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Documentário traz imagens inéditas de salto da estratosfera de Baumgartner
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Em 14 de outubro de 2012, o austríaco Felix Baumgartner entrou para a história ao quebrar, de uma única vez, três recordes dos esportes radicais. O paraquedista subiu ao limite da estratosfera em uma pequena cápsula espacial, levado pelo maior balão de hélio já produzido até então, e de lá saltou para a Terra.
Em seu traje especial, Baumgartner tinha apenas dez minutos de oxigênio para respirar desde o momento da abertura da cápsula até a aterrissagem em Roswell, no Novo México, local escolhido para sediar a última etapa do projeto Red Bull Stratos.
Ao pousar em segurança, o austríaco pôde comemorar uma série de recordes: foi o primeiro ser humano a quebrar a barreira do som em queda livre sem estar a bordo de um veículo e se tornou o homem mais rápido da história ao atingir a velocidade de 1.357 km/h. Ele também realizou o voo de balão tripulado mais alto e com o salto de maior altitude de todos os tempos (cerca de 39 km), com distância vertical em queda livre de cerca de 36 km.
O feito não chamou apenas a atenção das pessoas, mas também rendeu a Felix o Prêmio Laureus, considerado o 'Oscar' do esporte, por ser a personalidade do ano em esportes de ação. E agora o feito vai virar documentário.
10 anos após o salto, cenas inéditas da expedição serão reveladas hoje (14) em Space Jump: How Red Bull Stratos Capture the World´s Attention (Salto no espaço: como a Red Bull Stratos atraiu interesse mundial, em tradução livre).
Em entrevista exclusiva, conversei com o austríaco Felix Baumgartner sobre o projeto e como se sentiu sendo o pioneiro nesta façanha extraordinária.
UOL Esporte - Quais as novidades deste documentário sobre o Red Bul Stratos, o Space Jump?
Hoje, temos diferentes perspectivas daquelas de 10 anos atrás e o que aconteceu depois disso. Nesse período eu viajei ao redor do mundo e tive contato com pessoas interessantes como Tom Cruise e James Cameron, me tornei piloto acrobático de helicóptero, fiz corridas pela Audi. É muito interessante ver esse novo olhar.
UOL Esporte - Como você se sentiu naquele momento crucial do salto para a Terra, o que passou em sua cabeça?
Quando fui para fora da cápsula, eu não tinha tempo para pensar em nada naquele momento. Estava lá por negócios, tinha um 'check-list' e uma lista bem coreografada de coisas que eu tinha que fazer, estava muito focado com a comunicação e com o controle da missão (na Terra). Eu estava muito focado e concentrado, porque minha vida estava em jogo, e lá em cima, a 39 mil metros de altura, é um ambiente muito hostil, onde as coisas podiam dar errado muito rápido, sabia que não podia cometer nenhum erro senão eu poderia morrer.
UOL Esporte - Quais foram as lições que você aprendeu com o salto?
Esse foi o primeiro projeto que fiz com muita gente, antes era apenas eu e um paraquedas de base jump, solitário, e como paraquedista eu tomava minhas próprias decisões. Quando fui ao Rio de Janeiro (onde saltou do Cristo Redentor) fazer base jump, estava com uma pequena equipe de apoio, agora com o Red Bull Stratos é uma equipe gigante com um monte de cientistas, várias reuniões para solucionar problemas e, depois de oito horas, você volta com outros cinco novos problemas, é frustrante. Não estava acostumado com isso, e você tem de aprender a ter paciência, porque nada se movimenta rápido, e o que era pra levar dois anos, acabou levando cinco anos de preparação.
Para se manter focado e motivado é muito difícil. Outra boa lição foi que todos nos pensamos que o mais difícil era subir lá no alto, mas ninguém pensou que o maior problema que eu tive de enfrentar, mais do que descer em uma velocidade supersônica, foi ficar claustrofóbico dentro do meu traje espacial em terra. Eu tive de ficar um longo tempo dentro do meu traje, estava ficando muito ansioso, e tive de passar em terapia com um psiquiatra para conseguir ficar dentro daquele traje.
UOL Esporte - Se você tivesse a chance faria isso tudo de novo?
Não, porque não há mais a necessidade. Todas as perguntas e dúvidas que tínhamos antes do salto foram respondidas e compartilhamos esses dados com o mundo. É algo muito perigoso e arriscado, não há nada que iríamos ganhar com isso, por isso não faria novamente.
UOL Esporte - Você já esteve no Brasil antes. Conhece paraquedistas ou praticantes de wingsuit brasileiros?
Não, naquela época eu acredito que o base jump ainda era muito novo por aí. Eu também saltei do Dedo do Cristo. Gosto do Brasil, dos brasileiros, amo açaí, tomar água de coco, as praias... só tenho boas lembranças do Brasil.
UOL Esporte - O que você está fazendo atualmente e quais seus planos para o futuro?
Me tornei piloto acrobático de helicópteros e estou fazendo alguns shows aéreos, é um sonho antigo que consegui realizar. Sou palestrante, participo de eventos em várias partes do mundo para grandes empresas, e também estou trabalhando em algo novo, que ainda é segredo, algo que eu tinha em mente há alguns anos e estava atrás de quem pudesse me apoiar com essa ideia. Nos próximos anos vocês saberão.
UOL Esporte - Você gostaria de mandar uma mensagem para os seus fãs do Brasil?
Grandes sonhadores sempre vencem. Esta é uma das coisas que eu acredito, porque é algo que eu coloquei em mente quando eu era criança e sempre funcionou, eu fui bem-sucedido, todos os meus sonhos se realizaram, então continuem acreditando nos seus sonhos.
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