"Tubarão pronto para atacar", Alonso faz primeiro teste de F1 após volta

Dois dias após a Renault voltar ao pódio pela primeira vez desde 2011 como equipe, e pela primeira vez desde que retomou o controle de seu ex-time, em 2016, o espanhol Fernando Alonso, que estará de volta ao grid em 2021 com os franceses, testou o carro atual no Circuito da Catalunha, em Barcelona, na Espanha.

O teste também marcou o retorno de Alonso a um carro de Fórmula 1 depois de quase dois anos, desde dezembro de 2018. "Foi incrível poder pilotar um carro desse depois de dois anos e sentir a velocidade novamente, como tudo chega rápido, curva após curva, e a performance na freada e tudo o que um carro de F1 tem para oferecer. Foi legal sentir isso novamente."

O bicampeão disse que o carro foi uma "boa surpresa". Ele salientou que isso já era esperado pelos resultados da equipe nas últimas corridas, mas disse que pôde sentir que a aderência e o potencial do carro. "A última vez que pilotei um motor Renault foi em 2018 e também deu para sentir a evolução. A sensação no feral foi boa. Não consegui maximizar a performance porque não estou no melhor ritmo possível ainda, mas estou contente com o dia."

O teste respeitou os requisitos estabelecidos pelo regulamento: os pneus não são os mesmos usados nesta temporada, e há uma quilometragem máxima de 100km. Ainda assim, trata-se de algo útil tanto para o piloto, que vinha trabalhando no simulador do time, quanto para a equipe em si, a fim de ambos validarem a tradução do simulador para a pista.

"A maior parte do dia foi de filmagem, com alguns drones, mas ao mesmo tempo foi ótimo trabalhar com a equipe para dar algumas voltas para que eu possa ficar confortável no cockpit, com o volante e os pedais. São coisas que podem ser mais corridas no ano que vem nos testes de inverno. Então, são nossos próprios passos", disse Alonso, lembrando que a pré-temporada do ano que vem deve ser mais curta do que o normal, já que os carros não serão tão diferentes devido a restrições causadas pela pandemia.

Ao que tudo indica, usar esse tipo de teste, chamado oficialmente de "evento promocional", não estava nos planos iniciais de Alonso, que está se envolvendo cada vez mais com o projeto à medida que percebe que não terá de esperar até 2022, como pensava inicialmente para lutar por pódios. Isso porque a Renault tem evoluído bastante nesta temporada, e está em uma briga apertada pelo terceiro lugar entre os construtores.

Quem está testemunhando essa transformação de perto é o chefe da Renault, Cyril Abiteboul, que o comparou a um predador. Fernando é como um grande tubarão. Assim que ele começa a sentir o cheiro de sangue, quer atacar. É como eu vejo, um tubarão. Muito faminto. Então isso é legal de se ver", disse o francês.

"Recebemos mensagens antes, durante e depois da corrida. Você ficaria impressionado com o nível de interesse dele", revelou Cyril Abiteboul depois do pódio da Renault no último domingo, na Alemanha. "Acho que, quando ele se juntou ao time, o foco era muito em 2022. E, à medida que a temporada está progredindo, e o carro está progredindo, ele está se interessando mais em 2021."

Até seu companheiro em 2021, Esteban Ocon, revelou que não para de receber mensagens do bicampeão. "Dá para ver que e ele está com vontade e me mandou uma mensagem [no final de semana de GP de Eifel] dizendo que, se precisarmos de qualquer coisa, ele estaria lá, sem problemas."

O francês vê com bons olhos, também, o fato de Alonso estar testando no simulador da equipe, revisando configurações e novas peças para o carro, assim como ele e Daniel Ricciardo fazem. "É bom que ele vá para o simulador e tenhamos três opiniões, basicamente, porque temos eu, o Daniel, e ele. Todos estamos usando o simulador antes das corridas e para ter um bom acerto para o fim de semana. Ter três confirmações é melhor do que duas."