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Aos 67 anos, skatista pioneiro pede emprego nas redes sociais e comove fãs
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Profissional competente, capaz e comunicativo. Experiência em todas as funções relacionadas as produções de vídeo, TV e eventos de skate.
Habituado a pressões relacionadas a profissão, capacidade de realizar de forma eficiente diversas tarefas simultaneamente, focando em soluções criativas para resolução de problemas. Inglês fluente e motivado em colaborar.
Assim se apresenta o lendário skatista pioneiro Cesinha Chaves, um ícone do skate nacional, que na última quarta-feira (21) fez uma postagem do seu currículo em busca de emprego em sua página no Facebook. O ato se transformou em uma comovente história entre seus fãs.
Carioca, de 67 anos, Cesar Augusto Diniz Chaves Filho, o "Cesinha" presenciou o nascimento do skate no Brasil e participou ativamente da evolução do esporte, tendo sido o primeiro videomaker de skate do país em 1983 com o programa Vibração, gravado em VHS (onde produziu 1.180 programas).
Surfista do Arpoador, Cesinha teve seu primeiro contato com o skate na década de 70, onde, na falta de skates, surfistas serravam patins ao meio, colocavam sobre uma tábua e chamavam de "surfinho" para deslizar no asfalto.
Seu primeiro skate de verdade foi um Nash Side Walk Surfboard, com rodas de clay (argila) e bilhas, em vez de rolamento, que ele comprou de um americano por 13 cruzeiros (moeda da época) e ainda deu um cinto que ele usava, enquanto morava em Saquarema.
Depois desta relíquia, conseguiu um skate profissional de verdade, um Tracker Trucks com rodas Road Rider de uretano e rolamento, e ao ganhar dois exemplares da revista americana Skateboarder Magazine, raridade na época, se encantou com o mercado do skate e montou sua própria marca, a Surfcraft.
Campeão de skate nos anos 80, atuou no programa Realce, na MTV, TV Record e Sportv onde conseguiu emplacar os programas Na Aba e Pool Sessions, além de ter sido consagrado em revistas como Pop, Visual Esportivo, Yeah e Overall.
Entrevistou feras de primeira grandeza do skate como Tony Alva, Christian Hosoi, Tony Hawk, Steve Caballero, Mark Gonzales, e bandas como Legião Urbana, Oingo Boingo, Plebe Rude, Ira e muitas outras.
Em mais de meio século de vida sobre skates, Cesinha já passou por muitos médicos depois de fraturar diferentes ossos como o escafoide, a tíbia, o perônio, fez cirurgia na coluna e no quadril, e mesmo considerando que teria de parar de andar, não desistiu e há dois anos foi visto dando uns "carvings" (cavadas na transição do banks) em uma pista na Barra da Tijuca.
Nascido na Urca, parte nobre da zona sul do Rio, Cesinha passou por Copacabana, chegou a morar na Muzema em uma magnifica casa com piscina, casou, teve uma filha, se separou, foi morar na Freguesia, em Jacarepaguá, e atualmente mora sozinho em um sítio na Taquara, na mesma região.
O UOL Esporte entrevistou essa verdadeira lenda viva do skate que resiste a todas as adversidades, e que passa por momentos delicados, mas com seu espirito empreendedor se adaptou como guia turistico para conhecer pistas no Rio com o Skateboard Tours, e ainda é Dog Hero e hospeda cachorros onde mora atualmente.
UOL Esporte - O que te levou a publicar seu currículo no Facebook? Trouxe resultados?
Cesinha - Deu uma boa receptividade e uma certa cobrança na CBSK, como se eles fossem responsáveis por eu estar nesta "roubada" (risos). Eu apoio a CBSK, e não cabe a mim dizer o que eles podem fazer, mas acho que a minha geração e outros sexagenários deveriam ser melhor aproveitados nos campeonatos.
UOL Esporte - Quando ocorreu essa mudança de vida e de status?
Cesinha - Foi quando eu sumi da TV, depois disso parece que eu nunca tinha existido, troço doido. Desde então só tenho conseguido freelas temporário, sem trabalho fixo.
UOL Esporte - Quando você descobriu sua doença e o que está fazendo?
Cesinha - Quando eu fiz exames pré-operatórios para a cirurgia de coluna e quadril descobri que tive hepatite, e depois de erradicada a doença, a cirurgia foi feita e foi detectada uma cirrose de nível 4, além de 3 nódulos no fígado. Fui encaminhado para a lista de transplantes e estou no aguardo do processo.
UOL Esporte - Você é aposentado ou recebe algum tipo de renda?
Cesinha - Acabei de ser aprovado para receber uma aposentadoria de um salário mínimo (cerca de R$ 1.200), mas ainda não comecei a receber. Eu faço freelas de edição de vídeo e recuperação de imagens, e também hospedo cachorros aqui no sítio (Dog Hero) entre outras oportunidades que surgem.
UOL Esporte - Você acha que alguma empresa de skate possa te oferecer alguma vaga ao saber de sua condição de saúde?
Cesinha - Não sei como funciona a cabeça do pessoal de business. Com um bom artista eu não sei vender nada.
UOL Esporte - Você é fluente em inglês, editor de imagens, quais suas outras habilidades?
Cesinha - Sou criador de soluções! Adoro metodologia cientifica, sei coordenar, produzir e palestrar, e sinto saudades de ser comentarista de campeonatos de skate.
UOL Esporte - As marcas de skate têm apoiado seus projetos?
Cesinha - Eu lancei meu canal na internet, o Chave Mestra Videos, e já tive patrocinadores como a Vans e a Embassy, tenho corrido atrás de apoios, envio propostas, mas a maioria diz que não dá para me encaixar nas despesas da marca, ou nem me respondem.
UOL Esporte - O que o skate representa para você?
Cesinha - O skate sou eu, ou eu sou o skate. Ele me moldou, me deu a personalidade que tenho, além de me contemplar com vários amigos que fiz na minha trajetória. Você até pode parar de andar de skate, mas é difícil tirar o skate de você!
UOL Esporte - E como está sendo sua rotina atual?
Cesinha - Vivendo simples no mato, fazendo uma horta, cuidando das plantas, fogueira, saio apenas para ir ao mercado, ao médico ou algum evento gratuito, já que a situação financeira está apertada.
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