Desejo de estar no topo do esporte explica retorno de campeões como Alonso
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A notícia do retorno de um campeão mundial à Fórmula 1, como Fernando Alonso fará em 2021, pela Renault, não é novidade na categoria. Desde a volta do piloto com mais títulos na história da categoria, Michael Schumacher, até Nigel Mansell, que demorou anos para ser campeão e saiu logo após o título, as histórias guardam semelhanças entre si. Quando estão totalmente comprometidos a buscar os melhores resultados possíveis nas pistas, os pilotos sentem falta de outros desafios na vida. Fora da F1, percebem o quanto sentem falta de estar no topo do automobilismo.
O exemplo de Alonso segue nesta linha. O espanhol começou a andar de kart aos 3 anos e devotou toda sua vida ao sonho de chegar e vencer na Fórmula 1. Depois de dois títulos, dois vices e anos de decepções na Ferrari e na McLaren, tornou-se até um personagem amargo e mais conhecido pelas reclamações, embora seguisse andando em alto nível. Ainda assim, quando decidiu que não queria continuar na categoria, evitou falar em aposentadoria.
Fora da F1, fez um pouco de tudo: Indy, Endurance e até disputou o Rally Dakar. Tirando a decepção de ficar de fora das 500 Milhas de Indianápolis ano passado, andou bem em todas as competições. E sempre se manteve no radar da F1, e por um motivo muito simples: "Quero andar no mais alto nível", dizia Alonso em maio deste ano.
É claro que o fator financeiro também conta. Embora a F1 vá impor um teto orçamentário a partir de 2021, isso não inclui os salários dos pilotos. É fato que Alonso conseguiu manter um nível salarial semelhante, acima dos 30 milhões de dólares por ano, fora da F1, mas é muito mais difícil manter este nível, ainda mais em tempos de coronavírus, fora da categoria.
Niki Lauda teve a volta mais triunfal
Mas a história mostra que o retorno à F1 costuma ser ingrato aos campeões. Niki Lauda foi exceção. O austríaco já era uma lenda do esporte quando decidiu aposentar-se em 1979, aos 30 anos. Na época, disse que achava bobagem "correr em círculos" e, apaixonado pela aviação, queria dedicar-se a sua própria empresa aérea. Dois anos depois, ele passou a trabalhar como comentarista, e achou que a vida de aposentado não era pra ele. É claro que o salário oferecido pela McLaren, sem precedentes na época, de 3 milhões dólares, ajudou a convencê-lo a voltar, em 1982.
Antes disso, ele quis fazer um teste só para sentir se tinha condições de lutar com pilotos bem mais jovens. "Fiquei emocionado mas, depois da primeira curva, esqueci a emoção. E já tinha voltado a ser um piloto novamente", contou em sua biografia.
Lauda foi campeão, por meio ponto, em 1984, e se aposentou em definitivo no final do ano seguinte, em que colecionou quebras.
Outro que teve uma boa volta, mas sem lutar pelo título, foi Kimi Raikkonen. Ele acabou sendo forçado a uma aposentadoria precoce justamente para dar lugar a Alonso na Ferrari, também aos 30 anos. Sem um carro competitivo na F1, Raikkonen foi atrás de seu outro sonho: competir no Mundial de Rali. O finlandês dizia gostar do estilo mais relaxado da competição, e ainda aproveitou os anos fora da F1 para disputar várias corridas da NASCAR e fundar a própria equipe de motocross. Raikkonen parecia tão satisfeito com a vida fora da F1 que sua volta, em 2012, pela Lotus, surpreendeu. Mas ele explicou: "Minha fome de voltar se tornou esmagadora." E continua: Raikkonen venceu corridas em seu retorno para a Lotus, voltou para a Ferrari por mais cinco temporadas, e agora está na Alfa Romeo, aos 40 anos. E disse que continua ano que vem "se ainda for divertido."
A volta de Schumacher
Houve outros campeões que seguiram a mesma trajetória, mas sem tanto sucesso, como Nigel Mansell, campeão de 1992, que teve dificuldades até para caber no cockpit da McLaren em 1995, e Alan Jones, campeão de 1980, que amargou vários abandonos com a Haas Lola em 85 e 86. Mas a volta mais badalada da F1 só poderia ser de Michael Schumacher. O alemão não dava sinais de que estava perdendo sua velocidade quando decidiu parar, aos 37 anos, em 2006. Mas o diretor técnico da Ferrari na época, Ross Brawn, conta que ele se dizia cansado e queria se dedicar a coisas diferentes na vida.
Por alguns anos, Schumacher volta e meia aparecia fazendo algum esporte radical ou acelerando em motos, até que teve um acidente sério em 2009. Ainda assim, chegou a tentar substituir Felipe Massa após o acidente do brasileiro, mas não conseguiu justamente por conta da lesão que tinha no pescoço. Foi quando o próprio Brawn percebeu que a necessidade de estar no topo do automobilismo tinha voltado, e o chamou para o novo projeto da equipe Mercedes. A negociação para o retorno, em 2010 e aos 41 anos, foi rápida.
Schumacher teve alguns lampejos, chegou a fazer uma pole e teve um pódio, mas ficou constantemente atrás do companheiro Nico Rosberg e cometeu vários erros, especialmente em sua última temporada, em 2012. Ainda assim, seu trabalho é considerado muito importante para a Mercedes ter se tornado a potência que é hoje.
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