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Como fim da 'novela' da Mercedes rosa deve trazer mudanças nas regras da F1

Racing Point faz pit stop no carro de Perez - Racing Point/Divulgação
Racing Point faz pit stop no carro de Perez Imagem: Racing Point/Divulgação

Colunista do UOL

07/09/2020 14h02

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Quando o principal investidor do consórcio que comprou a Racing Point, Lawrence Stroll, foi visto saindo do motorhome da equipe Ferrari na manhã de domingo do GP da Itália e, minutos depois, a equipe retirar o apelo à decisão da Federação Internacional de Automobilismo de que considerá-la culpada por ter copiado os dutos de freios traseiros da Mercedes, ficou claro que uma novela que começou ainda na segunda corrida do ano estava próxima de acabar: após a prova italiana, o Ferrari também retirou seu apelo, dando fim a uma polêmica que começou com a equipe Renault em julho.

Os franceses protestaram os dutos de freio usados pela Racing Point a fim de deixar claro quais os limites da "engenharia reversa", ou seja, desenhar uma peça tendo como base o conhecimento prévio de outra já projetada por uma rival. No caso específico, a Racing Point tinha acesso aos dutos de freio da Mercedes legalmente até o ano passado. Porém, para este ano, eles entraram para as chamadas "peças listadas", ou seja, as peças que cada equipe da F1 deve projetar sozinha.

Mas não havia, nas regras, algo objetivo que limitasse o quanto a Racing Point podia se inspirar numa peça que eles conheciam porque a compravam quando era permitido. Sabendo que proteger essas "peças listadas" é fundamental para proteger as equipes da F1 enquanto construtoras, obrigando cada uma a fazer seu próprio projeto, a Renault e a Ferrari seguiram questionando o carro que ficou conhecido como "Mercedes rosa" justamente porque seu diretor-técnico, Andrew Green, decidiu levar a engenharia reversa ao máximo possível do regulamento.

racing point - Rudy Carezzevoli/Getty Images - Rudy Carezzevoli/Getty Images
Mesmo com a punição, a Racing Point é a quarta no mundial
Imagem: Rudy Carezzevoli/Getty Images

A Racing Point, por sua vez, justificou que queria limpar seu nome por não acreditar que tinha cometido qualquer irregularidade, e também protestou da decisão inicial da FIA de puni-la com a perda de 15 pontos e ao pagamento de uma multa de mais de 2.5 milhões de reais.

Então, até o último domingo, nem a punida Racing Point estava feliz com o veredicto, e nem a Ferrari, enquanto a Renault, que também resolveu apelar da decisão, tinha retirado a "queixa" na semana anterior. Agora, a punição está mantida e a questão está decidida legalmente, mas a pergunta que falta responder é: o que a Renault conseguiu mudar no regulamento para 2021?

Isso porque Renault e Ferrari só retiraram o apelo à decisão, que acreditavam ser muito branda, depois que a FIA se comprometeu a apertar o cerco à engenharia reversa e coibir cópias tão extensas como a da Racing Point. Ao que tudo indica, a novela da "Mercedes rosa" rendeu a restrições claras para o que pode ser usado para projetar uma peça que está nas "peças listadas". As equipes devem continuar usando fotos tiradas dos carros dos rivais, mas não devem poder mais usar, por exemplo, softwares que convertem essas imagens em desenhos, ou câmeras tridimensionais. Escanear peças também não será permitido.

Ainda não há confirmação do que muda, mas esse recuo de Renault e Ferrari indica que a Racing Point perdeu a queda de braço com os grandes. Ainda assim, isso provavelmente não quer dizer que eles terão que redesenhar o carro para o ano que vem, quando as regras ficam estáveis. Isso porque, como tudo começa a valer para 2021, o que eles têm atualmente em seus carros é considerado um projeto próprio. A briga de Renault e Ferrari era focada mais a médio e longo prazo, após a grande mudança de regras aerodinâmicas de 2022.