze no Japão). Estamos com um nível de confirmação muito bom.

UOL Esporte - Em comparação com o último evento da World Skate, em Roma, válido para corrida olímpica de street com o STU Open, que irá ocorrer no Rio, agora em outubro, qual é a diferença?

Duda Musa - É incomparável, com todo respeito, claro que ter um evento ao lado do Coliseu é maravilhoso. E não apenas pelo fato de termos duas modalidades, o evento do Brasil seguramente será o maior do mundo dos últimos tempos em relação ao skate.

UOL Esporte - O skate pode deixar de ir para as Olimpíadas depois desse episódio?

Duda Musa - Não. Não existe essa possibilidade. Uma coisa é uma questão comercial entre a World Skate, a Rio de Negócios e a CBSK, não tem relação com a aparição do skate nas Olimpíadas, tanto em Paris e Los Angeles. A questão que o skate tem de ficar atento é como o skate está sendo administrado no mundo e como isso vai reverberar no COI. Eu acho que falando de efeito prático, não ter um calendário até hoje é pior do que o próprio evento do Rio, é ruim para o skate.

UOL Esporte - Com toda essa movimentação surgiu nos bastidores um movimento internacional chamado No Merger, do que se trata?

Duda Musa - É um ponto que a World Skate aprovou na sua Assembleia, em 2019, antes das federações de skate serem reconhecidas, quando a CBSK e a Federação Americana foram aceitas como filiadas, mas não tinham direito a voto, onde cada país teria no máximo um representante junto a World Skate. Cerca de 14 países já disseram que não farão a fusão com a World Skate (predominantemente de patins) e o Brasil é um deles, junto com o Canadá e EUA.

UOL Esporte - Você tem alguma esperança que um dia o skate mundial será administrado por alguém do skate, e não do patins?

Duda Musa - A World Skate administra 11 modalidades e apenas uma olímpica, que é o skate. Não faz sentido o skate não ter voz. Eu não sei quando isso vai acontecer, qual o movimento ou como isso vai acontecer, mas eu não tenho dúvidas eu acredito sim, que o skate vai ter o seu protagonismo do seu próprio negócio.

UOL Esporte - Como está o Centro de Treinamento de Skate Olímpico?

Duda Musa - O CT está na fase final de aprovação de projetos junto à Caixa. A Prefeitura de Campinas tem nos ajudado muito nesse processo e acreditamos que logo depois das Eleições, possa sair para licitação.

UOL Esporte - Tem algo que eu não perguntei que você acha importante comentar?

Duda Musa - Eu acho importante ressaltar o protagonismo do Brasil no skate mundial, não apenas nos skatistas que temos em número de medalhas, fomos o segundo pais em Tóquio, mas a questão da organização da estrutura, ninguém tem um campeonato nacional como o Brasil tem, sei que sou suspeito, mas ninguém a estrutura como o a CBSK tem no mundo. O Japão faz um trabalho bom com a seleção, aqui temos projetos sociais a parte de outras modalidades, além da seleção, e me dá orgulho o momento que a CBSK passa administrativamente falando, como a gente tem conseguido investir no skate brasileiro, não apenas em competição.