Topo

Pole Position

Hamilton acredita ser "observado mais de perto" pela F1 após nova punição

Lewis Hamilton, da Mercedes, comemora terceira posição no pódio após corrida na Rússia - YURI KOCHETKOV
Lewis Hamilton, da Mercedes, comemora terceira posição no pódio após corrida na Rússia Imagem: YURI KOCHETKOV

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Frustrado por ter recebido duas punições por ter feito ensaios de largada fora do lugar pré-determinado logo no início do GP da Rússia, Lewis Hamilton voltou a deixar claro que acredita que o fato de ele e a Mercedes estarem por tanto tempo dominando a Fórmula 1 tem levado a categoria a tomar decisões que vão contra ele e o time.

Neste ano, Hamilton já levou cinco punições diferentes, além de ter questionado a real motivação para a Federação Internacional de Automobilismo ter decidido impedir que as equipes usem configurações diferentes no motor de combustão ao longo do final de semana, o que seria uma vantagem da Mercedes. E de quebra vem travando outra batalha pelo direito de se manifestar por questões de igualdade racial fora das pistas.

Na entrevista coletiva concedida logo após o GP da Rússia, no qual a punição somada de 10s pelas duas infrações que aconteceram antes mesmo da largada foram significativas para que ele terminasse em terceiro após largar em primeiro, Hamilton deixou claro seu descontentamento, embora não acredite que seja algo pessoal.

"Não acho que seja necessariamente contra mim. Acho que provavelmente a maioria das equipes que estão na frente são observadas mais de perto. Tudo o que temos no carro é checado umas três vezes sempre. Eles estão mudando as regras, como as regras do motor, e muitas coisas que nos distanciam de ter corridas empolgantes", disse o inglês, que tem 44 pontos de vantagem no campeonato. "É o que eu acredito. Não sei se o que aconteceu aqui tem a ver com isso mas, naturalmente, é assim que eu me sinto. Mas, tudo bem. Não é como se eu nunca tivesse convivido com adversidades antes, então vamos continuar lutando para fazer um trabalho melhor e mais limpo."

Do lado da FIA, o diretor de provas disse não comentaria o que Hamilton disse, mas deixou claro que segue "dizendo para Lewis o que sempre disse, que nossa porta está aberta para quaisquer questionamentos que ele tiver."

Mas quais foram os episódios que fizeram Hamilton sentir que a FIA está sendo especialmente dura com ele e com a Mercedes?

Logo na primeira corrida, na Áustria, Hamilton levou duas punições: uma por desrespeitar bandeiras amarelas na classificação e outra por um toque com Alex Albon durante a corrida. A decisão da bandeira amarela veio pouco antes de os pilotos alinharem no grid, depois que a Red Bull encontrou um vídeo que "incriminava" Hamilton. Na época, ele admitiu que não foi fácil ter de se explicar para os comissários no meio de sua preparação para a corrida e, no final, ainda teve outra punição polêmica quando se defendia do ataque de Alex Albon.

No GP da Itália, sétima etapa, ele foi punido por ter entrado nos boxes com o pitlane fechado. Inicialmente, ele questionou a falta de sinalização na pista, mas depois a Mercedes assumiu a culpa pelo ocorrido. O pitlane tinha sido fechado segundos antes de o piloto entrar, mas a equipe não tinha um sistema que pudesse avisar os engenheiros rapidamente disso.

Hamilton recebeu dois pontos por essa infração, que tirou-lhe uma vitória praticamente certa na Itália. Somando aos três pontos da Áustria e a dois que ele recebeu por um toque novamente com Albon no GP do Brasil do ano passado, são 8. Os pontos da F1 funcionam da seguinte forma: eles são válidos por 12 meses e, se um piloto chegar a 12, é suspenso automaticamente por uma prova. Os pontos do Brasil vencem após o GP da Turquia, ou seja, em quatro provas.

Extrapista: motor e luta antirracista

hamilton breonna - Pool/Getty Images - Pool/Getty Images
Lewis Hamilton celebra vitória no GP da Toscana de F1
Imagem: Pool/Getty Images

a reclamação do motor vem da premissa de que a Mercedes tinha a configuração mais eficiente para a classificação, o que seria muito importante para o time fechar a primeira fila e controlar o ritmo da ponta. Depois de sofrer pressão da Red Bull, a FIA decidiu impedir que os times usassem configurações diferentes entre a corrida e a classificação (oficialmente, a entidade alegou que os sistemas estavam ficando tão complexos que era difícil policiá-los).

Além de tudo isso, há ainda o contexto político, uma vez que Hamilton cobrou publicamente o mundo do automobilismo em junho por uma reação às manifestações antirracistas que estavam acontecendo especialmente nos Estados Unidos, o que acelerou uma campanha da própria F1, que estava sendo desenhada desde o ano passado, para promover uma maior equidade no esporte. Juntamente a isso, a pressão de Hamilton levou a categoria a fazer protestos especificamente antirracistas antes de todas as corridas (e ele teve de lutar para que fosse algo mais organizado do que no início). E, na penúltima corrida, em Mugello, ele subiu ao pódio com uma camiseta pedindo a prisão dos policiais que atiraram em Breonna Taylor durante uma operação policial, o que fez com que a FIA mudasse sua regras e obrigasse os pilotos a manterem seus macacões fechados, coibindo novas manifestações do tipo.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que informado anteriormente, Lewis Hamilton largou em primeiro lugar e não em terceiro. O erro foi corrigido.