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Feira de sneakerheads em SP tem tufting, leilão e tênis de até R$ 100 mil
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Apaixonados por tênis se enfileiraram neste domingo, no bairro da Casa Verde, em São Paulo, para garimpar raridades luxuosas no maior evento de cultura sneaker do Brasil, a feira Sold Out, que está em sua 10ª edição.
Os sneakearheads, como são conhecidos esses aficionados por tênis, vieram de todas as partes do país para comprar, vender e sonhar com modelos exclusivos, caros e raros que chegam a valer inacreditáveis R$ 100 mil por um único par. E também tentar ganhar um "dinheirinho".
É o caso do trio de amigos Mateus Venâncio e os irmãos Jéssica e Pablo de Freitas, que vieram de Curitiba (PR) para ver novos modelos e aproveitar para tentar a sorte e vender três tênis da marca Nike, que custam em torno de R$ 700 cada.
Nesta feira, os visitantes (que desembolsam em média R$ 80 reais de entrada, mais R$ 50 de estacionamento) podem levar seus modelos novos ou usados para troca ou venda, desde que não coloquem no chão do espaço, nem carreguem malas com rodinhas - permitido somente para expositores.
Um desses visitantes que faz vendas eventuais é Felipe Okada, de 18 anos, que contou que já ficou 32 horas em uma fila de lançamento da marca Adidas para conseguir comprar uma sandália slide Yeezy, no estilo Crocks, por R$ 799.
Ele pretende revender o mesmo produto, agora "seminovo", por pelo menos R$ 1.300. "Nas revendas por aqui o menor preço é R$ 1.600", disse.
Quem também começou pequeno e agora montou sua própria reseller (revenda) é a dupla de jovens Ivan Rossetti (25) e José Arcas (26), que criou a Loja Sneak.
Para Rossetti, "de início a paixão por tênis me trouxe à feira, e depois se transformou em negócio, e agora temos colhido bons frutos desse projeto", comenta o jovem que entre seus produtos colocou à venda um Nike Dunk Low em colab com a marca de sorvetes Ben and Jerrys, avaliado em R$ 8.000.
Em uma mesa próxima da Sneak outro vendedor da revenda Gio, de nome Giovanni, exibe em uma caixa de madeira, um Nike Air Jordan Preto, com certificado de autenticidade, com um pedaço do piso de madeira da quadra do Estádio do Chicago Bulls. Pela raridade e excelente conservação, ele aceita ofertas a partir de R$ 25.000.
Basquete, djs, carrões, leiloes, tufting e tênis de R$ 100 mil
A Sold Out é um parque de diversões para os sneakerheads, que têm à disposição um desfile de marcas glamourosas como Balenciaga, Supreme, A Bathing Ape, Louis Vuitton, Primitive, Gucci, Anti Social Club e principalmente as duas vedetes do evento: Adidas Yeezy e Nike Air Jordan, unanimidade na maioria dos estandes.
Mas, além de tênis, outra novidade são tapetes artesanais coloridos, criados por um simpático vendedor carioca, que em um corner usa seu pequeno espaço de esquina para vender suas obras artesanais.
"O nome da técnica é tufting, e estou aqui não apenas para vender, mas para ensinar essa arte manual para todos", argumenta Igor Santos, de 36 anos, com vários clientes ao seu redor vendo sua "live tufting".
Neste mesmo pavilhão, além dos cerca de 80 revendedores, tem uma quadra de basquete 3x3 para testar alguns dos tênis, uma Lamborghini verde pichada em um dos estandes maiores, e um palco onde se apresentaram djs e rappers famosos como o Yunk Vino, mas também de pessoas comuns, como é o caso do distribuidor de skate Rodney Mario, que veio apenas para visitar, mas acabou participando de um leilão ao vivo e foi ao palco.
Saiu da feira com um Adidas Yeezy 700 com numeração refletiva por R$ 750, e nem viu se a numeração cabia no seu pé.
Evento começou como paixão por tênis, e hoje virou negócio lucrativo
O arquiteto paulistano Tiago Borges, de 32 anos, é um dos principais expoentes deste mercado, idealizado pela dupla Diego Paiva e Ingrid Palmeira, titulares da loja Pineapple, que organiza o evento.
Com cerca de 1.85m de altura, Tiago jogava basquete em 2005, e sua paixão pelos tênis fez com que ele se tornasse um sneakerhead influencer, especializado na cultura sneaker. Durante nossa breve entrevista estava vestindo um Nike Air Force 1 Linen, cor de creme, uma reedição de um modelo que foi lançado apenas no Japão em 2016.
Tiago conta que "a ideia surgiu como um encontro para reunir a galera que curtia sneakers, moda e street wear, e o primeiro evento foi em 2017 para umas 300 pessoas, e hoje conta com mais de 5 mil visitantes, mais de 80 lojas, shows, área de alimentação, e trazem produtos limitados que saíram aqui no Brasil, ou que nunca vieram para cá, mas que tem gente que traz, e movimentam a cena".
Para Tiago, que dita a moda urbana contemporânea jovem ao realizar suas lives diárias sobre o assunto, o alto valor dos tênis "diz respeito à quantidade mais limitada dos produtos. "Mas o público acaba elegendo alguns pares por causa do desejo, da cor, ou da colaboração e criam um valor agregado maior e criam um consenso", prossegue.
Sobre o tênis mais valioso da feira, ele cita uma colab entre a Nike e a Louis Vuitton, que foi um dos últimos trabalhos do designer Virgil Abloh (morto ano passado), que estava exposto na loja da Pineapple sendo um modelo de cerca de R$ 65 mil e outro que chegava ao R$ 100 mil.
Perguntado sobre quantos pares ele tem em sua coleção particular, Tiago desconversa, e cita um bordão que ele costuma dizer: "Eu tenho mais do que eu preciso e menos do que eu gostaria", finaliza.
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