Como brasileiro Drugovich virou "cara do momento" na fórmula de acesso à F1
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Duas vitórias, uma pole, uma volta mais rápida em seis etapas na primeira temporada na Fórmula 2 já fazem a categoria de acesso à F1 retratar o brasileiro Felipe Drugovich como o "piloto do momento". Para muitos, o desempenho maduro do paranaense de 20 anos correndo pela MP Motorsport, que não está entre as favoritas, e sem o "gabarito" de fazer parte de um programa de desenvolvimento de Fórmula 1, é uma surpresa. Que já está chamando a atenção até de piloto da categoria "de cima."
"Fiquei muito impressionado com Drugovich hoje", disse o campeão da F2 em 2018 e piloto da Williams, George Russell, em coletiva concedida logo após o GP da Espanha, horas depois de o brasileiro ter largado em segundo, tomado a ponta nos primeiros metros, para vencer com mais de 9s de vantagem. "Não o conheço muito bem, nem sei muito sobre a trajetória dele. Sei que ele tem sido bem consistente, e achei que sua corrida foi muito impressionante".
O nome Drugovich está longe de ser desconhecido no automobilismo brasileiro. Claudio, Oswaldo e Sergio Drugovich foram pilotos em categorias nacionais, montaram equipes e estiveram presentes em várias categorias, da Stock Car à Fórmula Truck, onde Oswaldo, inclusive, foi bicampeão nos anos 1990.
Grande aposta da família nos últimos anos, Felipe tomou a decisão acertada de ir cedo para competir ainda de kart na Europa, em um momento em que as categorias brasileiras estavam se enfraquecendo. Subiu para os carros de fórmula em 2016 e, no ano seguinte, venceu 7 das 21 provas do campeonato alemão de F4, o mais forte da categoria. Campeão da Euroformula Open e da F3 espanhola em 2018, ele teve um ano ruim com a Carlin na F3 em 2019, mas ainda assim conseguiu dar o passo seguinte, para a F2.
Após seis rodadas duplas disputadas em um calendário que ainda não foi finalizado devido ao coronavírus, Drugovich é oitavo, com 25 pontos a mais que seu companheiro Nobuharu Matsushita, que faz seu quinto ano na categoria.
Matsushita é um dos vários pilotos no grid da F2 que são apoiados por equipes da Fórmula 1 - no caso do japonês, o apoio é da fornecedora de motores Honda, que também tem Yuki Tsunoda, quarto na temporada. Os dois primeiros colocados no campeonato, o britânico Illot e o russo Shwartzman, são da academia da Ferrari, assim como o quinto, Mick Schumacher, da Alemanha. E a Renault tem o dinamarquês Lundgaard, terceiro, e chinês Zhou, sexto. E o sétimo no campeonato, Nikita Mazepin, também tem experiência na F2 e com testes de F1.
Não que Drugovich tenha sido esnobado pelos programas, pelo contrário, mas a oportunidade de assinar um acordo que lhe dê, de fato, uma situação melhor, ainda não veio. E é por isso que é tão importante mostrar serviço em meio aos protegidos na F2.
Bom desempenho por equipe média
Apesar de os carros serem iguais na Fórmula 2, a experiência e o material humano das equipes faz muita diferença, e nem todas têm a mesma situação financeira. E a MP Motorsport, equipe de Drugovich, tem várias caras novas nesta temporada e, por isso, o piloto disse que os resultados estão surpreendendo.
"Objetivo no começo do ano era aprender. A gente não sabia muito bem o que ia acontecer porque alguns engenheiros eram novos, e eu também. Começamos melhor do que esperávamos, depois nos atrapalhamos um pouco, mas neste último final de semana fomos muito bem."
Muito destes altos e baixos têm a ver com a adoção, neste ano, dos pneus de 18 polegadas, sobre os quais as equipes ainda têm poucas informações. Com isso, até as favoritas ART, Prema, e UNI-Virtuosi tiveram alguns altos e baixos.
Isso dá oportunidades que a MP e Drugovich estão trabalhando para aproveitar, como aconteceu na Espanha. "O carro estava praticamente perfeito neste final de semana. Fiquei muito feliz por mim e pela equipe. Agora é esperar que, nas próximas, a gente tenha o mesmo ritmo ou até melhor."
Ao mesmo tempo em que Drugovich ficou empolgado com a performance da MP na última corrida - seu companheiro venceu a primeira prova, largando em 18º, em uma combinação de bom ritmo e sorte em um final caótico com entradas de Safety Car - esses altos e baixos deixam a dúvida se o cenário não pode mudar de novo na próxima corrida, na Bélgica. "Acho que demos um passo adiante, mas acho que depende muito da pista, então temos de ver como será o desempenho em outros circuitos."
Mas aquele objetivo de só mostrar adaptação parece ter ficado para trás. Drugovich agora quer ir atrás de vitórias nas corridas disputadas aos sábados, que dão mais pontos e são mais longas. "Esse tem de ser nosso objetivo, mas não acho que dá para prever nada do que vai acontecer nas próximas provas."
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