Pilotos explicam por que não se ajoelharam em protesto contra o racismo
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Os pilotos que decidiram não se ajoelhar durante a manifestação da Fórmula 1 contra o racismo realizada antes da largada da primeira corrida da temporada, no último domingo, explicaram sua decisão. Os pilotos seguem na Áustria onde será disputada a segunda corrida neste final de semana. A prova acontece no mesmo circuito Red Bull Ring, mas com o nome de GP da Estíria.
Na manifestação, todos os 20 pilotos do grid usaram a camiseta pedindo o fim do racismo, mas seis deles decidiram não se ajoelhar. Um deles foi o russo Daniil Kvyat, da AlphaTauri. "Isso se tornou um assunto complicado e quero explicar que nossa manifestação no domingo era usar a camiseta pedindo o fim do racismo e achei que já era uma mensagem forte o suficiente - do esporte e de mim mesmo. Havia a opção de expressar isso também de outras formas, e alguns escolheram fazer isso, outros não. Minha mentalidade e também pelo meu país não permitem que eu me ajoelhe, apenas por razões muito particulares. Estou pronto para mostrar que sou contra o racismo, mas espero não ajoelhar-me no domingo."
Em entrevista à TV russa durante a semana, o piloto tinha explicado que entende que só se deve ajoelhar-se "a sua pátria, sua bandeira, e a Deus", pela cultura de seu país.
O espanhol Carlos Sainz foi outro que fez questão de salientar que o fato de não ter se ajoelhado não tem a ver com seu posicionamento em relação ao racismo em si. "A questão é se estamos fazendo algo contra o racismo ou não. Acho que demos no domingo uma demonstração forte com os pilotos todos na frente do grid, simbolizando que todos somos contra o racismo e que a F1 está agindo com a plataforma Nós Corremos Como um Só. Senti que isso era o suficiente."
Charles Leclerc, da Ferrari, também disse que queria "se posicionar contra o racismo, e foi isso que fiz."
Outro piloto que decidiu não se ajoelhar foi Max Verstappen. O piloto disse julgar que sua explicação via twitter tenha sido suficiente e não quis comentar novamente o assunto. Em suas mídias sociais, antes da corrida, ele tinha escrito que está "muito comprometido pela igualdade e pela luta contra o racismo. Mas acredito que todos têm o direito de se expressar no momento e da maneira que lhes convêm. Não vou me ajoelhar, mas respeito e apoio as escolhas pessoais de todos os pilotos."
Peça central nesta manifestação, que partiu da própria Fórmula 1, mas tem raízes em suas cobranças nas últimas semanas por uma postura mais proativa do esporte em si, Lewis Hamilton disse ainda no domingo que o fato de os pilotos terem ou não se ajoelhado não fazia diferença para a luta em si.
"Cada um tem direito a ter sua opinião e tenho consciência da opinião de alguns dos pilotos, mas não gostaria de dividir isso. No final das contas, ninguém foi obrigado a fazer nada. Nunca pedi para ninguém se ajoelhar. Foi algo que veio da F1 e da GPDA (associação dos pilotos). Na reunião dos pilotos, Seb e Grosjean (que comandam as reuniões) perguntaram se os pilotos se ajoelhariam e vários disseram que não. Eu só ouvi o que eles tinham a dizer e isso que eu me ajoelharia, mas que cada um fizesse o que é certo. Estou muito agradecido por aqueles que o fizeram também. Acho que é uma mensagem poderosa mas, você ajoelhar ou não, não vai mudar o mundo. O problema é muito maior ao redor do mundo."
A cena não deve se repetir neste final de semana. O procedimento de grid para o GP da Estíria só prevê a execução do hino da Áustria com os pilotos perfilados, e Hamilton já deixou claro que não vai ajoelhar-se durante hinos nacionais.
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