Calendário da nova F1 e pandemia atrapalham até "contrabando" das equipes
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As mudanças na volta da Fórmula 1 às pistas não vão se limitar a corridas sem público e cerimônia de pódio, uso de máscara ou profissionais passando por testes contínuos e em isolamento nos hotéis. O campeonato apertado devido à pandemia e as restrições a viagens são outros fatores que vão complicar uma prática comum entre as equipes: o envio de peças usando funcionários.
Isso é um algo que já ocorre há muitos anos e serve tanto para garantir a chegada de peças novas, que não puderam ficar prontas antes que o restante do equipamento fosse enviado à pista, quanto de peças de reposição. Para que elas cheguem rapidamente à pista, as equipes simplesmente pagam a viagem para um funcionário, que leva a peça em sua bagagem.
Mas agora, com todas as restrições da Fórmula 1 pelo menos nas etapas iniciais do campeonato, que começa dia 5 de julho, na Áustria, esse trânsito será interrompido, até porque as equipes viajarão em voos organizados pela própria categoria, para evitar contato externo. Em relação a peças novas, isso não seria um problema, já que uma das medidas para diminuir os custos desta temporada é o praticamente congelamento do desenvolvimento aerodinâmico. Mas a questão das peças de reposição se tornou uma dor de cabeça para as equipes.
Para piorar, o calendário divulgado até agora prevê a disputa de oito provas em dez finais de semana, e a expectativa é que seja adicionada mais uma corrida na Itália ao final desta sequência, totalizando nove GPs em 11 finais de semana. E o início será justamente no Red Bull Ring, conhecido pelas zebras altas, "inimigas" de assoalhos e asas dianteiras.
"É um desafio único para nós porque, se você tiver duas corridas seguidas, envia o necessário para fazer uma corrida e ter algumas peças de reposição para a segunda", explicou o chefe operacional da Mercedes, Rob Thomas.
"Se você tiver um problema na primeira corrida, dá para administrar a segunda, já que as peças de reposição estão lá. Mas tendo três corridas seguidas, de repente você pode ficar sem peças suficientes. Essa é uma grande dor de cabeça para nossa fábrica, para assegurarmos que os caras lá na pista tenham as peças de que precisam."
Até agora, já está certo que haverá duas sequências de três corridas em finais de semana seguidos (duas na Áustria e uma na Hungria no início da temporada, e duas na Inglaterra e uma terceira na Espanha entre o fim de julho e o início de agosto). E há a expectativa de que uma segunda corrida na Itália seja confirmada, gerando uma terceira rodada tripla (começando com o GP da Bélgica, no final de agosto).
O fato das fábricas das equipes terem ficado fechadas por mais de 60 dias por conta do lockdown na Europa e também seguindo determinação da federação de automobilismo, gera mais um fator complicador, já que a produção de peças de reposição foi atingida.
"Poderíamos ter várias peças de reposição, mas é muito caro e não queremos desperdiçar, e sim ser eficientes. Então é algo que temos de julgar. O que vamos fazer é tentar identificar as peças que têm mais chances de quebrarem durante a corrida e nos certificar que possamos produzi-la rapidamente."
Isso, no caso da toda-poderosa Mercedes. Para equipes com orçamento mais apertado, preservar ao máximo os carros será importante em um campeonato que está se desenhando para ter 18 corridas entre 5 de julho e 13 de dezembro.
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