Hamilton começa temporada como favorito para hepta, mas motor preocupa

A Mercedes sobrou na primeira metade do campeonato e pôde dar-se ao luxo de tirar o pé na segunda parte e, ainda assim, ganhar os títulos de construtores e de pilotos, com Lewis Hamilton, com sobras. Em 2020, como as regras e até os compostos de pneus se mantêm estáveis, em teoria eles saem na frente. De fato, a Mercedes se mostrou superior nos testes coletivos da pré-temporada, realizados em fevereiro, mas também teve tantos problemas de confiabilidade que até mesmo o hexacampeão do mundo saiu do Circuito da Catalunha preocupado.

A temporada 2020 da Fórmula 1 é peculiar pela falta de mudanças em relação ao ano passado. Faz mais de 10 anos que não se tinha tanta estabilidade, tanto do lado das regras em si, quanto dos compostos de pneus.

Porém, mesmo com tantas semelhanças, os campeões mundiais começam o ano com dúvidas. A Mercedes foi a única a bater a marca de 900 voltas completadas nos testes, mas perdeu uma tarde inteira com problemas de pressão de óleo no motor, algo que seria isolado não fossem os outros dois motores que a cliente Williams teve de deixar pelo caminho em seis dias de atividades. Ainda mais depois que o próprio diretor da divisão de motores, Andy Cowell, tinha admitido que o desenvolvimento dos propulsores não tinha sido dos mais tranquilos, isso é, sim, uma preocupação para os hexacampeões: "Normalmente temos muito mais confiança nessa época de teste. Usamos três motores nos testes, então não é um cenário tranquilo para nós. Mas temos confiança que o pessoal da fábrica vai analisar e fazer o melhor que puderem para que comecemos bem o ano", avaliou Lewis Hamilton.

Ao mesmo tempo, é justo dizer que este aparenta ser o único porém da Mercedes antes da temporada começar. Diferentemente do que costuma acontecer, Hamilton se mostrou contente com o equilíbrio do carro desde a primeira vez que o pilotou, e o time pareceu conquistar os melhores tempos das duas semanas de teste com facilidade. Continuando a inovar mesmo dominando, como no caso do sistema DAS, que impressionou os rivais logo no segundo dia de teste, e que deve ser usado pontualmente - em classificações e relargadas, por exemplo - a Mercedes dificilmente será desbancada nesta temporada.

Mas e Hamilton? O inglês disse estar "mais forte do que nunca" e terá novamente como companheiro Valtteri Bottas, piloto que vem evoluindo ano após ano, mas que não consegue desafiar o hexacampeão e um dos melhores da história consistentemente. Assim como nos anos anteriores, Bottas estará correndo por sua carreira em 2020: ele tem contrato até o final do ano e se vê ameaçado por jovens que também têm sua carreira gerida pela Mercedes, como George Russell, que faz sua segunda temporada na Williams, e Esteban Ocon, que está de volta ao grid neste ano pela Renault.

Voltando a Hamilton, uma certeza da temporada é que seu nome será citado junto ao de Michael Schumacher várias vezes neste ano: além de poder igualar os sete títulos conquistados pelo alemão, Lewis também está a sete vitórias de chegar às mesmas 91 de Schumacher, marca absoluta na história da categoria.

Em termos de rivais, diferentemente do que aconteceu nos últimos anos, a principal desafiante da Mercedes não parece ser a Ferrari desta vez, mas sim a Red Bull. No segundo ano da parceria com a montadora Honda, o time diz estar com um projeto mais bem integrado e Max Verstappen e Alex Albon não tiveram grandes problemas de confiabilidade durante os testes de pré-temporada. Mais do que isso, eles fizeram simulações de corrida consistentes e não tentaram tirar o máximo do carro ainda. A Red Bull é conhecida como uma equipe que sabe desenvolver bem o carro ao longo da temporada, o que pode levar a um ano mais disputado do que a lógica pode apontar.

As respostas para estas questões começam a ser dadas na etapa de abertura da temporada, ja na madrugada do próximo domingo, na Austrália.