Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Crianças cada vez mais precoces começam a dominar a cena do skate mundial
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Eles são pequenos, fofos, super poderosos e alguns andam de skate melhor do que adultos.
A idade não tem sido fator impeditivo para uma nova geração de feras infantis começarem a dominar a cena do skate, alguns deles nem sequer saíram das fraldas.
É o caso do jovem russo Misha, ou melhor Mihonces, como é conhecido no Instagram.
Com apenas 4 ano, Misha ainda pode ser considerado um bebê, e tem um técnico chamado Gena Kakusha que ensina os primeiros passos para o jovem pupilo, um skatista em miniatura, que começou a carreira precoce aos 2 anos, e de fraldas.
Perto dali, em Kobe, no Japão, dois pequenos irmãos (Ema, 8, e Hiro, 4) também chocam as audiências. A principal delas é Ema que apesar de mal ter entrado na escola já consegue realizar uma sequência de giros 540 graus e até um improvável e fantástico 900 graus em halfpipes (meio tubo) de madeira, que chegam a mais de 3 metros de altura.
Essa "baby generation" também foi tema de debate durante a entrada do skate nas Olimpíadas de Tóquio, no ano passado, quando tanto na modalidade street quanto no park, os coroados eram atletas menores de 15 anos.
Com 13 anos, a japonesa Kokona Hiraki levou a medalha de prata e a nipobritanica Sky Brown, da mesma idade, levou o bronze. A campeã foi uma "quase adulta", a japonesa Sakura Yosozumi, na época com 19 anos.
No street, a predominância infanto-juvenil bateu a porta com a medalha de ouro para a japonesa Momiji Nishiya, de 14 anos. O bronze ficou com a compatriota Funa Nakayama, de 16 anos.
A brasileira Rayssa Leal foi medalhista de prata com apenas 13 anos, e se tornou a mais jovem atleta do Brasil a realizar tal feito.
Rayssa, hoje com 14 anos, se transformou em um fenômeno midiático instantâneo. Hoje, ela tem mais de 6 milhões de seguidores e dezenas de contratos publicitários se enfileirando.
Seu exemplo de leveza, alegria e conquista serviu de inspiração para milhares de pais, que começaram a incentivar os filhos a seguir seu exemplo e lotam as pistas em busca do surgimento de novos ídolos.
Enquanto as crianças se divertem, os pais se vestem de técnicos, coachs e empresários, sonhando com o ouro olímpico e com uma conta bancária bem gorda.
E assim, o skate deixa de ser um brinquedo de criança para um sonho de futuro.
Psicóloga da CBSK avalia a precocidade no esporte e dá dicas para os pais
A reportagem do UOL Esporte ouviu a psicóloga santista Juliane Fechio, da Confederação Brasileira de Skate (CBSK), mestre em Psicologia do Esporte e Doutora em Ciências da Saúde, que acompanhou a carreira de Rayssa Leal desde sua entrada no ciclo olímpico.
Juliane já acompanhou modalidades como futebol, futsal, natação e lutas, e, a partir desta semana, irá postar em sua página no Instagram dicas para os pais sobre crianças no esporte e a importância de um acompanhamento psicológico.
UOL Esporte - Qual a idade mínima ideal para se iniciar no esporte?
Juliane Fechio - O esporte contribui para o desenvolvimento integral da criança (ou seja, cognitivo, psicológico, social, físico e motor) e, por isso, a inserção da criança no esporte é sempre benéfica e quanto antes melhor. Lembrando que iniciação esportiva não envolve processos de treinamento com foco no rendimento, na competição nem competições regulares.
UOL Esporte - Na Rússia e Japão têm crianças andando como adultos, sendo que algumas mal saíram das fraldas. É normal isso?
Juliane - Japão, Rússia, China e Cuba são países com muitos talentos esportivos, mas a gente não sabe a que preço, mas dificilmente veremos algo saudável, embora o sucesso se diz ao fato de começarem muito cedo.
UOL Esporte - O que é preciso e quanto tempo leva para se formar um grande talento?
Juliane - Precisa de tempo de treinamento, treinador com talento, motivação do atleta, concentração, a presença dos pais, a construção de atleta expert que vai atingir a excelência. Precisa de horas, qualidade de treino e uma equipe multiprofissional. Quando começaram os estudos em excelência no esporte, houve um teórico que falou da teoria das 10 mil horas para não se perder um expert.
UOL Esporte - Depois do sucesso olímpico, muitos pais estão apostando no skate para os filhos obterem sucesso. Tem uma fórmula mágica?
Juliane - No Mundial de Roma, a Pamela Rosa era a única maior de idade. As que tiveram melhor desempenho eram na faixa de 13 e 14 anos. A minha preocupação é que os pais achem que temos um monte de Rayssas, e que terão o mesmo sucesso e talento que ela, porque ela é uma em um milhão. Estar envolvido no esporte de competição é uma coisa, chegar à elite é outra coisa. E chegar às Olimpíadas é outra coisa. Conseguir uma medalha, então, nem se fale. Às vezes, o sonho não é da criança, é dos pais.
UOL Esporte - Qual foi o seu papel no desenvolvimento da Rayssa?
Juliane - Enquanto psicóloga, eu fui favorável a entrada dela na seleção brasileira olímpica quando ainda era muito novinha (10 ou 11 anos). Eu considerei que estando na seleção ela teria todo o respaldo da equipe multiprofissional e meu acompanhamento para poder orientar os pais. A Rayssa teve todo esse apoio oferecido pela CBSK durante todo o ciclo, para identificar se as coisas estão caminhando bem, para que ela pudesse passar por esse processo de uma forma saudável.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.