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Engenheiro larga tudo após divórcio e hoje segue ídolos do surfe pelo mundo
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Trocar uma carreira estável para se aventurar pelo mundo para seguir os seus ídolos pode não parecer uma opção muito razoável para a maioria. Para o carioca Pedro Burckauser, de 49 anos, sua escolha de vida está sendo melhor do que o previsto.
Engenheiro de som, casado e morador da Barra da Tijuca, Pedro encontrou seu "turning point" em 2013, quando viu seu relacionamento de 20 anos com sua ex-companheira chegar ao fim. Resolveu, então, mudar a vida.
"Passei por um processo triste e desgastante, que doeu bastante e não havia mais sentido em ficarmos juntos. Como não tínhamos filhos e nada para me prender, achei que era a hora de parar de trabalhar trancado dentro de um estúdio, era hora de mudar", desabafa Pedro.
"Certo dia, eu vi uma foto minha com meu cachorro na frente da minha casa na Barra da Tijuca olhando para o palanque de um campeonato de surfe", disse Pedro ao lembrar da motivação que o levou a mudar de rota. "Parecia um sonho distante, mas na verdade não era. E estava lá o tempo todo apenas me aguardando", conta.
A partir deste dia, Pedro trocou a vida indoor pelo outdoor, largou o emprego na Rede Record, pegou uma gorda rescisão, juntou com seu FGTS e partiu para sua nova empreitada, ansioso para seguir os rumos dos seus ídolos no mundial de surfe. Assim, começava um novo capítulo na trajetória de Pedro: o "People On Tour", uma página do Instagram que hoje conta com mais de 110 mil seguidores fiéis totalmente engajados com suas postagens, além de um canal no YouTube com 29 mil inscritos.
"No começo, o People On Tour (POT) não tinha nada a ver com atletas, pois era uma homepage com galerias de fotos do público. Apenas com o passar dos anos que criei uma relação com os surfistas e comecei a fazer vídeos", explica ele, ao lembrar que era o único fotógrafo de olho em banhistas desconhecidos enquanto a imprensa focava nos surfistas. "Tem vezes que eu fico o dia inteiro com algum atleta, mas me atento a não sacar o celular para filmar. É importante diferenciar o tempo para curtir e o tempo para trabalhar", finaliza.
As "trips", o circuito e a personalidade dos campeões de surfe do Brasil
De todas as etapas do circuito (são 11 no total), Pedro acompanha todas da primeira divisão do surfe mundial, o CT (Championship Tour), que inclui Havaí, Portugal, Austrália, Indonésia, Estados Unidos, Brasil, Africa do Sul, Tahiti, além de eventos de etapas intermediárias. "Eu digo que moro no avião, mesmo sendo do Rio, que é um lugar que eu sempre volto nem que seja para passar apenas uma semana em casa", argumenta, como nômade assumido.
Na opinião desse "seguidor profissional", a primeira etapa é sempre a mais legal, pois "todos estão mais leves, se reencontrando. Quando a final era no Havaí, o clima ficava mais pesado".
Em algumas paradas, como em Teahupoo, no Taiti, onde estão as ondas mais temíveis do circuito, a trupe do surfe tem de se contentar com uma vida sem luxo, ou regalias, comum nas demais etapas. "Por mais que você tenha dinheiro, em Teahupoo não tem hotel, não tem pousada. Todos ficam na casa dos moradores da ilha, é uma vida simples, comida caseira, sem nenhum conforto. E eles amam porque tem tudo a ver com a essência do surfe".
Mas nem tudo são flores nessa epopeia de viagens sem fim. Nas ilhas Fiji, na Oceania por exemplo, a única opção de hospedagem para Pedro ficava no continente, a cerca de 45 minutos da ilha de Tavarua. "A minha missão era acordar antes do amanhecer, esperar um sinal de luz de um barqueiro que saia por volta das 5h15 para pegar uma carona com ele, passar o dia em Tavarua, e voltar de barquinho batendo nas ondas por 45 minutos no mar, até chegar em chão firme", relatou.
"Fiji sempre foi um desafio para cobrir, mas mesmo assim tive a felicidade de ver um brasileiro ganhando a etapa de lá (Gabriel Medina), em 2016", revela.
Atualmente, o People On Tour tem patrocínio da cerveja Corona, e parceria de licenciamento de bonés, camisetas e shoulder bags com a marca Hang Loose.
As personalidades de cada surfista na opinião de quem convive com eles o ano inteiro
Gabriel Medina
É uma força extraordinária, um ponto fora da curva no universo do esporte, um fenômeno, não é à toa que é tricampeão mundial.
Filipe Toledo
É um cara que abraça todo mundo, super carinhoso, sempre presente para qualquer um, sempre muito atencioso.
Italo Ferreira
É um exemplo de superação, que de se dedica de uma forma espantosa, é inspirador de encher os olhos.
Miguel Pupo
Ele é de uma educação que parece um lorde, super inteligente, agradável para falar sobre qualquer assunto.
Samuel Pupo
Super reservado, fala somente o necessário, a coisa certa e na hora certa, assim como seu surfe: preciso.
Caio Ibelli
A vida dele no tour é um sobe e desce emocionante de acompanhar, e que, graças ao seu excelente desempenho, agora está em uma fase mais confortável.
Yago Dora
Eu sempre torço muito por ele, dentro em breve deve estar nas cabeças da forma como ele está competindo. Tem um olhar alternativo pelas músicas que ouve, as coisas que ele curte, que eu me identifico.
Jadson André
Ele é um patrimônio do surfe brasileiro, de onde ele veio, o que ele conquistou no tour... Um verdadeiro guerreiro dentro d'água, que tem muito talento e um histórico entre os melhores do mundo. Fora d'água, entre 10 pessoas que o conhecem, 11 adoram o cara.
Tatiana Weston Webb
Esta é "braba", destemida, determinada, não tem medo, vai pra cima, mas fora d'água é muito querida e educada.
Silvana Lima
É uma amiga pra vida, tem paralelo com o Jadson de tudo que ela construiu pelo surfe.
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