'Fernando' exalta personalidade forte de Alonso: "É melhor que série da F1"
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"Cuidado porque há duas linhas brancas na saída dos pits e pode confundir, é a segunda que vale. E depois não passe dessa outra linha branca na saída", diz Fernando Alonso aos companheiros de Toyota Kazuki Nakajima e Sebastien Buemi. Fala com os dois como se fossem novatos, como se fossem muito menos experientes do que ele. Ainda que, no Mundial de Endurance, quem tem menos quilometragem é o próprio Alonso. Os dois, no entanto, não parecem se incomodar. Já se acostumaram com o estilo controlador e obcecado do espanhol, que permeia os cinco episódios da primeira temporada da série "Fernando", que estreia nesta sexta-feira (25), pelo serviço de streaming da Amazon Prime.
A data não é coincidência: há 15 anos, Alonso vencia pela primeira vez o campeonato da Fórmula 1. Nada, na verdade, foi coincidência na vida do espanhol, como ele mesmo conta. E a série marca justamente o início de sua experiência rumo ao desconhecido, acompanhando sua trajetória desde a despedida da Fórmula 1 até a disputa de eventos em disciplinas bastante distintas do mundo a motor, do endurance ao rally, até a decisão de retornar à F1. "Eu não tenho um plano. Minha vida inteira, eu sempre tive um plano. Eu sempre soube o que faria no ano seguinte, nos anos seguintes. Mas vai chegar um dia em que não vou saber qual o próximo passo. Talvez seja dentro do automobilismo, o que eu duvido, porque eu gosto tanto de pilotar que não me imagino como chefe de equipe, isso seria muito difícil."
Que Fernando Alonso gosta de pilotar, disso ninguém duvida. E, neste quesito, a série deixa clara a total entrega do espanhol em todos os testes, no trabalho no simulador, e até mesmo cuidando pessoalmente de detalhes como o posicionamento dos patrocinadores de acordo com as câmeras onboard de cada campeonato que disputa.
Justamente por conta disso, os melhores episódios são os que narram sua aventura no mundo dos ralis, primeiramente entendendo se poderia ser competitivo em dois eventos na África antes de decidir se disputaria o Rally Dakar, em janeiro deste ano. Lá vemos um Alonso totalmente fora de sua zona de conforto e, ainda assim, cuidando de absolutamente tudo. De colocar o lençol na cama a aprender a fazer reparos importantes no carro no meio do deserto.
Acesso raro
Chega a estranhar ver um Fernando Alonso tão aberto às câmeras. Afinal, e isso fica claro na série, quando o espanhol fala da maneira como acabou se fechando depois que, de uma hora para a outra, quando começou a ganhar na Fórmula 1, tornou-se uma celebridade na Espanha. Daí em diante, seu círculo de convivência ficou restrito à família, seu melhor amigo Alberto Fernandez, mais conhecido como Galle, seu empresário, Luis Garcia Abad, e o fisioterapeuta e cunhado Edoardo Bendinelli, com a adição da namorada desde 2016 Linda Morselli.
"Você tem razão, provavelmente minha maior dificuldade foi mostrar minha vida privada", disse Alonso em entrevista à coluna. "Em todos os documentários, você tem de mostrar coisas que vão além do profissional. Mas eles foram muito gentis comigo. Depois de dez minutos, eu não percebi que eles estavam na minha sala. Houve algumas negociações porque eles perguntavam 'o que você vai fazer agora?' e eu dizia 'vou jantar com meus amigos'. E dizia que talvez fosse melhor que eles não acompanhassem, porque seria um momento diferente. Então eles falavam que gravariam mas, se eu quisesse tirar, não teria problema."
Mas Alonso garante que só algumas cenas foram cortadas. "Deletei umas quatro ou cinco cenas porque eu não estava tão bonito."
E, para quem sempre foi tão fechado com a vida pessoal, a ponto de comemorar em um momento na série o fato de cultivar a imagem de frio e distante, parece que Alonso gostou da brincadeira, já que está filmando a segunda temporada da série, que avisa: é melhor do que a Dirigir para Viver, que mostra os bastidores da F1. "Eu explico: no Dirigir para Viver, você está interagindo com um profissional, então não é natural. No 'Fernando', são imagens que todos teríamos nos nossos telefones. É mais natural. Então acho que as pessoas vão gostar mais desse."
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