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"O mais sustentável é não derrubar árvores", diz Hamilton sobre pista do RJ

Autódromo Deodoro Rio de Janeiro - Divulgação
Autódromo Deodoro Rio de Janeiro Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

08/10/2020 12h56

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Lewis Hamilton afirmou ao UOL Esporte nesta quinta-feira em Nurburgring, na Alemanha, onde se prepara para o GP em que pode igualar as 91 vitórias de Michael Schumacher, não acreditar que seja uma "ideia esperta" construir um circuito em meio à crise gerada pela pandemia e derrubando árvores. O inglês se referia ao projeto de fazer um circuito no Rio de Janeiro para receber a Fórmula 1 e a MotoGP.

O projeto tem o apoio da Liberty Media, detentora dos direitos comerciais da categoria, e também tem contrato firmado com a MotoGP para receber a categoria a partir de 2022. No entanto, as obras só poderão ser iniciadas após a aprovação do estudo de impacto ambiental necessário para que a Rio Motorsports, que venceu concorrência para gerir um terreno de propriedade do exército por 35 anos, entre no terreno que abriga a Floresta do Camboatá.

Perguntado sobre o tema pelo UOL Esporte, o hexacampeão, que também é ativista de causas ambientais e já fez postagens sobre o desmatamento no Brasil em algumas oportunidades em suas mídias sociais, lembrou que o projeto em si da pista é sustentável, mas salientou que o melhor seria não derrubar as árvores do local.

"Primeiramente, eu amo o Brasil e acho que é um dos países em que tenho mais fãs no mundo. O povo brasileiro significa muito para mim e o apoio que eu tenho tido lá ao longo dos anos tem sido imenso", afirmou Hamilton.

"Meu pensamento pessoal é de que o mundo não precisa de um novo circuito. Acho que há vários circuitos ótimos no mundo e eu amo Interlagos. Já estive no Rio e é uma cidade muito bonita, mas derrubar... não sei todos os detalhes, ouvi dizer que será um projeto bem sustentável, mas a coisa mais sustentável possível é não derrubar nenhuma árvore. Ainda mais em um momento em que estamos lutando contra uma pandemia, que continua sendo uma crise mundial. Não acho que seja algo esperto a se fazer. Insisto que não tenho todos os detalhes, mas não é algo que apoie pessoalmente."

A questão ecológica se tornou o grande entrave do projeto, que de fato tem as certificações de sustentabilidade que começarão a ser pedidas pela Liberty Media para novas pistas dentro do plano de zerar a pegada de carbono da categoria até 2030. Porém, o projeto prevê a derrubada de 70 mil das 200 mil árvores do terreno, e replantar 700 mil em outra localidade. O projeto está orçado em 700 milhões de reais, em investimentos que viriam do setor privado. A ideia é que o autódromo funcione como pista de provas para a indústria automobilística, além de receber corridas de diferentes categorias.

O Brasil está atualmente sem contrato para receber corridas de Fórmula 1. O acordo atual com Interlagos terminaria com a corrida deste ano, que foi cancelada devido ao coronavírus, e São Paulo não conseguiu fazer uma proposta à altura dos preços cobrados pela Liberty Media. Os acordos fechados pelos norte-americanos têm ficado em torno dos 20 milhões de dólares anuais para corridas na Europa e 30 para GPs fora do continente, com algumas provas, como a de Baku, no Azerbaijão, e Sochi, na Rússia, pagando mais de 50 milhões de dólares por ano. A proposta oferecida pela Rio Motorsports para levar o GP para o Rio prevê o pagamento de 35 milhões de dólares de taxa de realização, o que seria pago por meio de incentivos fiscais, como revelou o UOL Esporte em dezembro.