Talento encontra oportunidade em Imola para Hamilton chegar perto de título
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Ele não tem se contentado em "apenas" dominar a temporada 2020 da Fórmula 1: o mesmo Lewis Hamilton que avisou que a expectativa era de uma corrida morna neste domingo em Imola foi também um personagem central para que a prova fosse bem mais movimentada que o esperado, e ainda roubou a cena da comemoração dos sete títulos da Mercedes, uma marca inédita na história, ao dizer com todas as letras que ainda não decidiu se vai continuar na categoria no ano que vem.
A frase pode ser encarada, como inclusive apontou seu chefe - outro que não tem contrato para 2021 - Toto Wolff como fruto do cansado de uma temporada atípica. Afinal, faz pouco menos que quatro meses que o campeonato 2020 começou, em julho, na Áustria, e a corrida em Imola foi a 13ª etapa. E Hamilton já deu outros indícios nas últimas semanas de que tudo o que mudou para ele e para o mundo com a pandemia o fez, mesmo, repensar algumas coisas.
Porém, é bem verdade que, dentro da pista, Hamilton esteve longe de mostrar qualquer tipo de fadiga ou desinteresse. Longe disso. Mesmo tendo alertado para a dificuldade, que ficou mais que comprovada, de se ultrapassar em Imola, quando caiu de segundo para terceiro na largada, não se rendeu. Cuidou dos pneus para conseguir atrasar ao máximo sua parada, fazendo o contrário do então líder Bottas e de Max Verstappen.
Quando a Red Bull adiantou sua parada para tentar usar a aderência do pneu novo com pista limpa para ficar na frente quando o líder parasse, o que acabou não funcionando, Hamilton pediu para ficar na pista e adotou um ritmo muito forte com pneus usados, com a missão de chegar a uma diferença suficiente para parar e voltar na frente de ambos. Ele estava bem perto de conseguir isso quando saiu um Safety Car Virtual na medida, durante alguns poucos segundos, para que ele parasse e voltasse na frente.
Foi o encontro do talento com a oportunidade, como tem acontecido tão frequentemente com Hamilton. Ainda mais porque Bottas vivia seus próprios dramas. Ele tinha tentado desviar de um pedaço da asa dianteira de Sebastian Vettel ainda na segunda volta, e ele ficara preso no assoalho do carro, tirando 50 pontos de aerodinâmica (algo entre 0s5 e 0s4 por volta). Isso tornava o carro imprevisível nas curvas, o que fez com que Bottas errasse duas vezes e permitisse a ultrapassagem de Verstappen, que depois acabou abandonando muito provavelmente por também ter passado em cima de detritos e furado o pneu, em outra tarde em que a Red Bull chegou bem mais perto da Mercedes do que a tabela do campeonato faz parecer possível.
Aqui o pedaço da asa dianteira da Ferrari que Bottas carregou pela maior parte da prova:
A saída de Verstappen e o consequente acionamento do Safety Car foi decisivo para a tarde de vários pilotos: Perez vinha para um pódio, mas a decisão da Racing Point foi fazer um pit stop e seus rivais diretos aproveitaram para ficar na pista. E o primeiro deles, Ricciardo, foi quem acabou herdando a terceira posição no grid. George Russell vinha na zona de pontuação com a Williams quando errou sozinho, no que classificou como "o maior erro da carreira", perdendo o controle do carro com o pneu frio (mesmo erro de Alex Albon um pouco mais tarde). E os veteranos Vettel e Kimi Raikkonen, que vinham fazendo ótimas provas, tiveram azares diferentes: Vettel viu a Ferrari se atrapalhar em sua parada e Raikkonen tinha acabado de fazer seu pit stop quando Verstappen rodou.
Sem rivais após a saída do holandês, a Mercedes pôde celebrar seu sétimo título mundial justamente na Itália, casa da maior vencedora de todos os tempos, a Ferrari, e também única equipe que conquistou seis mundiais em sequência. Agora é juntar os cacos de um campeonato tão vencedor quanto extenuante para buscar o campeonato de pilotos para Hamilton, que tem grandes chances de vir já na próxima etapa, na Turquia.
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