Como sequência de GPs "desconhecidos" aumenta abismo entre os times da F1
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A Fórmula 1 está passando por uma fase do campeonato em que a capacidade de preparação das equipes para desafios novos está sendo testada. Afinal, por conta do coronavírus, a categoria foi obrigada a cancelar várias etapas e repô-las com circuitos que não utilizava fazia tempo, ou que são totalmente novos. Uma delas será realizada neste final de semana, no circuito de Imola, que não recebe a F1 desde 2006. E, de quebra, terá uma programação reduzida, com 1h30 de treino livre, realizado apenas no sábado, em comparação com as 4h que são realizadas normalmente, entre a sexta e o sábado.
No total, estão sendo utilizadas seis pistas que não estavam, originalmente, no calendário, sendo que duas delas são totalmente novas - Portimão, palco da etapa do último final de semana, e o traçado externo do Bahrein, que será a penúltima etapa. E, pelo que foi visto até agora, ao invés de embaralhar as cartas, essas pistas novas acabam aumentando a vantagem dos times grandes.
"É difícil saber sobre os detalhes do trabalho de simulação que as equipes grandes usam, já que eles querem manter isso em segredo", salientou o chefe da Racing Point, Otmar Szafnauer, perguntado pelo UOL Esporte se essa sequência evidencia ainda mais a vantagem dos grandes. "Nós também usamos o simulador para preparar para novos circuitos e, para esses que estão vindo em seguida, estamos fazendo o melhor que podemos para estarmos prontos quando chegamos nas pistas. Estamos fazendo o que podemos, mas é difícil comparar. Tenho ouvido rumores sobre o que os grandes fazem, mas não tenho 100% de certeza."
O time de Szafnauer é um bom exemplo: no GP da Rússia, último que estava no calendário original, seu piloto Sergio Perez foi o quarto colocado, 30s atrás do vencedor Valtteri Bottas, em uma prova que teve apenas um Safety Car logo no seu início. E, em Portugal, Perez ficou uma volta atrás.
"É claro que as equipes grandes têm vantagem quando corremos em pistas novas", concorda Franz Tost, chefe da AlphaTauri, outra equipe do meio do pelotão. "Eles têm todas as ferramentas para tirar o máximo possível de todas as informações que possuem, e isso faz com que a diferença aumente. Todos nós que não temos as mesmas ferramentas ficamos em desvantagem."
Dentro da apertada briga no meio do pelotão, é interessante notar como o desempenho da equipe com mais recursos entre elas, a Ferrari, vem tendo um desempenho melhor, pelo menos no caso de Charles Leclerc. É fato que o time vem trazendo peças novas para o carro, mas é bem provável que as ferramentas de simulação melhores também tragam uma parcela de ajuda para o time de Maranello.
"Também não sei o que eles estão fazendo, mas estas equipes que gastam mais do que a sua vão ter recursos melhores em todos os setores, não importa qual. Fazemos o melhor com o que temos: muita simulação. Mas suspeito que os outros estão fazendo mais", explicou Zak Brown, CEO da McLaren, que viu seu piloto Carlos Sainz chegar a liderar em Portugal e terminar uma volta atrás do vencedor.
Mas quão sofisticadas são essas simulações? Os times de F1 usam mapas 3D gerados por laseres, com todos os detalhes de topografia, cambagem, tipos de zebras, e qualquer detalhe extra que a pista possa ter. Essa informação é jogada no simulador, onde é possível testar diferentes acertos para o carro.
Mas nem são todas as equipes que têm seus próprios simuladores, e as ferramentas usadas não são as mesmas. É aí que os orçamentos até quase quatro vezes maiores de Mercedes, Red Bull e Ferrari fazem a diferença.
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