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F-1 fica de olho em investimentos de Toto Wolff e bilionário canadense

Toto Wolff, chefe da Mercedes e agora acionista da Aston Martin - Lars Baron/Getty Images
Toto Wolff, chefe da Mercedes e agora acionista da Aston Martin Imagem: Lars Baron/Getty Images

Colunista do UOL

23/04/2020 12h00

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A Fórmula 1 está com suas atividades paradas, inclusive com muitos dos funcionários das equipes sem trabalhar e recebendo salários subsidiados pelo governo britânico, mas os milionários do esporte seguem manobrando nos bastidores e fechando negócios que podem trazer desdobramentos políticos na categoria. É o caso do chefe e acionista da Mercedes, Toto Wolff, que comprou ações também na Aston Martin, e do empréstimo feito à Williams pelo pai do novo recruta da equipe, Nicholas Latifi.

Não é a primeira vez que Wolff faz uma manobra em que se envolve em mais de uma equipe ao mesmo tempo. O austríaco entrou na F-1 como investidor da Williams, há 12 anos, e chegou a ter ações do time inglês e da Mercedes ao mesmo tempo. Agora, ele apareceu investindo mais de 45 milhões de dólares na compra de parte das ações que pertenciam a um consórcio comandado por Lawrence Stroll, o mesmo que, recentemente, assumiu o controle da marca britânica Aston Martin.

Como Stroll também comanda o consórcio que adquiriu a equipe Racing Point em meados de 2018, o projeto é mudar o nome do time para Aston Martin a partir do ano que vem e usar a publicidade na Fórmula 1 para alavancar a marca, que passa por um momento financeiro complicado.

O bilionário Stroll, que é pai de Lance Stroll, piloto da Racing Point, é especialista neste tipo de manobra, tendo ajudado na recuperação de grandes empresas como Ralph Lauren e Tommy Hilfiger. Vindo do mercado financeiro, Wolff se aproximou de Stroll ainda quando o canadense investia na Williams, e agora viu a oportunidade de também apostar na Aston Martin. Em teoria, o investimento de Wolff é na montadora que, por sua vez, é apenas uma patrocinadora da equipe que vai levar seu nome. Para colocar mais pimenta na história, a Racing Point tem ampla parceria técnica com a Mercedes.

O austríaco, contudo, segue como acionista da Mercedes, equipe da qual também é chefe. Além disso, ele também controla a operação da geral da Mercedes (também como fornecedora de motores) na F-1. Ele tem a opção de vender suas ações no final deste ano, quando também acaba seu contrato atual para chefiar o time.

Wolff e Stroll foram dois dos investidores que deixaram a Williams nos últimos anos. O time, que vem amargando a lanterna dos últimos campeonatos, agora conta com o dinheiro de outro bilionário canadense, do ramo de alimentos, Michael Latifi. Como Stroll, Latifi também usou seu poderio financeiro para garantir um lugar para o filho, Nicholas, que estreia na F-1 neste ano. Uma das companhias de Latifi fez um empréstimo de estimados 60 milhões de dólares para o refinanciamento de dívidas da Williams. Como garantia, a equipe deu, entre outras coisas, sua coleção de carros antigos, avaliada em 25 milhões de dólares e que inclui sete carros campeões do mundo na F-1.

Com a Sofina Foods, Latifi já aparecia como patrocinador da Williams. Mas ele, a exemplo de Wolff, não investe apenas em uma equipe: desde 2018, é acionário da equipe McLaren, time do qual tem cerca de 10% das ações e que é controlado por Mansour Ojjeh e pelo fundo barenita Mumtalakat.

Os investimentos de Latifi e Stroll são bem-vindos para a Fórmula 1 em um momento de incertezas causadas pelo coronavírus. A categoria tem em curso um plano de começar sua temporada 2020 em julho, ao mesmo tempo em que os chefes das equipes negociam com os dirigentes da categoria qual o valor do teto de gastos que entrará em vigor ano que vem. O valor atual com que as equipes trabalham é de 145 milhões de dólares e exclui gastos com marketing, salários dos pilotos e os outros três maiores vencimentos. Originalmente, o teto era de 175 milhões de dólares.