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Breaking brasileiro batalha por vaga olímpica, mas escorrega no Mundial
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Eles chegaram perto, mas não o suficiente para quebrar a barreira pelo título mundial de breaking deste ano.
Estamos falando de Júlia Maia e Leony Pinheiro, representantes brasileiros da 19ª edição do Red Bull BC One, campeonato mundial de breaking que acontece neste sábado (12), em Nova York, e irá definir os novos campeões da modalidade tanto no masculino, quanto no feminino.
Maia e Leony fazem parte da primeira convocação da seleção brasileira de breaking que irá disputar os Jogos Olímpicos de 2024 em Paris, mas que ainda podem ser alterados em futuras convocações. Eles chegaram à fase internacional da Red Bull BC One para disputar a última chance de classificação em uma Cypher, seletiva em que os 60 melhores dançarinos do mundo, de 30 países, entram em confrontos diretos por cinco vagas finais de cada categoria do torneio.
Maia, de Brasília, e Leony, de Belém, chegaram com estilo e confiança ao local do campeonato, mas encontraram pela frente oponentes do nível dos canadenses Illz e Sasha Fox, que foram os algozes dos brasileiros em sua eliminação do torneio e estarão nas finais.
O UOL Esporte conversou com os dois brasileiros e cada um contou como foram as batalhas entre os garotos do breaking (b-boys, em inglês), e as meninas, as b-girls.
"Não estou me apegando a essa vaga, procuro viver cada momento. Eu já sou a melhor do mundo, as pessoas que ainda não sabem", se diverte Maia, que já foi campeã do Queen of the Floor, na Dinamarca, e top 4 do BC One E-Battle de 2022.
"O legal é ver pessoas que escreveram sua história por aqui, e eu estou aqui escrevendo a minha, a importância do BC One é a visibilidade, para poder mostrar minha arte para pessoas e abrir portas para nós como artistas brasileiros", comenta Maia, que também foi a primeira brasileira a chegar a final mundial do The Notorious IBE na Holanda.
Para Maia, a dança consegue quebrar paradigmas pois "existe um preconceito sistemático na sociedade, pois quando mulheres escolhem dançar uma estética de dança onde se vê pouca representatividade feminina, consideram ser mais masculina, mas não é verdade, não existe uma dança masculina e outra feminina, a arte é para todos", finaliza.
"Faltam eventos e incentivo para o Breaking crescer no Brasil"
Campeão brasileiro do Red Bull BC One em 2013 aos 17 anos, Leony Pinheiro, começou no breaking quando tinha apenas 12 anos, ao ver o primo chegando em casa girando de ponta-cabeça e contando que estava fazendo hip-hop.
Dai em diante, Leony nunca mais parou em sua carreira meteórica, que lhe rendeu títulos também em 2016 e 2017 e este ano conquistou o primeiro tetracampeonato nacional, que o credenciou para a seleção brasileira olímpica de breaking como líder do ranking atual.
"Sempre B-boy, as vezes atleta", é a frase do perfil no Instagram de Leony, que tem um filho de 2 anos e 8 meses chamado João Miguel.
Leony sempre quis conhecer Nova York pelo contexto histórico do surgimento do hip-hop e aproveitou para dar um rolê pela cidade, lembrando de sons dos anos 80 e 90 como dos artistas Eminem, 50 Cent, 2Pac, Notorious Big e Wu-tan Clan.
Para Leony, que já recebeu convites para morar fora do Brasil, o Breaking é um estilo de vida, mas na parte esportiva espera competir nas Olimpíadas de Paris, e para isso já tem listadas as etapas da corrida olímpica até os Jogos.
"O ranking valendo para 2024 começou há três semanas na Coreia do Sul, mas ano que vem terá o Pan-Americano, eventos continentais e o Campeonato Mundial", relata.
As Olimpíadas devem impulsionar o breaking de forma orgânica, assim como foi com o skate nos últimos Jogos (do Japão), e tem aparecido cada vez mais em comerciais de TV. Antes disso, aparecer na TV era uma luta, hoje é o contrário, a imprensa vem atrás para falar de Breaking"
Para o tetracampeão, "sempre falam de São Paulo e Rio de Janeiro, mas tenho visto muita evolução no Pará, e muita gente se inspira em mim, no Kley e na Mini Japa, mas nunca falam de Belém, pois não temos muitas oportunidades, tem pouco incentivo público e privado, não tem eventos, e as pessoas vão desanimando, até para quem dança e não tem condições de virem para São Paulo, onde os artistas ficam reféns de um ecossistema muito fraco", alerta.
"O breaking é uma batalha de estilos, meu trabalho e onde encontrei o meu propósito, e quando disse isso para minha mãe quando tinha 15 anos, ela me chamou de doido, me mandou ir estudar. Mas o breaking me fez entender pontos de vida diferentes e moldou a minha vida", resume.
Agora Leony retorna para São Paulo para seu último compromisso nos dias 18 e 19 de novembro com a final do Campeonato Brasileiro antes de entrar de férias e se preparar para treinamentos e eventos grandes a partir de janeiro.
"É voltar para o laboratório, rever algumas coisas para ver o que não deu certo e tudo o que eu aprendi e colocar e criar coisas novas, pois assim se renova para trazer novidades", adianta.
A transmissão das finais do Red Bull BC One será neste sábado, dia 12 de novembro, a partir das 20h neste link.
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