Ferrari é quinta no campeonato após 2 GPs: o que há de errado com o time?
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A Ferrari amarga a quinta colocação no mundial de construtores depois de duas etapas disputadas na Fórmula 1 e, pior, não sabe quando ou mesmo se terá condições de sequer lutar por vitórias neste ano em condições normais. O chefe Mattia Binotto fala na possibilidade de um "erro de projeto" do carro, ainda que a maior parte do déficit seja decorrente da falta de potência do motor. Uma péssima notícia em uma temporada na qual só é permitido atualizar a unidade de potência para evitar quebras, e não para melhorar o rendimento.
O campeonato ferrarista começou com um segundo lugar para Charles Leclerc, mas o próprio monegasco admitiu que isso não correspondia à realidade e teve mais a ver com as quebras que marcaram a primeira corrida e com a decisão estratégica acertada de trocar os pneus no final da prova. Tanto, que a Ferrari adiantou um pacote de mudanças que estavam programadas para estrear na terceira etapa, na Hungria.
A nova asa dianteira e o novo assoalho chegaram para a segunda etapa, o GP da Estíria, e a avaliação dos pilotos após os treinos livres foi positiva. "Passo a passo estamos colocando coisas novas no carro e o resultado parece ter sido positivo. Ainda precisamos ver como maximizar o que temos em mãos para obter a melhor configuração possível", disse Sebastian Vettel. E a mesma linha foi seguida por Leclerc.
Mas a classificação foi sob forte chuva e ambos sofreram com o equilíbrio do carro. Entretanto, mesmo após Vettel não ter passado de décimo e Leclerc ter feito o 11º tempo e ainda ter perdido mais três posições no grid por ter atrapalhado Daniil Kvyat, os pilotos ferraristas acreditavam que poderiam recuperar parte do terreno, já que estavam se sentindo melhor no carro com pista seca.
Mas eles não tiveram tempo de comprovar suas expectativas: Vettel largou mal e perdeu posições, e viu Leclerc tentar uma ultrapassagem onde não havia espaço na curva 3, logo na primeira volta. O monegasco se desculpou pela manobra que acabou tirando os dois da corrida.
Mesmo sem a batida, não era de se esperar que a Ferrari voltasse a brigar pelas primeiras posições. Isso porque as novas peças não eram um remédio para o grande problema da Scuderia: a falta de velocidade de reta, responsável por 70% de seu déficit para a Mercedes e o ritmo das simulações de corrida da sexta-feira mostrou que a Ferrari tinha só o quarto carro mais rápido no final de semana, atrás também de Red Bull e Racing Point.
Agora, a Ferrari vai mais no escuro do que gostaria para a pista da Hungria, em que, pelo menos, a desvantagem de velocidade de reta não vai contar tanto, pois é uma pista travada. Porém, Binotto admite que o fato de ambos os pilotos terem abandonado logo no início também atrapalha o desenvolvimento do carro pela falta de informações. "Não conseguimos fazer a comparação de dados em relação ao último final de semana. Sair desta situação não é algo simples, mas devemos entender a origem do problema e, só assim, podemos progredir. Pode até ser um problema de conceito do projeto. O importante agora é estarmos abertos e analisarmos tudo de todos os pontos de vista."
Time sabe que projeto é ruim desde fevereiro
A Ferrari já sabia, antes do início da temporada, que teria dificuldades. Nos testes de pré-temporada, a Scuderia percebeu que os dados que suas simulações geravam não eram os mesmos que os obtidos na pista, ou seja, o túnel de vento e CFD não estavam bem calibrados. Sem poder testar com o carro de fevereiro para cá, os engenheiros primeiro tentaram recalibrar o sistema para, só então, começarem a desenvolver novas peças.
Mas uma coisa é melhorar o equilíbrio do carro e sua performance nas curvas. Outra, é resolver a questão da velocidade de reta, que vem prioritariamente da falta de potência do motor Ferrari, algo comprovado pelo rendimento ruim das clientes ferraristas Haas e Alfa Romeo.
A Ferrari tinha a melhor unidade de potência ano passado, algo que ficava claro especialmente nas classificações. Mas, por meses, Mercedes e Honda reclamaram da legalidade do equipamento italiano até que a FIA pediu esclarecimentos no final do ano. E, em fevereiro, a federação anunciou que tinha firmado um acordo sigiloso com a Ferrari a respeito da questão. E, desde então, o rendimento caiu de maneira acentuada, indicando que o motor estava irregular em 2019.
Para piorar, uma das medidas adotadas pela F1 para conter os gastos em tempos de pandemia é o congelamento do desenvolvimento das unidades de potência ao longo da temporada, ou seja, tudo indica que pelo menos a desvantagem da Ferrari em retas não será eliminada em 2020.
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