20 anos após o 1º título: como era Schumacher-Ferrari ainda influencia a F1
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O sobrenome Schumacher será muito citado neste final de semana, no GP de Eifel, na Alemanha. E não é apenas porque o heptacampeão mundial nasceu a cerca de uma hora ao norte dali, na cidade de Kerpen, mas sim pela estreia de seu filho, Mick, que fará pela primeira vez uma sessão oficial de treinos livres, na sexta-feira, pela Alfa Romeo, e pela segunda chance que Lewis Hamilton tem de igualar o recorde histórico de 91 vitórias do piloto alemão.
Mas a influência da trajetória de Schumacher vai bem além disso. Especialmente a história que teve seu primeiro grande capítulo vitorioso 20 anos atrás: afinal, dia 8 de outubro de 2000, Schumacher vencia o GP do Japão e era campeão pela Ferrari pela primeira vez. Seria o primeiro de cinco títulos seguidos com a Scuderia, em um dos maiores domínios da história da F1.
O título de construtores já tinha vindo na temporada anterior, mas na época pouco se falava nele. A Ferrari tinha sido campeã entre as equipes em 1982 e 83, no entanto só se comentava sobre os mais de 20 anos de fila, referência ao último trunfo entre os pilotos, que havia sido com Jody Scheckter em 1979. E a pressão era gigantesca.
Desde que Schumacher chegou e o time, que já tinha Jean Todt como chefe, e que depois ganhou o diretor-técnico Ross Brawn e o projetista Rory Byrne (ambos vindos com o alemão de dois títulos da Benetton), foi tomando forma, por um lado um título no mundial de pilotos parecia questão de tempo, por outro, aparentava estar demorando tempo demais. E a fila poderia ter continuado ao final daquela temporada de 2000: a Ferrari tinha começado melhor, mas uma série de abandonos colocou Mika Hakkinen e a McLaren de volta na disputa. Com quatro corridas para o fim, era Mika quem liderava com seis pontos de diferença (transformando os números para o sistema de pontuação atual, seria o equivalente a cerca de 15 pontos). Mas Schumacher ganhou na Itália e nos Estados Unidos, e Hakkinen teve uma quebra no motor em Indianápolis
Com isso, Schumacher chegou ao GP do Japão precisando de uma vitória simples para ser campeão com uma corrida para o final. O alemão bateu o rival por míseros 9 milésimos na classificação, foi passado na largada, mas conseguiu vencer após uma estratégia bem pensada por Brawn, algo que se tornaria uma marca do domínio ferrarista. "Não achava que tinha feito o suficiente", disse Michael após a prova. "Mas quando estava no pitlane, Ross disse que as coisas estavam indo bem. E depois disse 'as coisas estão indo muito bem'. E foi o momento mais incrível da minha carreira."
Schumacher segue como referência
Schumacher tinha 31 anos na época, e se sagrava tricampeão do mundo após cinco temporadas na Ferrari, conquista que foi assistida por um adolescente que, anos depois, tentaria seguir os passos do ídolo.
"Não tinha noção do 'tamanho do projeto', digamos assim, na época", disse Sebastian Vettel ao UOL Esporte. "Na verdade, eu lembro muito mais da corrida de 1999 de Suzuka porque ele abandonou. Foi uma pena vê-lo abandonando estando tão perto de vencer o campeonato com a Ferrari. No ano seguinte, parecia algo que estava mais ao alcance. Já em 1999 mesmo parecia que era uma questão de tempo. Não lembro exatamente onde estava, provavelmente em casa. Eu tinha uns 13 anos, então na época você não pensa sobre o que tudo aquilo significa. Só estava contente por ele."
Vettel acabou chegando à Fórmula 1 sete anos depois, conquistou quatro títulos pela Red Bull, e em 2015 foi para a Ferrari buscando levar o time, que não faz um campeão de pilotos desde 2007, de volta ao caminho dos títulos. Seis temporadas depois, está de saída da Scuderia tendo chegado a dois vice-campeonatos e admitiu que sente por não ter conseguido evitar que Hamilton chegasse nos números de Schumacher.
Vettel não é o único "discípulo" de Schumacher no grid. Outro piloto que, inclusive, só usava vermelho e dormia em um quarto recheado de fotos do alemão e bandeiras da Ferrari, é o tailandês Alex Albon. Na época, ele começava sua carreira no kart, mas até hoje é tido como um piloto muito focado em dados e detalhes, marca registrada de Schumacher.
"Eu definitivamente diria que respeito muito a maneira com o Michael trabalhava", disse Albon ao UOL Esporte. "Então é justo eu dizer que me inspirei muito na abordagem dele e ele sempre foi um cara que não era só talentoso na pista. Ele sempre trabalhou muito fora da pista também, sempre muito próximo dos engenheiros. Claro que eu o via como um exemplo quando era criança, o via como alguém que conseguiu o que conseguiu por meio da maneira como trabalhava. Então eu diria que sim, ele me influenciou."
Outra influência clara daquela época de ouro da Ferrari com Schumacher é a quantidade de profissionais que, até hoje, atuam em áreas importantes na categoria. Todt é o presidente da Federação Internacional de Automobilismo e Brawn é diretor técnico da Fórmula 1. Também faziam parte daquela equipe Stefano Domenicali, que acaba de ser nomeado com o novo CEO da categoria e na época era chefe de logística daquele time vencedor da Ferrari, e Mattia Binotto, hoje chefe da Scuderia e na época chefe de motores do time de testes, fundamental para o sucesso daquela equipe.
Uma série de fatores, a maioria técnicos, explica por que a Ferrari nunca mais conseguiu repetir o sucesso dos cinco títulos seguidos que começaram exatos 20 anos atrás. Mas vale lembrar uma frase dita por Brawn logo após aquele GP do Japão: "Agora que chegamos lá acho que aquela pressão intensa vai desaparecer e a equipe estará mais relaxada. A sensação será muito diferente." Cinco títulos seguidos comprovaram isso. Ao mesmo tempo que, treze anos depois do último título, a Ferrari voltou, em termos de pressão, aonde estava há mais de duas décadas.
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