Dois países, 20 dias, 2000 pessoas, 2 casos de covid: como a F1 conseguiu?
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A Fórmula 1 foi o primeiro grande evento esportivo internacional a ser realizado em meio à pandemia do coronavírus e saiu de três eventos em três finais de semana seguidos e dois países diferentes com um saldo positivo: apenas dois casos confirmados em mais de 10 mil testes feitos.
A categoria não divulgou detalhes sobre os dois casos positivos, mas tudo leva a crer que eram funcionários húngaros que trabalhavam na terceira corrida do ano. Isso porque a única informação oficial é de que eles não estavam nas duas primeiras provas, disputadas na Áustria, e as equipes e outros profissionais em teoria teriam de ser os mesmos nas três primeiras provas.
Assim que saiu o resultado positivo, estas duas pessoas e quem teve contato com elas entraram em isolamento. E sabe-se quem são essas pessoas porque, todo dia, todos os que estão trabalhando na corrida têm de preencher um formulário indicando com quem mantiveram contato sem o uso de máscaras, e isso só é permitido dentro de um grupo pré-determinado, com o qual essas pessoas trabalham diretamente.
Então as equipes não podem ter contato entre si, por exemplo, e os pilotos têm de manter a distância de 2m um do outro, e também da imprensa durante as entrevistas. E o próprio número de pessoas que estão indo ao evento está limitado a cerca de 2000 pessoas, pelo menos três vezes menos do que o normal, contando as categorias de acesso, que também correram nestas três etapas.
Estratégias da volta
A volta da F1 só foi possível devido a um protocolo rígido e a escolha de começar o campeonato em países pouco afetados. A temporada teve início no começo de julho, em uma região da Áustria que não tinha casos de coronavírus em aberto e em um circuito isolado de grandes cidades, e depois de duas provas por lá, o "circo" foi para Budapeste, na Hungria, país que teve menos de 4500 casos no total.
Na capital húngara, a rigidez foi ainda maior, já que o governo local só permitiu que os residentes de fora da União Europeia ficassem restritos ao hotel e ao circuito, não podendo sair nas ruas sob pena de multa ou mesmo prisão. E mesmo quem mora na União Europeia e trabalha diretamente para a F1 foi aconselhado a fazer o mesmo.
Tudo para evitar ao máximo novos casos e passar a imagem de que a Fórmula 1 está comprometida a não ser um agente transmissor de coronavírus, até porque o calendário ainda não está totalmente fechado. É esperado que mais três provas europeias sejam divulgadas nos próximos dias - uma terceira etapa na Itália, uma em Portugal e outra na Alemanha - aumentando o número de provas confirmadas para 13. A expectativa é de que sejam feitas 18 no ano.
Para evitar infecções por coronavírus, todos os que estiveram envolvidos nas três primeiras provas só puderam viajar depois de terem um teste negativo, e repetiram este teste a cada cinco dias. Apesar de, em teoria, somente viagens emergenciais serem permitidas entre uma corrida e outra, houve pilotos e membros da chefia que viajaram, mas só puderam voltar à bolha da F1 após um teste negativo. E a grande maioria consegue evitar aeroportos movimentados porque voam com aviões fretados.
Todo o processo vai se repetir para as três próximas corridas, que serão realizadas em agosto. E serão muito provavelmente o maior teste da primeira metade do campeonato, pois serão duas corridas no país com mais mortes na Europa, o Reino Unido, e que segue com cerca de 500 novos infectados por dia, com algumas cidades voltando ao lockdown, e depois vai para a região de Barcelona, na Espanha, que também apertou as restrições recentemente devido ao aumento de casos.
O CEO da Fórmula 1, Chase Carey, já deixou claro que o campeonato seguirá adiante se houver com mais casos positivos, mesmo entre pilotos. A confiança é de que os padrões rígidos adotados e que funcionaram até aqui evitem que o vírus se espalhe e garantam que o campeonato vá até o fim, que deverá ser no circuito de Abu Dhabi, em dezembro.
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