Mercado de pilotos da F1 tem movimento inédito com Vettel livre e pandemia
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O anúncio de que Sebastian Vettel não vai renovar seu contrato com a Ferrari e deixará o time no final de 2020 é a primeira peça que se mexe em um mercado de pilotos que deve ser bastante diferente do normal devido às incertezas trazidas pela pandemia do coronavírus. Afinal, a covid-19 está atrasando o início da temporada pelo menos até julho e já alterou os planos da grande mudança de regras pela qual a F1 vai passar em 2022 (que ocorreria em 2021, mas foi adiada). Vettel agora está livre para negociar seu futuro, e está longe de ser o único: Lewis Hamilton, Valtteri Bottas, Daniel Ricciardo e a maior parte do grid não têm contrato para o ano que vem.
Nem Vettel, nem a Ferrari deixaram claro qual será seu futuro. O caminho mais óbvio para o alemão seria a Renault, ficando com a vaga de Daniel Ricciardo. O australiano, que se decepcionou com o rendimento do time ao qual se juntou ano passado, iria para a McLaren na vaga de Carlos Sainz Jr., primeiro nome na lista da Ferrari para a sucessão de Vettel.
É sabido que a Ferrari se reuniu com Hamilton em algumas oportunidades ano passado, mas o inglês já disse que sua prioridade é renovar com a Mercedes no que seria seu último contrato na F1. O hexacampeão tem 35 anos e costuma fazer contratos de três temporadas.
Quem estaria interessado na vaga ferrarista e corre por fora é Valtteri Bottas. O finlandês tem tido seus contratos na Mercedes renovados ano a ano, sempre dependendo de seu desempenho na primeira metade do campeonato, e agora está em posição difícil, como vários outros, já que o plano na F1 é começar a temporada apenas em julho devido ao coronavírus.
Quem não tem contrato?
Além de Vettel, que também já deu indícios de que poderia deixar a Fórmula 1 por estar descontente com o novo regulamento e o calendário inchado da categoria, outros pilotos também não têm o futuro definido. Quatorze dos 20 pilotos do atual grid estão sem contrato para 2021: Hamilton e Bottas na Mercedes, Alex Albon na Red Bull, Ricciardo na Renault, Sainz na McLaren, Kvyat e Gasly na AlphaTauri, Giovinazzi e Raikkonen na Alfa Romeo, Russell e Latifi na Williams, Grosjean e Magnussen na Haas.
Tradicionalmente, os primeiros movimentos do mercado de pilotos começam em maio, e se intensificam em agosto e setembro. Mas como a pandemia vai afetar as negociações? Caso o plano com que a F1 trabalha atualmente funcione, isso significa que seriam realizadas pelo menos 15 corridas em seis meses, entre julho e dezembro, aumentando ainda mais a pressão para que esses pilotos mostrem serviço. Não é por acaso que Ricciardo recentemente disse esperar que as primeiras corridas "vão ser praticamente um caos porque estará todo mundo enferrujado e ao mesmo tempo empolgado e correndo com vontade. Todo mundo vai estar pronto para ir para cima". O mesmo tempo em que correm por seu futuro na F1.
Como coronavírus afeta o mercado de pilotos
O fato da maioria dos contratos do grid terminarem ao final deste ano não era por acaso na F1: antes da pandemia, a expectativa era de que esta fosse uma temporada de transição, antes que mudanças fundamentais fossem implementadas no regulamento, e os próprios contratos das equipes com a F1 fossem renovados. São estes contratos que definem a quantia que cada time recebe dos direitos comerciais.
Então, ao mesmo tempo em que os pilotos estariam mostrando serviço na pista para tentarem impressionar equipes maiores, os grandes nomes estariam de olho em quem parecia estar mais bem preparado para as novas regras, e as equipes saberiam quanto teriam para gastar nas próximas temporadas.
O coronavírus mudou totalmente o cenário: mesmo nas expectativas mais otimistas, a F1 não deve realizar mais de 18 provas neste ano, o que significa que arrecadará menos dinheiro (e dividirá menos para o times, que também devem perder em patrocínios). Para evitar um colapso financeiro, foi definido que as novas regras ficarão para 2022, com um detalhe importante: o teto orçamentário, que seria implementado depois das regras técnicas, agora entra em vigor já no ano que vem e com um limite ainda mais baixo do que o acertado anteriormente (145 milhões de dólares ao invés de 175 milhões). Isso significa que times grandes, como Mercedes, Ferrari e Red Bull, terão de adaptar sua operação para funcionar com cerca de metade do orçamento atual.
Ainda que os salários dos pilotos não entrem nesta conta, a expectativa é que a F1 em si tenha menos dinheiro para gastar e seja difícil negociar os contratos no mesmo nível dos atuais. Sorte de quem fechou acordos logo antes da pandemia, como Charles Leclerc, contratado pela Ferrari até o final de 2024, e Max Verstappen, que ganharia 40 milhões de dólares por ano na Red Bull até 2023.
Portanto, ao mesmo tempo em que a expectativa é que os novos salários sejam menores nos times grandes, aumenta o valor do piloto apresentar um bom pacote - com talento e patrocinadores fortes - para angariar vagas no meio do pelotão.
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