Calendário aberto devido à covid-19 faz GPs antigos tentarem retorno à F1
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A Fórmula 1 anunciou na semana passada o plano de fazer de 15 a 18 GPs em 2020, mesmo em meio à pandemia do coronavírus. A ideia é dividir o campeonato por região, começando com provas na Europa a partir de julho. Mas há quem duvide que será viável para a categoria deixar o Velho Continente tão cedo quanto os dirigentes imaginam, e isso está animando pistas que não estão no calendário.
Imola já se ofereceu, Hockenheim foi sondada pela Liberty Media, que detém os direitos comerciais da F1, e os donos do circuito do Algarve, em Portugal, disseram que estão prontos caso haja interesse. Mas as chances de qualquer um deles de fato receber a Fórmula 1 neste ano é mínima.
Hockenheim foi sondada pela F1 para voltar
Há obstáculos mesmo no caso da Alemanha, sonada pela própria Liberty. O projeto da F1 é começar a temporada dia 5 de julho, na Áustria, em um ambiente totalmente controlado: apenas cerca de 1000 pessoas viajariam para a etapa com voos fretados, tendo seu percurso restrito do hotel para o circuito e sendo testados a cada dois dias, com teste privados, produzidos pela Formula Medicine, empresa que presta serviço para a categoria. Como outro país que já deu o ok para receber a etapa é a Hungria, ter também um GP no sul da Alemanha faria sentido do ponto de vista logístico: a pista de Hungaroring fica a 420km do Red Bull Ring, da Áustria, e Hockenheim fica a menos de 1000km da pista húngara.
Manter o campeonato em uma região na qual as medidas de isolamento social já começaram a ser aliviadas daria mais tempo para a Inglaterra, que receberia corridas ainda em julho, resolver seu impasse. O Reino Unido acaba de se tornar o segundo país com mais mortes por coronavírus, atrás apenas dos Estados Unidos, a população ainda não tem prazo para sair do lockdown e o governo negocia como e quando será a retomada dos eventos esportivos. E há a expectativa de o país impor quarentena para todos os que entrarem em seu território.
O caso de Hockenheim é único porque a F1 estava correndo lá até o ano passado, ou seja, sabe o que encontrar e o circuito não precisa de melhorias. Além disso, o know-how permitiria montar a estrutura necessária (muito menor do que a geralmente usada no GP) em pouco mais de uma semana. Ainda assim, receber a categoria só faria sentido para os promotores locais se fosse possível ter algum lucro, ou seja, alugando a pista para a Liberty Media, e caso a principal barreira caísse: no momento, grandes eventos estão proibidos na Alemanha até 31 de agosto. Com uma operação de, no máximo, 300 pessoas, haverá a tentativa de retomada do Campeonato Alemão de futebol no final de maio, o que pode fazer com o governo altere sua recomendação (tanto no sentido de apertá-la, caso o número de infecções volte a crescer, como do contrário)
É a hora de voltar a pistas antigas?
O exemplo da Alemanha mostra como é difícil apostar no retorno de pistas ao calendário nas condições atuais. Imola, na Itália, vem pleiteando receber a F1 há algum tempo mas, com Monza sob contrato e pagando em torno de 20 milhões de dólares para receber o GP por ano, com dinheiro público, como a Liberty Media alugaria outro circuito para receber uma etapa? E, do lado dos promotores, não faria sentido custear a prova, principalmente sem poder vender ingressos.
No caso da pista de Algarve, em Portugal, além dos fatores anteriores, há a questão da distância: do ponto de vista da logística, o transporte dos equipamentos, que é feito por via terrestre, é um grande entrave. Ainda mais em um cenário no qual o valor do frete por via aérea subiu muito devido à demanda decorrente da pandemia. Em relação ao Estoril, que recebeu o GP de Portugal até 1997, as questões logísticas se somam às financeiras, o que torna um retorno à pista praticamente impossível. Outros circuitos, como Brands Hatch e Donington Park, na Inglaterra, e Zolder, na Bélgica, não estão licenciados pela Federação Internacional de Automobilismo para receber a F1.
Não é por acaso que a Fórmula 1 não anunciou o calendário 2020 além do início na Áustria - que ainda depende que o país não seja atingido por uma segunda onda de infecções nos próximos meses. O plano é correr na Europa até setembro e, então, partir para a Ásia. As Américas ficariam para outubro e novembro e o Oriente Médio, para dezembro. O foco é chegar a pelo menos 15 provas para evitar grandes perdas com os direitos de transmissão.
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