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O calendário acelerou e os carros congelaram: o que mudou na F1 com a covid

A Áustria vai receber as duas primeiras etapas da F1 em 2020 - Leonhard Foeger/Reuters
A Áustria vai receber as duas primeiras etapas da F1 em 2020 Imagem: Leonhard Foeger/Reuters

Colunista do UOL

12/06/2020 04h00

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Não foi apenas a data de início que teve que ser adiada em quase quatro meses: a pandemia do coronavírus gerou mudanças importantes na temporada da Fórmula 1, que começa dia 5 de julho, na Áustria. Desde o desenvolvimento dos carros até as próprias cerimônias de pódio tiveram de ser revistas, em um campeonato que tem tudo colocar a resistência de pilotos e equipes à prova.

Como a covid-19 já mudou a temporada 2010 da F1:

Calendário será menor e mais apertado

A Fórmula 1 só divulgou as datas das oito primeiras corridas e a expectativa é de que pelo menos algumas outras datas sejam confirmadas até o final do mês. Mas já deu para equipes e pilotos verem o que vem pela frente: eles só terão dois finais de semana de folga entre o GP da Áustria de 5 de julho e o GP da Itália de 6 de setembro, oitavo GP do ano. É uma situação única na história, e que vai forçar a preparação física e mental de todos. E a tendência é que o campeonato siga nesse ritmo "acelerado" até o final: como o plano é de fazer 15 a 18 provas até 13 de dezembro, isso significa a realização de até 3 provas por mês, incluindo longos deslocamentos de uma corrida para a outra.

Pilotos vão começar a temporada sabendo que estão de saída

O atraso no início da temporada, que estava marcada para iniciar em março, antes da pandemia, acabou gerando outra situação muito rara: alguns pilotos vão começar a temporada 2020 sabendo que estarão de casa nova em 2021. Será o caso de Carlos Sainz, contratado pela Ferrari e atualmente na McLaren, e Daniel Ricciardo, que já sabe que irá da Renault para a vaga do espanhol na McLaren. E Sebastian Vettel também já sabe que fará sua última temporada pela Ferrari e, talvez, na F1. Isso pode gerar situações complicadas, como a aplicação de ordens de equipe na Scuderia que Vettel não teria tanta preocupação em não aceitar, e uma certa dificuldade para Ricciardo na Renault, já que o time o contratou a peso de ouro em 2018 e o australiano saiu na primeira oportunidade que teve.

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Profissionais terão de usar proteção pelo menos nas primeiras corridas
Imagem: Mercedes/Dilvulgação

Desenvolvimento dos carros praticamente congelado

Como uma das medidas adotadas para limitar os gastos nesta temporada, antes da adoção do teto orçamentário, que foi antecipado para 2021, o desenvolvimento de carros e motores estará praticamente congelado. Basicamente, cada equipe terá dois tokens (como se fossem fichas) para usar ao longo do ano em mudanças, com parte das homologações começando antes mesmo de os carros irem para a pista na primeira corrida, e a segunda antes da oitava etapa. E o regulamento vai se manter estável no ano que vem, a exemplo do que já havia acontecido entre 2019 e 2020. E a história mostra que o rendimento dos carros tende a convergir quando isso acontece, embora a Mercedes tenha mostrado superioridade nos testes. A pré-temporada realizada em fevereiro, inclusive, será a única referência, já que não são permitidos testes privados na F1 com carros atuais.

Duas corridas no mesmo circuito

Por conta das restrições às viagens causadas pela pandemia, pela primeira vez em 70 anos de história a F1 terá corridas em dois finais de semana seguidos em uma mesma pista. Já está certo que isso vai acontecer nas duas primeiras etapas, na Áustria, e na terceira e quarta, na Inglaterra. E é possível que se repita outras duas vezes (na Rússia e no Bahrein). Isso está gerando muita preocupação pela possibilidade de as corridas serem previsíveis, e a F1 tentou emplacar uma ideia para movimentar essas "rodadas duplas": ao invés da classificação, seria feita uma mini corrida, com grid invertido em relação à classificação do campeonato, para definir as posições de largada da corrida de fato. É algo que já está em discussão faz tempo, mas não teve o apoio da hexacampeã Mercedes e foi descartado. Agora, a tentativa é adaptar a alocação dos pneus para gerar algo diferente. Mas qualquer proposta precisa ser aprovada por todas as equipes para seguir adiante.

GPs sem cerimônias tradicionais e celebridades

Pelo menos nas primeiras provas do campeonato e enquanto os países estiverem observando medidas de distanciamento social, todo o cerimonial da F1 será diferente. A categoria ainda não detalhou quais serão as mudanças, mas os pilotos não ficarão mais perfilados durante a reprodução do hino nacional no grid, não darão entrevista um ao lado do outro depois da classificação e da corrida, e a antessala do grid também será diferente. As celebridades que sempre prestigiam os eventos ficarão de fora das primeiras etapas, que serão cobertas de cuidados para evitar que a covid-19 se espalhe no paddock. Os membros das equipes serão continuamente testados e separados em mini-bolhas para diminuir o número de pessoas com que entrarão em contato.