Inglês "impaciente" é o grande rival de Vettel por uma vaga na Mercedes
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A temporada de 2020 da Fórmula 1 vai começar dia 5 de julho, na Áustria, e tudo indica que Sebastian Vettel não saberá se estará iniciando seu último campeonato na categoria. A Ferrari não renovou o contrato do tetracampeão, que se encerra em dezembro, e a única equipe que o colocou como uma das possibilidades para o futuro até aqui é a Mercedes. Mas nem no time hexacampeão do mundo Vettel aparece no topo da lista de prioridades: Valtteri Bottas afirmou recentemente que a equipe lhe garantiu que o alemão já não tem chances de ficar com sua vaga, e o chefe da equipe, Toto Wolff, já afirmou que George Russell, atualmente na Williams, tem mais chances.
"Antes de tudo, não é só boato", disse o austríaco sobre o fato de a Mercedes considerar Vettel. "Acho que devemos a um tetracampeão não apenas chegar e dizer logo de cara 'não'. É preciso avaliar. Por outro lado, temos uma dupla fantástica e estou contente com nossos pilotos, e com George."
O britânico Russell tem, ao mesmo tempo, um contrato com a Williams, que também se encerra em dezembro, e com a Mercedes, que apoia sua carreira desde 2017, quando ele ainda estava na GP3 (hoje Fórmula 3). E nunca escondeu que pretende dar um passo adiante na carreira em 2021.
Apesar de não ter tido grandes oportunidades de mostrar seu talento no campeonato do ano passado, já que a Williams tinha, disparado, o pior carro, Russell terminou o ano sem ter perdido uma vez sequer para o então companheiro Robert Kubica em classificações, mas acabou o ano atrás do polonês, que marcou um ponto no GP da Alemanha, sob chuva.
Vencedor na base
Mas toda a fama de Russell foi construída antes de ele chegar na F1. Vencedor de diversos títulos no kart, incluindo o europeu, ele foi contemporâneo de Antonio Giovinazzi, da Alfa Romeo, Lando Norris, da McLaren, Alex Albon, hoje na Red Bull, e Charles Leclerc, cuja temporada de estreia na Ferrari foi fundamental para a saída de Vettel.
Da F4 à F2, Russell ficou entre os três primeiros em todas as categorias que disputou, tendo sido campeão da F4 Britânica em 2014, segundo no europeu de F3 em 2016, campeão na GP3 em 2017 e na F2 em 2018. Este último título, inclusive, foi conquistado após uma briga com Norris e Albon.
Entrevistado em seu ano de estreia pelo UOL Esporte, Russell se definiu como "um cara muito impaciente. Não gosto de esperar. E sou muito competitivo." Wolff sabe muito bem disso, e sabe também que sua atual dupla - Lewis Hamilton tem 35 anos e Valtteri Bottas faz 31 em agosto - é considerada velha para os padrões da F1 de hoje (a Ferrari e a Red Bull, se seguir com Albon, terão duplas com pilotos de entre 23 e 26 anos em 2021). Não faria sentido, então, perder a chance de recrutar um jovem talentoso como Russell.
Mais do que talento, estes jovens trazem uma nova cara para a categoria, como ficou claro durante os meses de incerteza em relação ao calendário deste ano devido ao coronavírus, quando a F1 promoveu corridas usando seu jogo oficial de videogame, o F12019. Essa geração da qual Russell faz parte abraçou a ideia e mostrou um outro lado, com piadas e brincadeiras. O britânico, inclusive, usou as corridas de esports para mostrar toda sua competitividade, e está liderando o campeonato virtual com uma etapa para o fim.
"Eu diria que somos mais maduros", disse Russell ao UOL Esporte. "Eu sempre era o cara mais novo nas categorias por que passei, então sempre convivi com gente mais velha que eu e isso ajuda. Entendi mais cedo o que era necessário. Espero que possamos dar uma injeção de algo novo na F1. Sabemos que a categoria não seria o que é sem os fãs e acreditamos que é importante dar algo de volta para eles porque eles mantêm o esporte vivo. Então somos uma geração que tenta ser mais ativa nas mídias sociais e tenta interagir mais."
Apesar de toda a vontade de ter um carro competitivo, como alguns dos pilotos com quem dividiu as pistas por boa parte da carreira, Russell vai ter que esperar. Toto Wolff já deixou claro que quer esperar a temporada 2020 começar para avaliar se chegou, mesmo, a hora de trocar de dupla de pilotos.
As negociações para a renovação do contrato de Lewis Hamilton começaram, ainda que Toto garanta que seja uma questão de "atualizar os números e rever os termos", uma vez que a relação entre ele e o hexacampeão é de muita confiança. Mas o dirigente acostumou-se, também, a considerar a possibilidade de ter uma surpresa. "Nunca se sabe. Um deles pode decidir que não quer mais pilotar e teremos um lugar vazio." Wolff se refere ao que a Mercedes viveu quando Nico Rosberg anunciou a aposentadoria logo depois de vencer o campeonato de 2016. Já com o mercado fechado, ele pinçou Bottas, então da Williams e ligado à Mercedes, para ficar com a vaga.
Há ainda a especulação sobre o futuro do próprio Wolff, chefe e acionista da Mercedes, dentro da equipe. "Não quero me tornar um chefe de equipe que vai de ótimo para bom sem perceber que ele não está adicionando tanto para a equipe quanto no começo. Ainda sinto que posso contribuir muito, mas claro que estou avaliando meu futuro."
É nesse cenário nebuloso na Mercedes que Vettel acredita que teria chance. O alemão não parece interessado em vagas em equipes no meio do pelotão, como a Renault, e os chefes da Red Bull já disseram que um retorno ao time em que ele foi tetracampeão não é possível. Além da aposentadoria, outro caminho potencial para Vettel seria ficar de fora um ano e tentar um retorno com a Aston Martin (atual Racing Point), que vem tendo alta injeção de capital e pode se tornar uma opção interessante.
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