Proposta de Ecclestone para salvar F1 de colapso por covid-19 tem "Série B"
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Uma Fórmula 1 sem temporada em 2020, com regras estáveis por três anos, e a adoção de uma espécie de série B. Nas últimas semanas, o ex-chefão da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, vem aparecendo sistematicamente na imprensa opinando sobre o que a categoria deve fazer para sobreviver ao coronavírus, que classifica como "a maior ameaça da história" do esporte.
Aos 89 anos e esperando o primeiro filho com a esposa brasileira Fabiana Flosi, Ecclestone vendeu os direitos comerciais da Fórmula 1 em 2016 para o grupo norte-americano Liberty Media, e não tem mais qualquer poder dentro do esporte. Ele deixou claro também que não quer comprar a categoria, que liderou por quase 40 anos, de volta, mas parece ter respostas para todos os desafios que o covid-19 trouxe.
Especialmente nos últimos anos de seu comando na Fórmula 1, Ecclestone ficou marcado por ideias que não funcionaram como o esperado e logo foram abandonadas, como dobrar os pontos na última etapa e alterar o formato de disputa da classificação. O britânico também deu algumas sugestões que soaram mais como ironias, como colocar irrigadores de jardim nas pistas para que elas ficassem molhadas aleatoriamente.
Mas o que Ecclestone faria em tempos de coronavírus?
Primeiramente, ele já disse que desistiria de realizar a temporada pela dificuldade em se prever como a situação vai se desenhar a médio prazo. "Mesmo se a pandemia não for um problema em seis meses, não será fácil para a F-1 fazer corridas porque são muitas coisas para cuidar. Os promotores precisam assumir o risco de ter eventos sem saber se será possível ter público. Não dá, também, para fazer uma prova com muito frio. E as pessoas planejam o que vão fazer. Elas não decidem, por exemplo, que vão para Silverstone de uma hora para a outra. Com tudo isso resolvido, precisa ter participantes. Vai estar todo mundo vivo e pronto para competir?"
Ao defender que a temporada seja simplesmente abandonada, Ecclestone estaria abrindo mão de mais de 1 bilhão de dólares que a F1 movimenta durante uma temporada, deixando de pagar, inclusive, as equipes. Isso geraria uma situação extremamente delicada para as equipes - e também difícil para a própria Liberty Media - mas o ex-chefão teria uma solução: "Eu não mudaria as regras por três anos. E a principal mudança seria criar um campeonato de equipes. Você continuaria com o campeonato de pilotos e de construtores para os quatro grandes."
A divisão aconteceria por motivos financeiros: criando uma espécie de primeira e segunda divisões entre as equipes, seria possível fazer com que os times que estão em dificuldades financeiras operassem com um orçamento bem mais baixo, de menos de 40 milhões de dólares. Atualmente, estas equipes gastam até 250 milhões, enquanto os gastos dos quatro grandes podem superar os 400 milhões.
E Bernie não pararia por aí: "Eu daria para esses times menores dois carros e dois motores por temporada. Então faria regras diferentes, com carros mais leves e mais potentes para que essas equipes com orçamento menor terem uma boa chance de chegar no pódio ou vencer uma corrida, com sorte. No final dos anos, quem tiver o melhor desempenho entre eles ganha o campeonato de equipes."
A F-1 está discutindo uma solução que não é tão radical quanto a proposta por seu ex-dono, mas vai pelo mesmo caminho: a adoção de dois níveis diferentes de tetos orçamentários, um para quem fabrica seu carro inteiro e outro para as equipes clientes. O problema é que não há apenas estes dois modelos de negócio. McLaren e Williams, por exemplo, compram os motores, mas fabricam a maior parte de seus carros, ao passo que a Haas, por exemplo, compra até mesmo o chassi.
Polêmica da Ferrari: "Jamais teria permitido aquilo"
Ecclestone não parou por aí: perguntado sobre o acordo confidencial firmado entre a Ferrari e a Federação Internacional de Automobilismo no começo deste ano a respeito das suspeitas que recaíam sobre o motor italiano, o britânico disse que, se estivesse no poder, "jamais teria permitido isso. O que é isso? Ou alguém é culpado, ou não."
O presidente da FIA, Jean Todt, disse que a entidade não ficou satisfeita com as explicações que a Ferrari deu, mas decidiu não levar a questão adiante por não conseguir provar que havia algo de errado. E também não pode divulgar os detalhes do que foi encontrado porque isso faz parte do acordo firmado com os italianos. "O comunicado da FIA parece uma admissão de culpa por parte da Ferrari. Por que eles teriam se envolvido no processo?", questionou Ecclestone, que aconselhou os rivais a processar a FIA. "No final das contas, estamos falando de milhões de dólares que foram distribuídos de acordo com a posição deles no campeonato.
Quando houve aquele caso de espionagem da McLaren, não chegou a ir ao tribunal porque eles foram desclassificados e tiveram que pagar 100 milhões de dólares. Tudo foi feito de forma transparente", relembrou o chefão, referindo-se a um caso que ele ajudou a resolver em 2007. Desta vez, contudo, é improvável que a F-1 lhe dê ouvidos.
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